MPBA deflagra operação contra o jogo do bicho e aponta esquema de lavagem de R$ 5 bilhões
Esquema do jogo do bicho e jogos de azar é comandado por uma rede criminosa vinculada à organização conhecida como ‘Paratodos’
De 2010 a 2020, 23 empresas foram utilizadas como fachada em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de R$ 5 bilhões com jogo do bicho e máquinas caça-níqueis na Bahia. O sistema era comandado por uma rede criminosa vinculada à organização de jogos de azar conhecida como ‘Paratodos’. A investigação, instaurada pelo Ministério Público da Bahia, culminou na ‘Operação Lei Para Todos’, deflagrada nesta quarta-feira (18), pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco).
O esquema funcionava por meio de três núcleos distintos: o do jogo do bicho, o das máquinas caça-níqueis e o do bicho eletrônico, sendo liderados, respectivamente, por Adilson Santana Passos Júnior e Leandro Reis Almeida, filhos e sucessores dos fundadores da 'Paratodos' (Adilson Passos e José Geraldo); Augusto César Requião da Silva; e Maria Tereza Carvalho Luz e Frederico Pedreira Luz.
A investigação indica Augusto César como o principal responsável pela operação do jogo ilegal no estado. Ele, junto com José Luiz de Oliveira Simões, outro denunciado, é sócio da empresa OM Recreativo Administração e Locação Ltda, cujo endereço foi identificado como a "fortaleza do jogo do bicho", localizada inicialmente no bairro da Liberdade, em Salvador, e posteriormente transferida para a Avenida Otávio Mangabeira, em Pituaçu.
Ambos os locais eram fortemente protegidos por muros altos, câmeras de segurança e vigias armados. A sigla "OM" também foi encontrada nas máquinas caça-níqueis apreendidas durante as investigações.
Segundo a denúncia, cada núcleo tinha uma função específica dentro do esquema: o primeiro controlava o jogo do bicho tradicional; o segundo explorava as máquinas caça-níqueis, inclusive com contrabando das peças utilizadas nelas; e o terceiro se encarregava de modernizar o jogo do bicho por meio do sistema eletrônico de apostas, conhecido como "bicho eletrônico", operado principalmente pela empresa Projeta Tecnologias e Projetos Ltda.
Confira a lista dos denunciados:
Adilson Santana Passos
Adilson Santana Passos Júnior
Augusto César Requião da Silva
Frederico Pedreira Luz
Joana Mascarenhas Requião da Silva
João Carlos Pinto
José Geraldo de Sousa Almeida
José Fernando de Carvalho Júnior
José Luiz de Oliveira Simões
Júlio Vinícius Reis Almeida
Leandro Reis Almeida
Leonardo Reis Almeida
Marcos Augusto Pinto
Maria Teresa Carvalho Luz
No último dia 9, a Justiça recebeu a denúncia do MPBA contra 14 pessoas, e determinou o bloqueio de valores bancários e bens. Foram confiscados judicialmente, até o momento, 91 veículos, em um valor total estimado de R$ 13 milhões, bem como 58 imóveis, os quais, somados, chegam ao total de aproximadamente R$ 55 milhões.
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Além deles, ainda foram expedidos ofícios para a apreensão de 13 lanchas, três motos aquáticas, um iate e 18 aeronaves. Nas contas bancárias, foram bloqueados cerca de R$ 92,8 milhões.
As 14 pessoas que foram denunciadas pelo crime de lavagem de dinheiro e aparecem, ao longo dos 10 anos, como sócios das 23 empresas. Parte delas funciona para inserir o dinheiro do jogo do bicho e da exploração de máquinas caça-níqueis na economia formal; outra parte, para blindagem patrimonial, por meio da mescla dos recursos ilícitos da jogatina com recursos lícitos, obtidos com a exploração de atividades econômicas formais.
As investigações apontam elevação patrimonial significativa dos envolvidos, chegando a saltar de R$ 9 milhões para mais de R$ 65 milhões em nove anos, em um dos casos.
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