Copa 2023: Campeã de tudo, Noruega tem encontro de "melhores do mundo" para retomar as glórias do passado
Campeã do Mundo, Olímpica e Europeia, as Gresshoppene sempre figuraram entre as primeiras e tem união de craques do passado e do presente para reconquistar o Mundial
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Falar de futebol feminino é também falar dos países nórdicos da Europa. Pelo menos em cada edição de Eurocopa e Copa do Mundo, países como Suécia, Dinamarca ou Noruega estiveram entre os destaques destas competições. E mesmo que as dinamarquesas tenham marcado uma era pré-fifa, com as suecas se tornando grandes protagonistas da fase atual, nenhuma delas chegou aos feitos das norueguesas em campanhas de Copa do Mundo, Eurocopa e Jogos Olímpicos. Em resumo, foram conquistas nos três torneios e a consolidação de um futebol respeitado e temido até os dias de hoje.
Origem e glórias na Europa e no Mundo
Os primeiros relatos de partidas de futebol feminino no país são dos anos 20, apesar de também existirem provas documentais de que a própria federação local não era favorável a esta prática. Aos poucos, surgiram equipes formadas exclusivamente por mulheres e a popularidade deste esporte sempre foi uma característica da região.
Por conta de polêmicas envolvendo a violência no futebol e a "fragilidade" do corpo feminino, a modalidade sofreu uma desvalorização e subdesenvolvimento na Noruega até os anos 70 do século passado, quando se criou.
Com a luta por direitos iguais no país, foi estabelecido o Conselho de Igualdade de Gênero em 1972 e a Lei de Igualdade de Gênero entrou em vigor no ano de 1979. Vale aqui estabelecer um parentêses: na filosofia nórdica de igualdade em relação a gênero, não é apenas um mesmo número de oportunidades que faz uma sociedade mais igualitária, e sim esforços ativos para se promover a mulher ao mesmo status dos homens. Um exemplo: em 1981, o país promoveu uma política de cotas que vem estabelecendo metas de 40% de representação obrigatória para ambos os sexos, ou 50% em caso de comitês executivos e conselhos que apresentam uma equipe mínima de quatro pessoas.
Dentro deste cenário, o futebol feminino voltou a acontecer e se organizar no país. A seleção nacional teve o seu primeiro jogo em 1978, pelo Campeonato Nórdico de Futebol Feminino, no qual perdeu para Suécia, Dinamarca e Finlândia. Os resultados demonstravam como a nação seguia atrasada em relação aos países vizinhos, pioneiros no futebol feminino de seleções na era moderna. Entretanto, isto não se repetia com os outros países da europa, que pareciam atrasados em relação ao desenvolvimento esportivo da Escandinavia.
Em 1984, na primeira participação oficial em torneios femininos da UEFA, a Noruega foi derrotada ainda na qualificatória ao enfrentar um grupo contra seus vizinhos. Porém, demonstrou evolução ao derrotar Islândia e Finlândia, perdendo apenas para a Suécia. Em 1987 as coisas já estavam muito diferentes, com as Gresshoppene deixando a Dinamarca para trás e indo a sua primeira eurocopa. No torneio, derrotaram a Itália por 2 a 0 e foram a final contra a Suécia, superando a rival e conquistando seu primeiro título continental.
Um detalhe importante: esta conquista fez da equipe feminina de futebol a primeira seleção norueguesa de qualquer esporte ou gênero a vencer um torneio oficial. Além disso, já demonstrava os primeiros frutos do chamado "modelo norueguês" de desenvolvimento do futebol. Desde 1984 o país adotou um método de formação de atletas no qual meninos e meninas desenvolviam suas habilidades tanto em separado quanto juntos, criando assim um panorama diferente do que já existia no resto do mundo.
Em 1988, a equipe foi convidada pela FIFA para a organização de um Torneio Experimental que foi o embrião da Copa do Mundo Feminina. E ao enfrentar novamente a Suécia na final, a Noruega faturou o primeir título da entidade máxima do futebol. Em 89, as norueguesas retornaram a Euro e novamente superaram a Suécia - agora em uma semifinal - indo à final contra a Alemanha Ocidental, donas da casa. Na partida, as germânicas não tomaram conhecimento do time nórdico e chegaram ao seu primeiro título com o placar de 4 a 1. Dois anos depois a história se repetiu, com novo título alemão na Euro de 91.
