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Ex-chefe de produção do BBB vira réu por importunação sexual a candidata do reality

Aline Vargas, de 35 anos, procurou a Polícia Civil, em Belo Horizonte, em maio de 2021 e declarou ter sido vítima de assédio, na pré-seleção do BBB 22

Por Da Redação

Ex-chefe de produção do BBB vira réu por importunação sexual a candidata do realityCréditos da foto: Redes Sociais
SBT News

Um ex-chefe de produção da TV Globo que atuava no Big Brother Brasil virou réu acusado pelo crime de importunação sexual. A abertura do processo penal saiu três anos depois da acusação feita por uma candidata à vaga nas seletivas do BBB.


Aline Vargas, de 35 anos, procurou a Polícia Civil, em Belo Horizonte, em maio de 2021 e declarou ter sido vítima de assédio, na pré-seleção do BBB 22. O crime teria ocorrido em contatos diretos feitos por ela com então produtor do programa – que está em sua edição 24.


O acusado foi Wladimir Santos e Souza. Em dezembro de 2023, ele foi notificado por um oficial de Justiça, no Rio de Janeiro, onde reside. Com a intimação, a ação penal começou a tramitar na última semana, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG).


Wladimir Santos, conhecido como Wlad na Globo, vai ser ouvido no processo. Em um documento da defesa, ele negou as acusações e as classificou como uma "ficção".


[caption id="attachment_296253" align="alignnone" width="640"] Foto: SBT News[/caption]

Procurado por intermédio de seus advogados, ele não se manifestou. Se condenado, Wlad pode ter pena de até oito anos de prisão – máximo estabelecido para o crime.


O réu foi denunciado pelo Ministério Público Estadual de Minas em agosto de 2023. Sem alarde, no dia 26 de setembro, Wladimir Santos foi colocado no banco dos réus pelo crime de importunação sexual – crime mais grave que o assédio sexual, tipificação inicialmente registrada no inquérito da polícia.


Aline Gomes Vargas Oliveira estudava odontologia e buscou a Polícia Civil, em maio de 2021, após o contato com o acusado. Candidata a vaga em duas edições do BBB, Aline afirmou que Wlad tentou obter imagens nuas dela, em conversas por aplicativos de celular.


MENSAGENS E FOTOS


O SBT News teve acesso ao processo penal. Há cópias das telas do celular da vítima, trocas de mensagens, prints das conversas, arquivos de fotos e vídeos e os pedidos de "nude". A reportagem consultou também o inquérito da polícia, o laudo pericial, a denúncia do Ministério Público, a ação penal pela Justiça e conversou com Aline.


A ação penal tem ainda dois pen drives, que Aline entregou à polícia e foram periciados, o termo de declaração da vítima, entre outros elementos.


"Manda nude" – registra uma mensagem enviada por Wlad pelo WhatsApp.


"Pedi uma sex para mim" – escreve em outra mensagem. "Cadê minha foto?".


Aline procurou a polícia no dia 15 de maio de 2021. Disse que um ano antes fez a primeira inscrição para o BBB 21.


"Em 27 de outubro recebeu a devolutiva com a informação sobre a sua seleção para a seletiva, que se daria através da participação em entrevista virtual – já que as presenciais haviam sido suspensas em razão da pandemia", registra a defesa de Aline Vargas, em documento de abril de 2023, quando cobrou o desenlace do inquérito.


[caption id="attachment_296254" align="alignnone" width="640"] Foto: SBT News[/caption]

A vítima informou que não foi chamada, mas se inscreveu novamente, em 20 de abril de 2021, para o BBB 22.


Segundo Aline, as trocas de mensagens começaram menos de um mês depois, em 14 de maio. Primeiro pelo direct do Instagram e depois pelo WhatsApp.


Depois de ter iniciado conversas, ter inclusive enviado presente – um charuto e uísque – para Wlad, e ele pedir fotos e sugerir relação entre eles, ela recusou as propostas. Foi quando ele teria mudado o tom.


Depois, ele negou a participação de Aline no programa, quando ela se recusou a enviar as imagens nuas e ter dito que era casada. "Você é casada, não é um perfil que agrada" escreveu.


PROCESSO PENAL


O início do processo penal é uma vitória para Aline Vargas, que, desde 2021, aguardava a decisão da Justiça. O boletim de ocorrência da Polícia Civil de Minas, registrado em maio daquele ano, só chegou ao relatório final em julho de 2023.


