“Manjuba ou Rabo Aberto?”: já escolheu o peixe que vai comer neste feriado?
“Manjuba ou Rabo Aberto?”: já escolheu o peixe que vai comer neste feriado?
Por Da Redação.
Na busca pelo peixe, produto bastante consumido no feriadão da Páscoa, muita gente enfrenta longas filas para garantir que ele esteja presente em sua mesa. Se não for milenar, a tradição, no mínimo, remonta o tempo em que você, lendo essa matéria, ainda era uma criancinha.
Geralmente, essa é uma época em que a pechincha do consumidor é grande, até porque, os preços do produto estão longe de ser pequenos. Alguns privilegiados já saem de casa, sabendo o que vão comprar. Outros, por estarem com a grana curta, ou por não serem bons conhecedores da variedade de peixes ofertada, se deparam com dificuldades.
Imagine, então, como ficaria confuso um cidadão, desavisado, que ao chegar no mercado, ouvisse a seguinte frase do vendedor: senhor, temos aqui “um rabo aberto” fresquinho e barato, venha conferir!
Pior seria, abordar a madame com uma oferta, aparentemente, mais ousada: a senhora não quer levar uma manjuba?
Parece brincadeira, mas rabo aberto e manjuba são, mesmo, nomes de peixes. Porém, todo cuidado é pouco! A forma com que as frases, acima, foram construídas, pode dar margem a interpretações dúbias e criar algum constrangimento na comunicação. Um baiano bem humorado poderia largar um “lá ele” como resposta, mas a depender de quem receba a informação, a réplica pode ser menos simpática.
Pensando nessas situações desconfortáveis e nesses nomes curiosos e complicados, atribuídos a certos pescados, relacionamos alguns e comprovamos com um “especialista do mar”, que os bichinhos, realmente, existem. Nossa reportagem bateu um papo com Nélson dos Santos, 72 anos, o famoso “Pai Velho”. Ele pescou por mais de 50 anos e é ex-presidente da Colônia de Pescadores Z-6, de Itapuã.
“O rabo aberto é um peixe da família do vermelho, que se destaca dos outros da espécie por ter o rabo mais abertinho”, explica o experiente pescador. Para a surpresa de muitos, segundo ele, a manjuba é simplesmente a petitinga, um peixe que não cresce muito e é bem saboroso, quando preparado frito e servido ao molho tártaro.

Pai Velho é ex-presidente da Colônia de Pescadores de Itapuã. Foto: Aratu On
Pirarucu e pacu são mais dois nomes estranhos. “Esses a gente aqui de Salvador conhece muito de ouvir falar, mas são encontrados mais em águas de rios, principalmente no Amazonas”, disse. “O pacu, eu sei que se chama assim, por causa da boca redondinha”, acrescentou, sorrindo, o pescador.
Quem não se assustaria em ouvir alguém dizer que acabou de comer uma cachorra? Calma! Pai Velho explica: “os pescadores dão esse nome porque o peixe tem muitos dentes afiados e costuma morder a gente depois de fisgado”, relata. “Se vacilar, morde até depois de morto”, brincou.
IGREJA NÃO OBRIGA O CONSUMO
Apesar da tradição, comer peixe na Semana Santa não é uma obrigatoriedade imposta pela Igreja Católica, como muitos pensam. Há dois anos, nossa reportagem constatou isso, quando o consumo do pescado, naquela Páscoa, se deu em um clima de extrema preocupação, já que acontecia, na Bahia, uma epidemia relacionada com o alimento, que havia vitimado dezenas de pessoas.
Na oportunidade, o pároco da Catedral Basílica, Lázaro Muniz, disse que não há uma recomendação para fazer o consumo do peixe na Semana Santa. ?A prescrição é abster-se da carne e fazer a vivência da austeridade da fé?, informou o padre, acrescentando que a orientação é para que seja feita uma experiência espiritual que nos leve a romper com coisas que nos relacione com os prazeres do mundo, no momento em que é lembrado o sacrifício de Jesus Cristo .
Ainda de acordo com o sacerdote, o peixe passou a ser muito utilizado por se tratar de uma carne branca e de pouca referência com o sangue, ?mas os fiéis podem fazer uso de outros alimentos como ovos e verduras, até porque se encher de peixe é também um pecado, principalmente, da forma como é feito: com muito dendê e outros acompanhamentos?, lembrou.
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