Meses depois, foi disputada a primeira Copa do Mundo e a Noruega foi longe em sua primeira experiência no torneio. Na primeira fase, acabou goleada pela China por 4 a 0, mas devolveu o marcador contra a Nova Zelândia e venceu também a Dinamarca por 2 a 1, classificando-se para o mata-mata. Nas quartas, passou pela Itália (3 a 2) e goleou a Suécia nas semifinais (4 a 1), indo a decisão contra os Estados Unidos. Na partida, sofreram derrota por 2 a 1 e ficaram com o vice-campeonato.
Pela Euro de 93, Dinamarca e Itália não foram pareo para o time nórdico, que chegou ao bicampeonato continental e sacramentou uma caminha gloriosa para a Copa do Mundo de 95, na Suécia. Pelo torneio, venceu todos os jogos e tomou apenas um gol. Na primeira fase desbancou Nigéria (8 a 0), Inglaterra e Canadá, superou a Dinamarca nas quartas e aplicou uma revanche contras as americanas nas semifinais. Na decisão, nova vitória sobre a Alemanha e conquista do maior torneio do mundo. No final do mesmo ano, foi a Euro e acabou derrotada pela Suécia nas semifinais.
Tabu europeu, ouro olímpico e declínio mundial
Na primeira disputa de medalha olímpica no futebol feminino, que aconteceu nos Jogos de Atlanta 1996, a Noruega mostrou sua força de campeã mundial e liderou a primeira fase com empate sobre Brasil e triunfos sobre Alemanha e Japão. Entretanto, o time perdeu as semifinais para um talentoso EUA na prorrogação e faturou o bronze ao derrotar o Brasil na decisão.
Esta foi a primeira de três participações das nórdicas nos Jogos Olímpicos, uma situação bem diferente em relação ao seu status em Euros e Copas. Com exceção da primeira Euro, de 1984, a Noruega sempre esteve presente em edições do torneio continental e dos mundiais. Inclusive, é raro quando a equipe não passa de fase nestas duas competições. Este foi o caso, por exemplo, da Eurocopa de 1997, em que sediou o torneio mas não passou de uma chave com Itália, Alemanha e Dinamarca.
Na copa de 99, as escandinavas chegaram com status de favoritas e não tiveram dificuldades para vencer Rússia, Canadá, Japão e Suécia. Entretanto, perderam para a China por categóricos 5 a 0 e amargaram o quarto lugar depois de derrota por penaltis contra o Brasil. Neste período, a ascensão de chinesas, brasileiras, japonesas e americanas já demonstrava que a Europa - com exceção da Alemanha - amargaria um jejum que dura até hoje na competição.
Para os Jogos de Sydney 2000, a Noruega chegou a mais uma glória inédita e que foi raramente repetida no cenário. Iniciaram a caminhada derrotadas pelos Estados Unidos, mas superaram Nigéria e China para avançar de fase. Nas semifinais, derrotaram a Alemanha e tiveram novamente as estadunidenses na decisão, faturando o ouro olímpico em um emocionante 3 a 2 com um marcante gol de ouro que entrou para a história das olimpíadas. Esta foi a última glória de uma nação que seguiu na elite, mas que não consegue repetir os feitos desta época.
De volta ao cenário continental, a Noruega participa da Euro de 2001 vencendo a França, empatando com a Itália e perdendo para a Dinamarca. O resultado leva o time a fase seguinte, em que acabam derrotadas pela Alemanha, campeã daquele ano. Este já era o quinto título alemão de uma série de mais conquistas que ainda viriam para o selecionado.
Em 2003, a Noruega sofre um duro revés ao ser o primeiro torneio em que não consegue chega às semifinais. Na primeira fase, vence França e Coreia do Sul, empatando com o Brasil. Vai às quartas contra os EUA e perde para as donas da casa por 1 a 0. Dois anos depois, uma nova Euro não começa bem com derrota para a Alemanha na estreia e um empate com a França logo depois. Entretanto, a vitória para a Itália inicia uma caminhada que passa pela Suécia nas quartas e para na decisão. Derrota novamente para as alemães.
