Leila Pereira: 'Minha sugestão é criar liga sem Flamengo'

A fala de Leila Pereira ocorreu após o Flamengo conseguir, no TJ-RJ, uma liminar que bloqueou repasse de R$ 77 milhões da Libra

Por Juana Castro.

“Minha sugestão é criar uma outra liga excluindo o Flamengo. Acho que o Flamengo deveria jogar sozinho. A declaração é da presidente do palmeiras, Leila Pereira, em entrevista ao Esporte Record nessa terça-feira (30).

Leila Pereira criticou postura do Flamengo | Foto: reprodução/Instagram (@leilapereira)

A fala da dirigente ocorreu após o Flamengo conseguir, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, uma liminar que bloqueou o repasse de R$ 77 milhões da Libra. O valor corresponde a 30% da renda fixa ligada à audiência de TV aberta, fechada e ao pay-per-view, que seria dividido entre os clubes participantes.

Com a decisão, times como ABC, Atlético-MG, Bahia, Red Bull Bragantino, Grêmio, Guarani, Paysandu, Remo, Vitória, Sampaio Corrêa, Santos, Palmeiras e São Paulo ficaram sem acesso ao montante. Por esse motivo, Leila acrescentou:

"Nenhum clube é maior do que o futebol brasileiro. O Palmeiras não joga sozinho, e o Flamengo não joga sozinho — só se ele quer jogar ele contra o sub-20 dele. Acho que seria bonito nós formarmos uma nova liga excluindo o Flamengo, e aí o Flamengo joga com ele mesmo. Quero ver a audiência que vai ter. Acho muito difícil gestores com essa mentalidade. Isso não engrandece em absolutamente nada o futebol brasileiro".

A Libra, por sua vez, recorreu para tentar derrubar a liminar.

O que é a Libra

A Libra (Liga do Futebol Brasileiro) é um bloco formado por clubes nacionais que busca organizar a venda coletiva dos direitos de transmissão, patrocínios e ações conjuntas. Inspirada em modelos internacionais, como a Premier League, da Inglaterra, a iniciativa visa tornar o futebol brasileiro mais sustentável e competitivo, garantindo maior equilíbrio financeiro entre as equipes.

Justificativa do Flamengo

Segundo o Flamengo, a medida judicial foi motivada pela insatisfação com os critérios de divisão da Libra. O clube argumenta que a fatia de 30% vinculada à audiência do pay-per-view não reflete adequadamente seu “poder gerador de receitas”, alegando representar cerca de 47% da base de torcedores entre os times da associação.

Repercussão no Palmeiras

Antes mesmo das declarações de Leila Pereira, o Palmeiras já havia divulgado nota oficial criticando a decisão do rival. Para a presidente, a postura do Flamengo não fortalece o futebol brasileiro e gera instabilidade entre os clubes.

Presidente do Vitória também relatou problemas com pagamentos da Libra

Presidente do Vitória explica disputa na Libra e alerta para impactos no caixa do clube | Foto: EC Vitória

O presidente do Vitória, Fábio Mota, fez um pronunciamento nesta sexta-feira (26) explicando sobre um problema com os pagamentos da Liga do Futebol Brasileiro (Libra), entidade que organiza os direitos de transmissão dos clubes do país. Segundo o dirigente baiano, uma liminar protocolada pelo Flamengo bloqueou os repasses de todos os demais filiados.

Mota explicou que o time carioca enviou um pedido ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que emitiu uma liminar bloqueando os pagamentos restantes até o final do ano: um montante estimado entre 70 e 80 milhões de reais. A primeira parcela já havia sido depositada, faltando outras duas até o final do Brasileirão.

“O Flamengo quer mudar o critério de distribuição. Como é que é a Libra hoje? 40% do bolo do dinheiro é dividido para todos os clubes de forma igualitária. 30% é por audiência e 30% por performance, que é a classificação no campeonato. Então, o Flamengo tá sugerindo e conseguindo decisão judicial de que os 40% continuem de forma igualitária e os outros 60% levem em consideração o pay-per-view [assinatura de jogos]”, explicou o presidente.

Ele ainda pontuou que caso a decisão seja mantida, “o Vitória perde 8 milhões por ano nessa mudança de critério”. Além do Vitória, outros 13 clubes possuem contrato com a LIBRA até 2029: Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, São Paulo, Santos, Paysandu, Remo; ABC, Guarani; Sampaio Corrêa.

Saída da Libra para a LFU

O presidente do Vitória ainda relembrou a saída do clube para a Liga Forte União (LFU) após o fim de contrato com a LIBRA. A mudança foi aprovada em votação neste mês de setembro, na qual foram vendidos 15% dos direitos de transmissão do clube para a entidade.

“Nós estávamos certos quando fizemos a mudança e fizemos na hora certa, antes de estourar esse bloqueio judicial aí da Libra”, relembrou Fábio.

Segundo comunicado emitido pela assessoria de comunicação do clube, na semana passada, o Leão da Barra receberá R$ 62,8 milhões, referentes ao restante do vínculo até 2029 com a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), do qual a instituição faz parte até o momento.

“Se o Vitória ficasse na Libra, o Vitória ia ficar 45 anos recebendo 20% a menos. Por que 20% a menos? Porque para entrar na LFU, o investidor que bota o dinheiro, exige a compra de 15%. Então, mesmo o Vitória vendendo 15% do que vai receber, o Vitória perderia os outros 20%. A gente ia ficar 45 anos com 20% a menos. Na LFU tem uma vantagem. Você pega todo o bolo e divide de forma igualitária, todos [os clubes] recebem igual, 45%. Na Libra só recebe 40, então você já ganha aí 5% de cara”, explicou.

Próximo jogo do Vitória

O próximo jogo do Vitória acontece neste domingo (28), contra o Grêmio, fora de casa. Atualmente na 17ª posição da Série A, o Leão acumula 66% de chances de queda, segundo projeções matemáticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Na partida deste domingo, pela 25ª rodada da competição, o clube terá a estreia do quarto técnico no ano: Jair Ventura. Ex-Avaí, o treinador tem a dura missão de livrar o Leão da Barra do rebaixamento.

Em tempo: Leila Pereira já se posicionou de forma semelhante contra a Conmebol

Essa não é a primeira vez que Leila Pereira se posiciona publicamente contra alguma instituição. Em março, ela sugeriu um boicote à Conmebol após casos de racismo. Na época, Luighi, atacante do Palmeiras, foi uma das vítimas durante jogo da Libertadores sub-20.

"Já que a Conmebol não consegue coibir esse tipo de crime [racismo], não consegue tratar os brasileiros com o tamanho que os clubes representam à Conmebol, por que não pensar em nos filiarmos à Concacaf? Só assim vão respeitar o futebol brasileiro. É uma coisa a se pensar", declarou Leila Pereira em entrevista à TNT Sports.  

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