AMOR INCONDICIONAL: Qual o melhor momento de contar a ele que foi adotado?
AMOR INCONDICIONAL: Qual o melhor momento de contar a ele que foi adotado?
Não existe a expressão ?não foi planejado? quando se fala em adoção. E isso sempre foi muito claro para a assistente social Geisa dos Santos, de 38 anos. Desde a juventude, ela pensava em ser mãe adotiva, ou, como costuma dizer, ter uma ?gestação pela adoção?.
Nesta quinta-feira (25/5), dia nacional da adoção, o Aratu Online pontua alguns desafios de quem acolhe um filho não biológico em nome de um amor maior, inexplicável. Além da burocracia há também a grande provação de contar, na hora certa, que, diferente dos amiguinhos, ele (ela) não foi gerado no útero materno.
Mesmo solteira, Geisa, por exemplo, decidiu há cerca de cinco anos fazer o cadastro na 1ª Vara da Infância e Juventude de Salvador. Levou, junto com o desejo de ter um filho, toda a documentação exigida. Dado o primeiro ?ok?, ela participou de uma dinâmica em grupo – um processo formativo para avaliar qual o motivador das pessoas ali presentes. Por fim, estava apta para adotar, sendo acompanhada por psicólogos e assistentes sociais.
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Alguns meses depois, a melhor notícia: Geisa participaria de uma adoção consensual, quando a mãe biológica da criança decide entregá-la e esta vai para a família adotiva logo após o nascimento. O ?chamado? veio do Maranhão, pois ela havia se cadastrado para adotar também, se possível, crianças de outros estados. No dia 25 de julho de 2013, estava com Kayodê nos braços.
?O nome significa ?ele trouxe alegria?, em iorubá, e não poderia ter significado melhor. É um menino muito sorridente e comunicativo. Quando chegamos em casa, em Salvador, minha família nos recebeu como se eu tivesse dado à luz. A emoção foi muito grande?, disse Geisa, que ainda está na lista de espera para adotar mais crianças. ?Quero tentar uma menina e Kayodê pede por um irmãozinho ou irmãzinha. Além disso, penso em ter três filhos?, afirmou.
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Nem tudo são flores, contudo. O processo burocrático, por exemplo, costuma demorar e angustiar crianças e futuros pais. No caso de Geisa, a espera maior foi para trocar a certidão de nascimento do filho – 1 ano e 6 meses. Faz parte do processo da adoção consensual registrar o bebê com o nome da mãe biológica, para só depois efetuar a mudança. Hoje, no registro de Kayodê, constam os nomes da mãe e avó materna.
REVELAÇÃO
Outro momento delicado enfrentado pelas famílias adotivas é o de explicar à criança que ela não foi gerada na barriga da mãe. É verdade que em muitos casos de adoção os filhos já têm idade capaz de fazer esse tipo de discernimento, até porque não conviveram sempre no novo lar.
Porém, quando as crianças são agregadas às famílias ainda bem novinhas, fazer tal revelação necessita de cuidados. As emoções divergem a depender da maturidade do filho e cada um reage de uma forma. De acordo com a psicóloga clínica Jáfia Alves, o importante é tratar o assunto com amor e paciência e, caso haja dificuldade na aceitação, é recomendável procurar ajuda profissional.
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?A criança tem o direito de conhecer sua história e é aconselhável que os próprios pais adotivos preparem esse momento, aproveitando cada oportunidade. Sempre que fazem a pergunta sobre como e de onde vieram e como nasceram. Eles já fazem isso pelo fato de serem curiosos?, explica a psicóloga.
Confira o vídeo abaixo.
Na casa de Geisa, apesar de Kayodê ter apenas três anos e não conseguir fazer essa distinção de forma mais específica, ele já sabe que existem ‘crianças geradas na barriga e outras no coração’, como ele. ?Esse amor incondicional eu passo para ele todos os dias, porque é isso que determina a maternidade?, disse a assistente social, que faz terapia junto com o filho, para que ele cresça da melhor forma possível.
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?Eu chorei muito quando ele me chamou de ?mãe? pela primeira vez. Até hoje, ser chamada assim, de ?mamãe? ou ?mainha? é minha grande felicidade?, afirmou Geisa, que revela sentir um pouco de receio quando pensa que Kayodê pode, um dia, procurar a família biológica, mas garante apoiá-lo. ?É uma opção dele, mas ele sabe o quanto foi desejado e isso é o mais importante?, concluiu.
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