Com menos de 100 mil habitantes, cidades baianas convivem com violência de metrópole e segurança de distrito; Veja ranking
Com menos de 100 mil habitantes, cidades baianas convivem com violência de metrópole e segurança de distrito; Veja ranking
São doze crimes contra a vida em seis meses. Essa é a triste realidade que vive a população do município de Prado, a 794 km de Salvador, no sul do Estado. O número é relativamente baixo para este tipo de ação nos padrões das grandes cidades baianas, a exemplo de Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista. Porém, quando se leva em consideração o número de habitantes local, a preocupação aumenta.
Nesta reportagem vamos mostrar a guerra sangrenta que acontece nos pequenos municípios – com menos de 100 mil habitantes – e não é divulgada massivamente. São dados extraoficiais obtidos fora dos registros da Secretaria da Segurança Pública (SSP), que diz precisar de um prazo excessivo para levantar estes dados. Tal levantamento foi feito com depoimentos de habitantes e jornalistas de cada cidade citada nos próximos parágrafos.
Não coincidentemente vamos começar por Prado, que logo chama a atenção pelo número de atentados contra a vida. A cidade é uma área litorânea, mas passa longe das trilhas turísticas que encantam quem visita a Bahia. Os cerca de 29 mil habitantes contam com a força da segurança pública desproporcional até para seu tamanho.
São dois policiais civis, sendo a delegada e o investigador, além de dois policiais militares que pertencem à 88ª Companhia Independente (CIPM/Alcobaça).
A delegada de Prado, Rosângela Santos, está há nove anos no cargo. Ela reconhece a alta taxa de homicídios no local e afirma que o ‘problema’ tem relação direta com o tráfico de drogas. “É a guerra que se instala na cidade até pelo fato de a mesma ficar a cerca de 80 km do presídio de Teixeira de Freitas”, comenta.
OUTRAS CIDADES
O primeiro município com menos de 100 mil habitantes é Valença, no Baixo-Sul da Bahia. Cerca de 97 mil pessoas vivem na cidade que tem uma coordenadoria de Polícia Civil, a 5ª Coorpin, e uma Companhia Independente da Polícia Militar, a 33ª. O aparelhamento das forças de segurança podem ter contribuído para o número de mortes: 26. Destes, 12 foram solucionados. A estatística foi passada pelo delegado local, Marcival Lima.
Na comparação Prado-Valença a diferença aparece. O número de mortes na cidade litorânea (12) é quase duas vezes menor que Valença. Isso seria uma noa notícia se o número populacional não fosse levado em conta.
Para isso, mostraremos uma comparação prática: Se todos os habitantes de Prado se juntassem em um único espaço não conseguiriam lotar o Estádio Manoel Barradas (Barradão), em Salvador. Caso os moradores de Valença fizessem o mesmo, não só lotaria duas vezes o espaço como também esgotaria os ingressos da Arena Fonte Nova.
Na Bahia, existem 417 municípios. Destes, ainda segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 399 têm menos de 100 mil habitantes. Com o método utilizado por essa reportagem – sem os dados e gráficos da SSP – é humanamente impossível listar qual a cidade que registra o maior número de mortes levando em consideração sua população.
Porém, a certeza é que Prado precisa de uma atenção maior das autoridades.
SOLUÇÃO
O comandante da 88ª CIPM, major Dourival Dantas, também reconhece o clima inseguro de Prado, mas relata que operações estão sendo feitas na cidade para diminuir o número de crimes. “A Polícia Militar de prado trabalhava praticamente sozinha, já que a Polícia Civil tinha o investigador e a delegada que responde pela cidade. Estamos fazendo blitzes e operações. Nos finais de semana, policiais de Alcobaça reforçam a segurança”, detalha.
O comandante diz que cinco agentes trabalham na cidade, sendo três na área rural e dois na área urbana. A delegada Rosângela aponta duas possíveis soluções para o alto número de crimes contra a vida na cidade. “A 88ª CIPM deveria ter um pelotão especializado, a exemplo do PETO [Emprego Tático Operacional]. Além disso, a criação de uma unidade especializada, como a Rondesp, também ajudaria”, finaliza.
Veja lista das cidades violentas levantadas pelo Aratu Online: