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Esposa de bolsonarista que atirou em petistas disse que não houve motivação política; "voltou para tirar satisfação"

Ela diz que marido fazia ronda, apesar de não ser policial militar, e ficou "transtornado" após ser xingado

Por Da Redação

Esposa de bolsonarista que atirou em petistas disse que não houve motivação política; "voltou para tirar satisfação"Créditos da foto: redes sociais

O ataque do policial penal bolsonarista ao guarda civil petista na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, ganhou mais um capítulo: a mulher do suspeito decidiu falar. Durante a entrevista, concedida ao Jornal Gazeta do Povo, ela defendeu que não houve motivação política, apesar de falar que Jorge José da Rocha Guaranho passou de carro ouvindo músicas a favor do presidente Bolsonaro no local do aniversário.


“Eu queria frisar que não tem nada a ver com política, que essa questão de política está extremamente fora do contexto, não tem nada a ver com um ato ou briga política. Foi um acaso, uma fatalidade para as duas famílias”, defendeu a mulher, que pediu para não ter o nome divulgado. 


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Guaranho segue internado em estado grave, enquanto Marcelo Arruda morreu no local. “Ninguém esperava isso, foi um acaso, um momento de bobeira que aconteceu, não tem nada a ver com política. O Guaranho era de direita, ele era apoiador do Bolsonaro, mas nunca participou de carreatas, de nenhuma passeata, ele não fazia parte de partidos políticos, associações políticas ou coisas assim, ele gostava de acompanhar política nas redes sociais, mas ele não era fanático a ponto de fazer qualquer loucura”, continuou a defesa.


RONDA


Na versão dela, o marido teria ido à Associação Recreativa Esportiva Segurança Física Itaipu (Aresfi), onde acontecia o envento, para fazer uma "ronda". Guaranho, que não é policial militar e estava com esposa e um bebê de dois meses no carro, é associado ao clube e estaria preocupado com assaltos na região. "Era de praxe o pessoal que era associado fazer ronda, porque já houve alguns furtos no local", relatou a esposa do atirador.


Apesar de estar dirigindo, ele já havia bebido "apenas três chopes", segundo a mulher. No carro, a familia escutava em alto volume uma múscia cujo refrão cantava "o mito chegou e o Brasil acordou". Segundo a esposa, ao ouvir o som, os participantes do aniversário teriam se incomodado e teriam começado a gritar.


“Eles tinham atacado pedra e terra contra o carro, falavam que eram policiais, achei que poderiam atirar, eu pedi calma e nisso meu esposo acelerou o carro e foi embora. [...] Em momento algum meu marido sabia que estava acontecendo uma confraternização do PT ali. Ele passou para fazer uma ronda, eu mesma fui algumas vezes com ele nessas rondas”, reafirmou.


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PEDRAS


Foi quando Jorge José da Rocha Guaranho, segundo a versão da esposa, fez o retorno com o carro e gritou: "Bolsonaro mito!". "Quando chegamos em frente da Aresf, o pessoal lá de dentro ouviu [a música] e começaram a gritar com palavras de baixo escalão [sic], xingando. Meu esposo falou assim ‘Bolsonaro mito’, aí ele veio [o guarda municipal Marcelo Arruda] e tacou a terra e a pedra na gente. Ele começou a mandar sairmos de lá, que lá estava cheio de polícia e tudo mais, e a xingar. Aí que eu abri a porta do carro e falei para ele ‘por favor moço, eu estou com meu filho'", relatou.


A mulher do policial penal confirma que Guaranho chegou a fazer menção de que estava armado, mas negou que ele tivesse ameaçado o grupo. “Depois que ele foi agredido pela pessoa que jogou a pedra e a terra dizendo que ali estava cheio de polícia, ele sempre sai armado por proteção, ele mostrou a arma e disse que também era polícia, só ergueu [a arma] e falou ‘eu também sou polícia’”, acrescentou.


"TIRAR SATISFAÇÃO"


“Ele [o policial penal] ficou muito transtornado com a situação (...) ele ficou muito nervoso, ele falou que ali é o local dele, que ele joga futebol ali, que foi ameaçado por nada, que a família dele foi ameaçada, que ele queria voltar ali para tirar satisfação. Porque o cara fez isso com ele e com a família dele. Eu até pedi e implorei para ele não voltar [ao local da festa], para deixar isso quieto, mas ele acabou querendo voltar para tirar satisfação”, narrou, 


Guaranho deixou a esposa e o bebê em casa, numa residência próxima à associação e voltou ao lugar, sozinho, com uma arma. A esposa do suspeito alega que o aniversariante o recebeu armado. “Só pelas imagens eu vi que ele chegou lá e o Marcelo já estava esperando ele com a arma apontada. Se ele [Guaranho] quisesse fazer alguma coisa, ele não iria voltar sozinho ou não iria voltar, ele sabia que o pessoal ali estava armado, que era policial”, lembra.


A companheira disse que o marido é um homem “extremamente tranquilo”  e que, nos quatro anos juntos, nunca o viu sacando a arma ou agredindo alguém. “Estou tão surpresa quanto outras pessoas, quem conhece ele sabe que ele é uma pessoa do bem. Não é do feitio dele, passou em vários concursos públicos, é uma pessoa instruída, está há 12 anos de órgão [Polícia Penal Federal], acabou de ser pai, foi pai há dois meses, ele não iria jogar tudo isso fora”, considerou. Marcelo havia tido uma segunda filha 40 dias antes de ser morto.


ITENS PESSOAIS


A mulher contou ainda que soube do ataque do marido por WhatsApp. “Eu moro perto [da Associação] e tem um grupo [de troca de mensagens] da Vila A, de segurança, no momento que houve os disparos eles mandaram no grupo e quando mandaram eu já deduzi que era ali no local e me desesperei”, diz.


Ela percebeu que a bolsa do bebê havia ficado no carro. “Eu pedi para o meu tio [após o ocorrido] ir lá buscar e eles bateram no meu tio, não deixaram pegar a bolsa dentro do carro, quem se identificava como parente ou quisesse mexer no meu carro, que fosse da nossa família, eles agrediam, estava todo mundo muito transtornado”, denunciou. Ela também disse não ter ido ao hospital nas horas seguintes ao ocorrido e deixou sua casa por medo.


PSICÓLOGOS


“Ele nunca precisou ir ao psicólogo, nem ao médico ele precisava ir”, disse a esposa, acrescentando que o marido nunca precisou de auxílio psicológico, mesmo com o estresse da profissão, não tomava medicamentos e que trabalhava na parte administrativa da penitenciária, sem contato direto com os detentos.


A esposa disse ainda não saber se o marido se envolvia em embates políticos e discussões mais acaloradas sobre o tema, mas que tem "amigos e parentes petistas". "Em redes sociais não sei, mas pessoalmente nunca, na minha família existem muitas pessoas que são [eleitores] do PT e nunca teve nenhum problema, minha mãe votava no Lula, meu padrasto, eles não são do Bolsonaro e cada um respeita seu partido político. Se ele tivesse essa intolerância com o PT, ele não iria nem falar com a minha mãe, com meu padrasto, para ele isso era tranquilo”, defendeu.


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