Polêmica Libra: o que perde o Bahia com a judicialização do Flamengo
A decisão do Flamengo de judicializar a divisão de receitas dos contratos de transmissão impacta diretamente nove equipes do Brasileirão, entre elas o Bahia
Por Dinaldo dos Santos.
A disputa judicial entre Flamengo e a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) abriu um novo capítulo na já conturbada formação do bloco que reúne alguns dos principais clubes do país. A decisão do time carioca de judicializar a divisão de receitas dos contratos de transmissão impacta diretamente nove equipes do Brasileirão, entre elas o Bahia.
O Flamengo argumenta que a divisão atual das receitas dentro da Libra não reflete seu peso de mercado e seu alcance nacional. Na Justiça, o Flamengo pede maior fatia das cotas de TV e direitos comerciais, defendendo que sua audiência e capacidade de gerar receita justificam um modelo diferenciado.
Com a atitude do time carioca, o Tricolor vê parte de sua verba de televisão bloqueada por determinação da Justiça do Rio e pode conviver com um prejuízo que vai além do aspecto imediato de fluxo de caixa.
A cota de TV é uma das principais fontes de receita do clube, mesmo após a adesão à Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Embora o Bahia conte hoje com o aporte do Grupo City, a verba destinada às transmissões é essencial para manter a saúde financeira do futebol, garantir investimentos em infraestrutura e, sobretudo, sustentar a montagem de elenco.
Dirigentes da Libra apontam que a ação movida pelo Flamengo fragiliza o bloco, aumenta a insegurança entre patrocinadores e parceiros comerciais e pode atrasar repasses já previstos em contrato.
Para o Bahia, que se consolidou nos últimos anos como um protagonista dentro da elite nacional, a perda ou atraso desses recursos representa risco de descompasso frente a concorrentes diretos. Além disso, o imbróglio pode frear a previsibilidade de receitas, fator crucial para planejamento de médio e longo prazo.
Enquanto Flamengo, São Paulo e Palmeiras trocam acusações públicas sobre a legitimidade da divisão de cotas, clubes como o Bahia ficam no centro do fogo cruzado: dependem do desfecho jurídico para assegurar o que lhes é de direito, mas também precisam lidar com a instabilidade política que ameaça a união da Libra.
Na última terça-feira (30), a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, sugeriu ironicamente, em entrevista ao Esporte Record, que o Flamengo deveria jogar sozinho. O presidente do Vitória, Fabio Mota, disse na última sexta-feira (26) que caso a decisão seja mantida, “o Vitória perde 8 milhões por ano nessa mudança de critério”.
Em sua rede social, o Esquadrão de Aço manifestou descontentamento com a postura do time da Gávea e salientou que atitudes, como essa do Flamengo que colocam o interesse individual acima do coletivo, não contribuem para desenvolver o futebol.
Confira na íntegra publicação no X:
O Esporte Clube Bahia SAF lamenta a atitude do Clube de Regatas do Flamengo contra a Libra ao acionar a Justiça para contestar parte dos repasses financeiros do Grupo Globo. O Flamengo assinou um contrato livremente, como todos, e precisa respeitá-lo. Para que o futebol brasileiro se fortaleça, são essenciais a cooperação, o respeito mútuo e a responsabilidade compartilhada. Atitudes que colocam o interesse individual acima do coletivo não contribuem para desenvolver o futebol. Reiteramos nosso compromisso com um modelo de gestão que prioriza o diálogo, a transparência e o desenvolvimento coletivo. O Bahia confia na Justiça e seguirá firme na defesa de um futebol mais justo, democrático e plural. Nenhum clube joga sozinho.
LEIA MAIS: CBF confirma Brasileirão em janeiro; dupla BaVi pode deixar Nordestão
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).