A Copa do Mundo de 2007 revitaliza o patamar das Gresshoppene em mundiais. Superam Canadá, empatam com a Austrália e vão derrotando Gana e China na sequência. Chegam às semifinais contra as carrascas alemães, que não tomam conhecimento das rivais e aplicam uma dolorosa derrota de 3 a 0. No terceiro lugar, perdem para os EUA e amargam a quarta colocação. Nos Jogos de Pequim, fazem uma campanha irregular ao vencer os EUA e perderem para Japão e Brasil. Neste período, cinco atletas fazem críticas abertas ao treinador da seleção e deixam a equipe para a disputa continental do ano seguinte.
A Euro 2009 começa mal com uma goleada da Alemanha no início, mas a equipe se recupera empatando com a Islândia e empatando com a França. Nas quartas, derrotam a Suécia e caem nas semi para... a Alemanha novamente, agora heptacampeã continental.
Noruega: o país do futebol (feminino)
Apesar de "bater na trave" em suas últimas disputas continentais e mundiais, a Noruega seguia com um grande crescimento interno em relação a organização e prática do futebol feminino. De acordo com pesquisas do próprio país, desde 1995 é o esporte mais praticado por mulheres no país e segue aumentando em número de clubes e associações inscritas pela federação local. Além disso, projetos de recrutamento acontecem tanto dentro quanto fora de campo, no ramo técnico e administrativo da modalidade.
Apesar dos avanços e da explosão de atletas norueguesas em outros campeonatos pelo mundo, a seleção faz sua pior campanha em copas na edição de 2011: Vence apenas a Guiné Equatorial, mas perde para Brasil e Austrália (país que vai crescendo no cenário e se torna um dos destaques da década). Na Euro de 2013 a história é diferente e as nórdicas fazem uma boa primeira fase ao empatar com a Islândia e vencer tanto holandesas quanto alemães. A caminhada a final ainda rende triunfos sobre Espanha e Dinamarca até pegar novamente a Alemanha na final. Infelizmente, perdem mais uma decisão e vêem o octacampeonato adversário.
Durante este período, a Noruega tem em seu plantel a maior jogadora do mundo, Ada Hegerberg, que atua na disputa do Mundial de 2015, no Canadá. Lá, a Noruega vence Tailândia e Costa do Marfim, empata com a Alemanha e cai perante a Inglaterra nas inéditas oitavas de final.
Após a eliminação precoce da fase de grupos da Euro 2017, Ada resolve declarar sua saída da seleção local por acreditar que as recentes melhoras em relação a remuneração e cuidado ainda são um passo pequeno para uma luta enorme por igualdade. Mesmo com leis de estimulo e representação em um panorama nacional, a seleção local seguia em estado de importância menor à masculina no pensamento da federação.
Crise e Noruega na Copa do Mundo 2023
A Copa de 2019 apresenta irregularidades, mas tem as escandinavas mais uma vez chegando às quartas de final. Em um grupo com Nigéria, França e Coreia do Sul, elas vencem as africanas e asiáticas, derrotadas pelas europeias. Vão às oitavas e conseguem uma classificação sofrida perante uma envolvente Austrália, derrotando as Matildas na disputa de penalidades. Nas quartas, caem para a Inglaterra, uma das sensações do torneio.
Apesar do bom desempenho, uma crise se anunciava na equipe para os anos seguintes. Apesar do retorno de Hegerberg, a Noruega tem uma humilhante Euro em 2022 em que mesmo goleando a Irlanda do Norte no primeiro jogo, sofre uma das piores derrotas na segunda rodada ao sofrer 8 a 0 da anfitriã (e campeã) Inglaterra. Na última rodada, derrota para Áustria e outra eliminação precoce.
Visando não perder a vaga para o Mundial, a Noruega muda de treinador e chama a lendária meia Hege Riise para o comando da equipe. A ex-atleta faturou todas as conquistas da geração dourada do país e como treinadora levou o sub-19 norueguês ao vice-campeonato europeu de 2022. Sob seu comando, a equipe tem mostrado mais coesão na defesa e crescimento no ataque. Neste quesito, é valido salientar o retorno de Ada Hegerberg, que também volta de lesão e promete levar o seu país ao mesmo patamar que levou as equipes que defendeu na Champions Feminina.