"Foi uma luta, iniciada em 2021 e que virou processo só agora, em uma denúncia que inicialmente era de assédio sexual. Porém, no final de 2023, ela foi aceita como importunação sexual, devido ao material", afirmou Aline Vargas, ao SBT News.


"Recebi com alegria a notícia. Claro que a gente não fica feliz por ter passado por uma situação dessa, mas é um passo para que justiça seja feita. Espero que ela seja feita, porque não existe dúvidas que realmente aconteceu a importunação sexual".



A defesa de Aline Vargas procurou a Justiça para cobrar um desfecho em abril de 2022 e abril de 2023. "O inquérito teve início há quase dois anos e segue aguardando a oitiva do investigado, oitiva essa, desnecessária, inclusive, diante de todos os documentos juntados", protestou a defesa, em pedido de 11 de abril de 2023 – similar ao apresentado em 2022.
"A falta de resposta à vítima acaba por inseri-la em processo de revitimização. Não há razoabilidade alguma nesse lapso temporal sem que nenhuma providência tenha sido efetivamente adotada. Aline se encontra muito abalada emocionalmente. Perdeu o emprego, se separou do marido e teve a vida virada do avesso", diz manifestação da defesa de Aline Vargas.


A vítima só foi ouvida pela Polícia Civil em 6 de julho de 2023, como parte das investigações. Afirmou que depois do episódio, ficou abalada, com problemas de saúde e havia se separado do marido. Antes disso, Aline prestou a declaração que serviu para registro de ocorrência de crime, na delegacia de Belo Horizonte, em 2021.


"Eu achava que não ia ter... (um desfecho, o inquérito) primeiro pela lentidão, ficou de 2021 até 2023 (...) eu achava que podia acontecer, por ser a Globo", disse Aline Vargas.


Ao SBT News, Aline afirmou que Wlad era "próximo do comando" do programa e também um chefe da área de produção e elenco. Arrolou como testemunhas três pessoas, entre elas, a ex-BBB 15 Fran, que deve ser ouvida pelo juiz. Juntou também imagens e vídeos em que Wlad aparece ao lado de diretores, de seu perfil em redes e também o registro de seu nome nos créditos finais do BBB 22.


Quando a denúncia foi tornada pública, a TV Globo divulgou nota em 2021 aos órgãos de imprensa. Informou que "o colaborador em questão não está mais na empresa". "Aproveitamos para reiterar que temos um Código de Ética, que deve ser seguido por todos nossos colaboradores, e uma ouvidoria pronta para receber quaisquer relatos de violação ao Código. Todo relato é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento e as medidas necessárias são adotadas", dizia o comunicado.


A TV Globo foi procurada pela reportagem do SBT News, nessa quarta-feira (14), e ainda aguarda resposta.


Dois anos depois da acusação da vítima, com laudo pericial, novas provas, mas ainda sem ouvir Wladimir Santos, a delegada Ana Paula Lamego Balbino, da Delegacia Especializada de Combate à Violência Sexual, apresentou o relatório final, em 11 de julho passado. A delegada "deixou de indiciar" o acusado.


O Ministério Público, no entanto, denunciou Wladimir Santos Souza à Justiça, em 28 de agosto de 2023, por crime de importunação sexual.


"O denunciado, agindo livre, voluntária e conscientemente, praticou ato libidinoso contra a vítima Aline Vargas Gomes Ferreira, sem a sua anuência, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia", trecho da denúncia do MP contra o ex-Globo.


Em mensagem enviada em 15 de maio de 2021, ao se manifestar em relação a fotos enviadas pela vítima Aline, o denunciado, visando a satisfação do seu desejo sexual, escreveu: "Mande uma nude para mim", destaca a denúncia do MP.


Na denúncia, os promotores Joana Paula Primeira de Resende Pinto e César Augusto dos Santos registram ainda que não foi oferecido benefício ao réu de um acordo de não persecução penal, por envolver crime grave.


O juiz José Xavier Magalhães Brandão, da 11ª Vara Criminal de Belo Horizonte aceitou a denúncia do MP em 26 de setembro. Com a decisão, ele abriu a ação penal e deu prazo de dez dias para que as partes, acusação e defesa do réu, se manifestem. O prazo começa a valer somente após as intimações. O réu foi oficiado pela Justiça do Rio no início de dezembro, durante o recesso forense.


Um relatório da Polícia Civil de Belo Horizonte, que deixou de indiciar o acusado, é usado pela defesa como prova de sua inocência. Procurado pela reportagem, ele ainda não se manifestou.


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