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“REITORIA OCUPADA”: A vida e os ideais dos estudantes que ocuparam a Ufba contra a PEC 241

“REITORIA OCUPADA”: A vida e os ideais dos estudantes que ocuparam a Ufba contra a PEC 241

Por Heloísa Gomes

“REITORIA OCUPADA”: A vida e os ideais dos estudantes que ocuparam a Ufba contra a PEC 241Heloísa Gomes

A reitoria está ocupada.


O acesso é restrito: identifique-se!


Da porta para fora um país em turbilhão. Uma cidade em contradição ideológica e política. Porta adentro, estudantes que carregam sonhos de resistência e de transformação. ?Ocupar e resistir? ? este é o lema.


No prédio ocupado da reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) desde o dia 24 de outubro, jovens universitários que recebem apoio da tia do acarajé e do moço da pipoca, bem como de outros cidadãos que aparecem para demonstrar simpatia ao movimento.


Só passa da porta quem é da onda, conforme relatam. ?A comissão de segurança é formada por estudantes ocupados e ocupadas justamente por conta do processo de criminalização das ocupações, então só entra quem faz parte?, explica Caroline Anice, estudante de psicologia, membro do diretório Acadêmico e da Frente Feminista da UFBA.


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Entrada da reitoria da UFBA. Foto: Heloísa Gomes


Para eles a ocupação é a forma encontrada pela juventude de promoção de diálogo com a sociedade, debatendo os impactos que a PEC 241 acarretam para a população. ?Estamos recebendo muito apoio e doações aqui, promovemos diálogos com a sociedade por meio de plenárias, mobilização nas escolas e nos pontos de ônibus com panfletagens para discutir o que esse projeto significa?, conta Roberto Júnior, estudante de comunicação e Conselheiro Universitário do DCE.


A decisão de ocupar a UFBA foi tomada a partir de um encaminhamento de assembléia realizada por estudantes, dentre as pautas estão barrar a PEC 241, debate sobre a reforma do ensino médio e o pré-sal. Os estudantes colocam o sentido central do movimento de resistência, a promoção do debate e a possibilidade de discutir o assunto, tudo isso foi impulsionado com o protagonismo dos estudantes do Paraná que tornaram a escola um lugar de ocupação e resistência.


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Foto: Reprodução Facebook UFBA Ocupada


Justificando a facilidade como o Projeto de Emenda à Constituição passou tão facilmente pela Câmara dos Deputados (ainda aguarda aprovação no Senado para ser sancionada) está relacionada com setores que exercem maioria no Congresso Nacional. ?A casa é composta por setores majoritariamente conservadores. A bancada BBB ? Bíblia, Bala e Boi. Ali não há representação política do que a gente diz o que é a sociedade, seja pela representação feminina, que é mínima ou pela disputa ideológica que criminaliza tudo que é de esquerda?, afirma Matheus Assis, coordenador Geral do DCE.


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ENEM DA OCUPAÇÃO


O Ministério da Educação (MEC) tem criticado fortemente a mobilização nacional dos estudantes secundaristas e universitários e por conta da tomada dos prédios, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) será adiado para alunos que realizariam a prova em alguma unidade de ensino ocupada.


Já o procurador da República, Oscar Costa Filho solicitou a suspensão do Enem na quarta-feira (2/11), baseado no adiamento da prova para mais de 190 mil candidatos. A Juíza Federal do Ceará, Elise Avesque Frota, decidiu, na tarde desta quinta-feira (3/11), indeferir o pedido de liminar do procurador da República, com isso, as provas que acontecem neste final de semana estão mantidas para alguns inscritos.


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Debate sobre a PEC 241 e as ameaças ao SUS com Lívia Angelli, Tatiane Araújo e Tiago Parada. Foto: Reprodução Facebook UFBA Ocupada


A responsabilização do adiamento das provas aos estudantes ocupados não é aceita pelos manifestantes. “Somos jovens indignados, não queremos fazer baderna, nem loucuras por aí. A síntese é a criminalização de um pensamento progressista e de esquerda. Sem discutir como a sociedade quer enfrentar a crise. O MEC com a ajuda da mídia quer fazer com que a população fique contra os estudantes, culpando pelo adiamento do Enem, mas não explica porque ao invés da PEC não realizam uma auditoria da dívida pública”, justifica Matheus Assis.


?Prova que seria realizada no pavilhão 5 de Ondina foi adiada com a justificativa da ocupação, sendo que nós estudantes estamos ocupando apenas a reitoria, o que não afetaria a realização da prova em Ondina. Não há justificativas para adiar a prova, nenhum prédio de aulas foi ocupado. Estão colocando a população contra as ocupações?, aponta Roberto Júnior.


A UNIVERSIDADE É NOSSA


Estudantes falam sobre o simbolismo do movimento de ocupação das instituições de ensino:



Enquanto convivem dentro das dependências da universidade, os manifestantes se articulam para promover rodas de conversa, debates, plenárias, oficinas de arte e práticas esportivas, além dos aulões para o ENEM.


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Aulão do Enem. Foto: Reprodução Facebook UFBA Ocupada


O jeito encontrado para que as vozes sejam ouvidas e seus ideais compreendidos foram as mídias sociais. O que seria das mobilizações modernas sem a internet? Sem os aplicativos de mensagens e as lives do Facebook? Toda programação pode ser acompanhada pela página UFBA Ocupada.


?Como fazer o enfrentamento se a gente não tem uma hora e meia na televisão para falar? Fazemos isso nas ruas, nos pontos, nos locais de trabalho, nas redes sociais… a forma de se combater a corrupção não é pela Lava Jato, é uma questão emblemática e precisamos debater com afinco?, defende o Coordenador Geral do DCE.


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Oficina de Lambe. Foto: Reprodução Facebook UFBA Ocupada


Ainda não há previsão para desocupação do prédio, o contrário é articulado. Existe uma articulação nacional para uma greve geral dia 11/11, o que pretende mobilizar outros movimentos e resgatar o processo de lutas de estudantes secundaristas que perdeu força ao longo dos anos.


?A PEC representa um projeto de vida que a gente não quer para o nosso povo, que a gente não quer para nós e vamos continuar lutando?, acredita Caroline Anice.


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