Ao lado de Ada está Caroline Graham Hansen, outra sensação do selecionado e estrela atual do Barcelona. Com uma média aproximada de um gol por jogo, Hansen também volta de lesão e promete ser a rainha das assistências desse torneio.
A Noruega joga pelo Grupo A da Copa do Mundo, abrindo a competição contra a Nova Zelândia no dia 20/7 em Auckland. Cinco dias depois, enfrenta a Suíça em Hamilton e encerra sua primeira fase contra as Filipinas novamente em Auckland.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 – 7440. Nos insira nos seus grupos!
Falar de futebol feminino é também falar dos países nórdicos da Europa. Pelo menos em cada edição de Eurocopa e Copa do Mundo, países como Suécia, Dinamarca ou Noruega estiveram entre os destaques destas competições. E mesmo que as dinamarquesas tenham marcado uma era pré-fifa, com as suecas se tornando grandes protagonistas da fase atual, nenhuma delas chegou aos feitos das norueguesas em campanhas de Copa do Mundo, Eurocopa e Jogos Olímpicos. Em resumo, foram conquistas nos três torneios e a consolidação de um futebol respeitado e temido até os dias de hoje.
Origem e glórias na Europa e no Mundo
Os primeiros relatos de partidas de futebol feminino no país são dos anos 20, apesar de também existirem provas documentais de que a própria federação local não era favorável a esta prática. Aos poucos, surgiram equipes formadas exclusivamente por mulheres e a popularidade deste esporte sempre foi uma característica da região.
Por conta de polêmicas envolvendo a violência no futebol e a "fragilidade" do corpo feminino, a modalidade sofreu uma desvalorização e subdesenvolvimento na Noruega até os anos 70 do século passado, quando se criou.
Com a luta por direitos iguais no país, foi estabelecido o Conselho de Igualdade de Gênero em 1972 e a Lei de Igualdade de Gênero entrou em vigor no ano de 1979. Vale aqui estabelecer um parentêses: na filosofia nórdica de igualdade em relação a gênero, não é apenas um mesmo número de oportunidades que faz uma sociedade mais igualitária, e sim esforços ativos para se promover a mulher ao mesmo status dos homens. Um exemplo: em 1981, o país promoveu uma política de cotas que vem estabelecendo metas de 40% de representação obrigatória para ambos os sexos, ou 50% em caso de comitês executivos e conselhos que apresentam uma equipe mínima de quatro pessoas.
Dentro deste cenário, o futebol feminino voltou a acontecer e se organizar no país. A seleção nacional teve o seu primeiro jogo em 1978, pelo Campeonato Nórdico de Futebol Feminino, no qual perdeu para Suécia, Dinamarca e Finlândia. Os resultados demonstravam como a nação seguia atrasada em relação aos países vizinhos, pioneiros no futebol feminino de seleções na era moderna. Entretanto, isto não se repetia com os outros países da europa, que pareciam atrasados em relação ao desenvolvimento esportivo da Escandinavia.
Em 1984, na primeira participação oficial em torneios femininos da UEFA, a Noruega foi derrotada ainda na qualificatória ao enfrentar um grupo contra seus vizinhos. Porém, demonstrou evolução ao derrotar Islândia e Finlândia, perdendo apenas para a Suécia. Em 1987 as coisas já estavam muito diferentes, com as Gresshoppene deixando a Dinamarca para trás e indo a sua primeira eurocopa. No torneio, derrotaram a Itália por 2 a 0 e foram a final contra a Suécia, superando a rival e conquistando seu primeiro título continental.
Um detalhe importante: esta conquista fez da equipe feminina de futebol a primeira seleção norueguesa de qualquer esporte ou gênero a vencer um torneio oficial. Além disso, já demonstrava os primeiros frutos do chamado "modelo norueguês" de desenvolvimento do futebol. Desde 1984 o país adotou um método de formação de atletas no qual meninos e meninas desenvolviam suas habilidades tanto em separado quanto juntos, criando assim um panorama diferente do que já existia no resto do mundo.
