‘Musa do turismo’, Milena Santos já foi capa de revista e suplente de vereador; Relembre os passos da “Tudo pelo esporte”
‘Musa do turismo’, Milena Santos já foi capa de revista e suplente de vereador; Relembre os passos da “Tudo pelo esporte”
Por Da Redação.
Antes de se declarar como a ?primeira dama do turismo no Brasil?, por casar com o ministro Alessandro Golombiewski Teixeira, recém empossado na pasta, a baiana Milena Silva dos Santos já contabilizava quatro campanhas eleitorais sem sucesso e duas capas elogiadas nas revistas Sexy e Premium.
Com o slogan “Tudo pelo esporte”, ela levou novas cores, olhares e formas de uso aos antes sisudos santinhos e galhardetes espalhados por Salvador. Tentava convencer ideologicamente, com blusa justa e shortinho, tão azul quanto diminutivo, de jogadora de vôlei, a usar a cabeça na hora da urna. Era a emblemática campanha a vereadora, com 20 anos, em 2004, pelo Prona, o mesmo partido de Enéas.
Com quase 4 mil votos na estreia, Milena ficou como suplente. Dois anos depois, tentou vaga na Assembleia Legislativa, e em 2008 e 2012 pediu votos para ser vereadora em Lauro de Freitas. Milena também fez participações no programa Que Venha o Povo, da TV Aratu, atuando como a Malvada do Povo, ao lado de Casemiro Neto.
Em 2006, a jovem concedeu entrevista para a reportagem abaixo. Atendeu a este repórter no lobby do flat onde morava, em Ondina, para uma gravação de 50min47s que resultou no texto a seguir. Sem fugir das perguntas, ela só não quis explicar como pagava a mensalidade da faculdade de Relações Internacionais e nem os custos do apart-hotel. O perfil foi publicado em novembro de 2006, no extinto caderno Correio Repórter, do Correio da Bahia.
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Milena Silva dos Santos, primeira suplente de vereador na Câmara Municipal de Salvador, não costuma fugir de pergunta. Encara os mais espinhosos questionamentos sem fazer cara feia (coisa que, aliás, não é sua especialidade), nem reclama quando é criticada por aparecer em material de campanha vestindo um shortinho sumário e expondo uma barriga cultivada em sessões exaustivas de abdominal. Milena ? ela permite a liberdade de ser chamada pelo primeiro nome sem precisar de um excelência antes ? não pode é ser indagada sobre suas medidas.
Isso mesmo. Se ela não sente constrangimento em comentar as fotos sem roupa para uma revista masculina, o mesmo não pode ser dito quando pede-se que ela revele as dimensões de sua geografia corporal. Dá um sorriso sem graça, requisita até fita métrica, mesmo sabendo que não vai aparecer nenhuma naquele momento. Sustentada por uma sandália de um salto que seria o desespero na visão de qualquer ortopedista, ela teme a revelação dos centímetros exatos de sua altura.
Aos 22 anos, Milena pode assumir uma vaga na Câmara Municipal a partir de janeiro, caso o titular da cadeira onde ela é suplente seja convidado para algum cargo do governo do estado, como ela espera. Se a sua atividade parlamentar ainda é uma incógnita, a certeza é de que o plenário dos vereadores pode ficar bem mais perfumado. Ela não deve abrir mão da indumentária de vitrine de grife só por causa de uma ocupação política. ?Sandália que brilha e ilumina é minha cara?, avisa. Ao contrário da sisudez reinante nos palácios dos três poderes, Milena declara que não vai mudar o estilo de trajar com as calças jeans de cintura baixa que deixam à mostra uma fina, quase imperceptível, marquinha de biquíni na cintura.
?Preciso sair de Salvador para poder me bronzear na praia porque aqui o assédio é demais?, entrega a morena, enquanto alisa mais um pouco as madeixas escuras de um cabelo luminoso que serve como a moldura de graúna para o rosto de ninfeta. ?No dia em que eu não chamar a atenção, vou ficar preocupada?.
MUSA DESNUDA
A vocação para atrair os holofotes parece ser tão natural quanto a facilidade de mexer nos cabelos dando pausa em cada frase. Não precisou se vestir de lâmpadas e nem montar no lombo de um jegue para atrair os olhares em plena efervescência de debates e comícios. Simplesmente tirou a roupa e virou manchete. Abortou uma campanha alegando falta de recursos (tinha feito apenas 600 adesivos com dinheiro próprio) e partiu para a boca-de-urna da divulgação do nu em instantâneos provocantes, com caras e bocas, curvas e supercloses de tirar o fôlego de qualquer eleitor.
As revistas circularam por mais de um mês em bancas de todo o Brasil e renderam uma exposição nacional para a candidata que tem pretensões políticas apenas locais. ?Foi uma estratégia de marketing que deu certo?, reconhece, articulando ainda mais as sílabas para evidenciar a boca carnuda pintada com um batom discreto, em se tratando de contato com a imprensa.
