Jovens abordados pela Rondesp aparecem mortos e familiares recebem vídeos dos corpos; protesto fecha comércios na Barroquinha
As duas vítimas teriam sido mortas por uma guarnição da Rondesp, segundo os familiares.
O comércio da Avenida J. J. Seabra, na Barroquinha, em Salvador, um dos mais tradicionais da capital baiana, foi fechado na manhã desta sexta-feira (20/9). Tudo teria começado com a morte de dois jovens que, segundo moradores, foram executados pela Polícia Militar. Houve um protesto e a corporação teve de usar spray de pimenta.
Segundo testemunhas, tudo começou na tarde de domingo (19/9). Jorge Luis Silva Nascimento, apelidado de "Júnior", 24 anos, e Jamilton Bispo da Silva, ou "Vitor", 22 anos, teriam ido à praia quando, no caminho, foram abordados por uma guarnição da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp BTS).
Eles foram levados à delegacia e, segundo a PM, foram reconhecidos por um cobrador como uma dupla que assaltou um roubo no dia anterior. Depois, a guarnição alega que o caso ficou a cargo da Polícia Civil. Porém, durante a madrugada, o corpo dos dois jovens foi "desovado" na BR-324, próximo à região conhecida como Brasil Gás.
Um vídeo que mostra as vítimas começou a circular nas redes sociais e, por volta de 9h, foi recebido por familiares de Jorge e Jamilton, que tinham notado o desaparecimento. As imagens são fortes e não serão reproduzidas na matéria.
Os parentes e amigos, então, resolveram fazer uma manifestação, fechando a pista. Por conta do ato, viaturas do 18º Batalhão da Polícia Militar (BPM/Centro Histórico) voltaram ao bairro e, na tentativa de conter o protesto, utilizaram spray de pimenta e bala de borracha. Pelo menos duas pessoas teriam se ferido.
Na versão dos familiares, a Rondesp teria executado as vítimas e agora estaria impedindo o protesto para encobrir o ocorrido. pic.twitter.com/gXjwaJWP1C
— Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) September 20, 2021
Alguns vídeos enviados à redação do Aratu On mostram a ação da PM e os moradores com medo. Com o confronto, os comerciantes decidiram fechar o comércio e não há previsão de que as lojas voltem a abrir. Outra versão é de que traficantes do bairro teriam mandado que os empresários fechassem as portas, mas familiares dos dois negam.
Os parentes dizem ainda que, com medo, os comerciantes teriam fechado as portas das lojas na Avenida J. J. Seabra. A outra versão, porém, é de que seria um toque de recolher imposto por traficantes por conta da morte de aliados. Mais informações em breve. pic.twitter.com/ejfX7wl64V
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As duas vítimas deixam filhos: Jorge tinha um filho de pouco mais de um ano e Jamilton tinha uma menina de três anos. Os moradores contaram que eles eram muito queridos onde moravam, na região do Gravatá, e não tinham envolvimento com o tráfico de drogas.
*Atualizada às 17h19
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