Japonês é absolvido de assassinatos após quase 60 anos no corredor da morte
Novo julgamento reconheceu falsificações de evidências na investigação de um assassinato quádruplo em 1966
O Tribunal Distrital de Shizuoka, no Japão, absolveu o ex-boxeador Iwao Hakamada de quatro assassinatos ocorridos em 1966. O japonês, hoje com 88 anos, foi condenado à morte em setembro de 1968 e aguardava a execução desde então. Ele era considerado o preso com mais tempo no corredor da morte pelo Guinness World Records.
Hakamada trabalhava em uma fábrica de processamento de missô quando os corpos de seu chefe, da esposa e dos dois filhos do casal foram encontrados carbonizados na casa da família. Exames periciais apontaram que os quatro foram esfaqueados até a morte e que, posteriormente, alguém havia ateado fogo no imóvel para encobrir o crime.
Mais de mil policiais foram acionados para auxiliar na investigação, que descobriu que o autor dos assassinatos havia roubado 200 mil ienes em dinheiro. Em um mês de apuração, Hakamada tornou-se o principal suspeito no caso, quando os investigadores encontraram vestígios de gasolina e de sangue em um de seus pijamas.
Inicialmente, Hakamada negou as acusações. Uma maratona de interrogatórios e sessões de espancamentos, contudo, levaram a uma confissão inicial – a qual foi desmentida pelo próprio japonês durante a primeira audiência do caso, em novembro de 1966. Mesmo preso, ele disse que foi coagido a confessar o crime e se alegou inocente.
O caso voltou ao foco quando, 14 meses depois, outras cinco peças de roupa manchadas de sangue foram encontradas em um tanque de missô onde Hakamada trabalhava. Os investigadores alegaram que o japonês havia usado as peças durante o crime.
A equipe de defesa rejeitou as provas, argumentando que o DNA recuperado nas roupas não correspondia ao de Hakamada e que as peças teriam perdido a cor se estivessem no tanque por mais de um ano. Os advogados chegaram, até mesmo, a sugerir que a polícia poderia ter plantado as evidências para incriminar o japonês.
O argumento foi ouvido pelo Tribunal de de Shizuoka, que, ao analisar um recurso da defesa em 2014, observou que "as roupas não eram as do réu". Aos 78 anos, Hakamada foi libertado da prisão e recebeu a possibilidade de um novo julgamento.
Em junho de 2018, no entanto, o Supremo Tribunal de Tóquio anulou a decisão que libertou Hakamada. Apesar da determinação, o japonês foi autorizado a cumprir a pena de casa devido à sua idade, até que o caso retornasse à Suprema Corte. Em março de 2023, a Suprema Corte exigiu a realização de um novo julgamento.
O caso voltou ao Tribunal de de Shizuoka no fim do ano passado e contou com uma nova averiguação das evidências. Hoje, além de considerar Hakamada inocente, a Corte também concluiu que as principais provas dos promotores foram fabricadas.
Junto com os Estados Unidos, o Japão é o único país do G7 que ainda impõe a pena de morte, com prisioneiros sendo notificados de suas execuções com apenas alguns dias ou horas de antecedência. A absolvição de Hakamada faz dele o quinto condenado à morte a ser considerado inocente em um novo julgamento na história do pós-guerra do Japão.
Problemas de saúde
Hakamada desenvolveu diversos problemas de saúde devido ao longo período que esteve em confinamento solitário, esperando pela execução. Familiares afirmam que o ex-boxeador sofre de uma doença mental chamada Síndrome de Ganser – um raro distúrbio dissociativo que envolve comportamento estranho e alucinações.
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