As fotos picantes mostram algumas das nove tatuagens que ilustram sua pele cor de canela. A que mais se destaca é uma fadinha em cima do osso ilíaco (aquele da bacia). Só que a fadinha se descuidou e deixou cair a varinha de condão, ?que foi parar lá embaixo?, como explica a dona das gravuras epidérmicas. Além disso, tem as frases, que são pistas de sua personalidade: na nuca, ?Sexy Girl?; no pé, ?Livrai-me do mal, amém?. Três estrelinhas na orelha, uma orquídea em outro pé, um cavalo alado nas costas e uma estrela no pulso que só é visível sob luz negra desenham as demais intervenções na cútis. Tem também outro coração com o nome do ex-marido, que ela chama de ?falecido?.
Em uma reapropriação de Aristóteles, a revista estampou: ?A mulher é o mais belo animal político?. A ex-candidata achou tudo lindo e maravilhoso. Como cacife político, ela tem apenas os 3506 votos obtidos na primeira campanha a vereadora, dois anos atrás, quando usava shortinho azul, camiseta amarela, chuteira e meião, num traje que causou furor. Como trunfo eleitoral, reúne tudo o que um bom marqueteiro precisa para fazer uma farra no horário gratuito da televisão. Boa dicção, lábios que se avolumam na câmera, olhar de tigresa e, a depender do enquadramento da câmera, seios turbinados por mililitros de silicone não informados.
Nascida em 16 de maio de 1984, não registrou nenhum bem na declaração feita à Justiça Eleitoral. Atualmente, mora em um apart hotel na orla de Salvador e pede para não ter o endereço informado com medo de perder a privacidade. Ela só não tem receio de antecipar os planos de carreira: primeiro, vereadora, deputada estadual e depois prefeita de alguma cidade do interior que a acolher com um bom número de votantes. ?Aqueles que param pelos caminhos da vida são pisados por aqueles que caminham sem parar?, filosofa, com uma frase progressista de fazer inveja a qualquer discípulo de Juscelino Kubitchesk.
NOVÍSSIMO FEMINISMO
É o tipo de postura decidida que encanta o antropólogo Roberto Albergaria, ultimamente dado a intérprete do novíssimo feminismo baiano. ?Daí o caso de Milena, uma mocinha remediada que tem ambições na vida, como a maioria de nossas encalçoladas semelhantes. Mais uma ´formosa sem dote´ que buscou na política um meio de subir na vida, de se dar bem. Representa um novo tipo de padrão de gênero, uma nova figura da mulher baiana neste início de século XXI, nesta modernidade líquida, ou pós-modernidade… Diferentemente das mulheres tradicionais (de antigamente: do tempo das nossas avós), que tinham no casamento a garantia da ascensão social, da segurança material e da realização emocional?.
Em outras palavras, o professor está elogiando a tenacidade da moça em buscar a chance de uma verba indenizatória, sem precisar ficar por trás do sobrenome de algum marido importante. Aliás, a musa das urnas não se mostra muito interessada em matrimônio, ou coisa do gênero. Era noiva de um rapaz de 24 anos, mas sempre afirmava que ele não aguentaria o ritmo da campanha. Nem precisou chegar à rotina de comícios e assédios dos eleitores. Foi só a revista sair nas bancas e o cara pedir o próprio impeachment do cargo de chefe de seu gabinete. ?Eu apenas respondo, se não guenta, pra que veio??.
Na época da divulgação da revista, Milena atendeu a muitas entrevistas e participou de bate papo na internet. Em um deles, respondeu a um questionamento de um fã mais empolgado que queria saber a possibilidade dela protagonizar uma produção mais escandalosa do que cuecão cheio de dólar ou churrasqueiro comprando dossiê. ?Não tenho preconceito, mas eu não participaria de filme pornô. Acho que é uma coisa que retrata muito o seu íntimo e meu íntimo é muito pessoal, não consigo confundir as coisas?, descartou. ?Não tenho nada contra?, completou.
A apimentada suplente de edil contabiliza pelo menos sete comunidades em sua homenagem no site de relacionamentos orkut. Algumas mais ideológicas, por assim dizer, como ?Em 2006, meu voto é Milena?. Outras, bem libidinosas, como ?Eu vou em Milena?. Se ela é boa candidata ou candidata boa, pelo visto, depende muito da visão do eleitor.
Prestes a concluir o curso de Relações Internacionais, também estudou Estratégia Política na Escola Superior de Guerra das Forças Armadas. A convivência na faculdade rende muito mais do que trabalhos em grupo, seminários e palestras. Ela sabe que não é uma universitária comum quando os calouros se aglomeram na porta da sua turma só para ver quem é ?Milena-tudo-por-esporte?. Na lide extraclasse, reclama da marcação das colegas, que chegaram a pedir para ela ser jubilada por ter feito as fotos na revista.
Apresentando-se como adepta das artes marciais, Milena deu um tempo na malhação por causa da correria, mas planeja o retorno ao convívio da academia em um mês. ?Para ficar de novo tudo por esporte?, sorri, faceira. Estudante de uma faculdade particular, inquilina de um hotel de classe média alta, a jovem admite que não está trabalhando em nada fora da política. Sem atividade profissional definida, vai sonhando com o diploma de posse na Câmara ou com as futuras campanhas. Milena Silva dos Santos, depois de muita conversa, sente-se à vontade para confidenciar a própria altura: 1,57m. ?Mas não coloque isso aí, não, por favor?, pede a baixinha, fazendo o mesmo beicinho que conquistou alguns milhares de votos.
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