ELAS NO VOLANTE: Mulheres ignoram preconceito, superam assédio e ampliam espaço no UBER
ELAS NO VOLANTE: Mulheres ignoram preconceito, superam assédio e ampliam espaço no UBER
Muito conhecido nos últimos anos, o aplicativo de ?carona paga? Uber vem conquistando seu espaço como meio alternativo de transporte. Criado em 2009 na Califórnia, a ferramenta chegou ao Brasil em 2014, inicialmente na cidade do Rio de Janeiro. Na Bahia, a atuação começou apenas em abril de 2016. De lá para cá, o serviço se expandiu, criando uma grande base de clientes fiéis.
Além de ser visto como um meio de transporte mais barato, o aplicativo é procurado por ser uma fonte alternativa de renda. Muitos se cadastram para serem motoristas na intenção de obter uma ?grana? extra, por estarem desempregados, ou têm feito dessa sua única atividade. Mas nem tudo é um mar de rosas. Por ser um campo ainda majoritariamente ocupado por homens, muitas mulheres possuem receio em se tornarem motoristas do aplicativo.
Mulheres no volante
?Você não tem medo de dirigir Uber, sendo mulher??. Essa frase já foi ouvida por Rosy Paiva, 36 anos, diversas vezes, quando pega algum passageiro. Fazendo corridas em Salvador, ela é conhecida como ?A diva da Uber?, e faz parte de um grupo de WhatsApp com mais de 150 mulheres motoristas do aplicativo, o ?Mulheres no Poder?.
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Rosy resolveu começar a dirigir para a empresa devido ao desemprego, e por ter paixão pelo volante. A motorista, que é microempresária do ramo de Buffet, conta que as pessoas se impressionam quando a veem no controle do veículo.
?Muitas vezes, os passageiros cancelam a corrida por serem mulheres?, diz ela, que já enfrentou algumas situações desconfortáveis por causa de seu gênero. ?Uma vez transportei um passageiro à noite, e ele se aproveitou que no momento estávamos sozinhos e começou a passar a língua nos lábios e me intimidando com atitudes e olhares?.
Apesar dos casos não serem raros, ela diz que prefere ignorar a ação e seguir em frente, pois gosta da profissão. Rosy ainda conta que viaja com uma jaqueta no banco do carro, para cobrir as pernas, caso se sinta incomodada com os olhares de algum passageiro.
Não é à toa
De acordo com dados divulgados no último mês pelo Instituto Locomotiva, 23% das mulheres (17,8 milhões) foram ameaçadas por algum homem somente este ano. Ainda segundo a pesquisa, em 2017, 13,7 milhões delas afirmaram que já foram ?encoxadas? ou tiveram o corpo tocado sem autorização, o que representa 17% do total de mulheres adultas do país.
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Apesar dos altos índices, as mulheres não se deixam abalar e tentam ocupar seu espaço dentro de atividades profissionais que são exercidas em sua maioria por homens. Segundo dados da empresa, a plataforma funciona como fonte de renda única para 47% das motoristas. No entanto, não é uma tarefa fácil para a maioria delas, que diariamente enfrentam situações desconfortáveis de assédio ou preconceito.
Elas e elas
Apesar de casos como esse, as mulheres que dirigem para o aplicativo seguem na tentativa de continuar atuando para o serviço. É o caso de Itamara Oliveira Passos, 44 anos, que atualmente trabalha somente para a Uber. “Decidi dirigir pelo aplicativo devido a oportunidade de ter disponibilidade no horário, e pela renda”, conta. Ela diz também já ter enfrentado algumas situações de assédio, mas que não teve problemas com a maioria dos passageiros.
Itamara, que roda em média 12 horas por dia, faz corridas também durante a madrugada, e ressalta que muitas passageiras se sentem mais seguras quando veem que é uma mulher no volante. “Elas adoram, ficam super felizes e se sentem mais confiáveis”, aponta.
O que diz a empresa
Uma motorista do aplicativo, que pediu para não ser identificada, contou em entrevista que já passou por uma situação de assédio com um passageiro, mas que não tomou nenhuma medida, pois a empresa está ?focada nos clientes?. Uma das maneiras de se pronunciar sobre o comportamento de motoristas ou passageiros é a opção de avaliação adotada pela Uber, onde o cliente pode avaliar o/a motorista, mas também pode ser avaliado por ele/ela.
Em março deste ano, a empresa lançou uma campanha com a Revista Cláudia, em uma parceria para unir esforços no combate ao assédio. A denúncia, no entanto, é que a Uber costuma responder os questionamentos com e-mails genéricos. Apesar disso, a organização já se manifestou informando que, até 2020, pretende ter na companhia um milhão de motoristas mulheres.
Alternativas
Para driblar o problema, mulheres criaram alternativas. É o caso do aplicativo Lady Driver, uma espécie de ?Uber? voltado exclusivamente para o público feminino: apenas elas dirigem e apenas elas podem ser passageiras. A ferramenta funciona de forma muito semelhante ao Uber: para solicitar uma viagem, é só baixar o programa, disponível para IOS e Android.
Para ser uma motorista, a mulher interessada deve se cadastrar no site da empresa e aguardar as instruções. Inicialmente, o Lady Driver atua somente nos municípios de São Paulo e Guarulhos, mas pretende se expandir para mais cidades do Brasil.
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*Publicada originalmente às 6h (4/10)