Em 1988, a equipe foi convidada pela FIFA para a organização de um Torneio Experimental que foi o embrião da Copa do Mundo Feminina. E ao enfrentar novamente a Suécia na final, a Noruega faturou o primeir título da entidade máxima do futebol. Em 89, as norueguesas retornaram a Euro e novamente superaram a Suécia - agora em uma semifinal - indo à final contra a Alemanha Ocidental, donas da casa. Na partida, as germânicas não tomaram conhecimento do time nórdico e chegaram ao seu primeiro título com o placar de 4 a 1. Dois anos depois a história se repetiu, com novo título alemão na Euro de 91.
Meses depois, foi disputada a primeira Copa do Mundo e a Noruega foi longe em sua primeira experiência no torneio. Na primeira fase, acabou goleada pela China por 4 a 0, mas devolveu o marcador contra a Nova Zelândia e venceu também a Dinamarca por 2 a 1, classificando-se para o mata-mata. Nas quartas, passou pela Itália (3 a 2) e goleou a Suécia nas semifinais (4 a 1), indo a decisão contra os Estados Unidos. Na partida, sofreram derrota por 2 a 1 e ficaram com o vice-campeonato.
Pela Euro de 93, Dinamarca e Itália não foram pareo para o time nórdico, que chegou ao bicampeonato continental e sacramentou uma caminha gloriosa para a Copa do Mundo de 95, na Suécia. Pelo torneio, venceu todos os jogos e tomou apenas um gol. Na primeira fase desbancou Nigéria (8 a 0), Inglaterra e Canadá, superou a Dinamarca nas quartas e aplicou uma revanche contras as americanas nas semifinais. Na decisão, nova vitória sobre a Alemanha e conquista do maior torneio do mundo. No final do mesmo ano, foi a Euro e acabou derrotada pela Suécia nas semifinais.
Tabu europeu, ouro olímpico e declínio mundial
Na primeira disputa de medalha olímpica no futebol feminino, que aconteceu nos Jogos de Atlanta 1996, a Noruega mostrou sua força de campeã mundial e liderou a primeira fase com empate sobre Brasil e triunfos sobre Alemanha e Japão. Entretanto, o time perdeu as semifinais para um talentoso EUA na prorrogação e faturou o bronze ao derrotar o Brasil na decisão.
Esta foi a primeira de três participações das nórdicas nos Jogos Olímpicos, uma situação bem diferente em relação ao seu status em Euros e Copas. Com exceção da primeira Euro, de 1984, a Noruega sempre esteve presente em edições do torneio continental e dos mundiais. Inclusive, é raro quando a equipe não passa de fase nestas duas competições. Este foi o caso, por exemplo, da Eurocopa de 1997, em que sediou o torneio mas não passou de uma chave com Itália, Alemanha e Dinamarca.
Na copa de 99, as escandinavas chegaram com status de favoritas e não tiveram dificuldades para vencer Rússia, Canadá, Japão e Suécia. Entretanto, perderam para a China por categóricos 5 a 0 e amargaram o quarto lugar depois de derrota por penaltis contra o Brasil. Neste período, a ascensão de chinesas, brasileiras, japonesas e americanas já demonstrava que a Europa - com exceção da Alemanha - amargaria um jejum que dura até hoje na competição.
Para os Jogos de Sydney 2000, a Noruega chegou a mais uma glória inédita e que foi raramente repetida no cenário. Iniciaram a caminhada derrotadas pelos Estados Unidos, mas superaram Nigéria e China para avançar de fase. Nas semifinais, derrotaram a Alemanha e tiveram novamente as estadunidenses na decisão, faturando o ouro olímpico em um emocionante 3 a 2 com um marcante gol de ouro que entrou para a história das olimpíadas. Esta foi a última glória de uma nação que seguiu na elite, mas que não consegue repetir os feitos desta época.
De volta ao cenário continental, a Noruega participa da Euro de 2001 vencendo a França, empatando com a Itália e perdendo para a Dinamarca. O resultado leva o time a fase seguinte, em que acabam derrotadas pela Alemanha, campeã daquele ano. Este já era o quinto título alemão de uma série de mais conquistas que ainda viriam para o selecionado.
Em 2003, a Noruega sofre um duro revés ao ser o primeiro torneio em que não consegue chega às semifinais. Na primeira fase, vence França e Coreia do Sul, empatando com o Brasil. Vai às quartas contra os EUA e perde para as donas da casa por 1 a 0. Dois anos depois, uma nova Euro não começa bem com derrota para a Alemanha na estreia e um empate com a França logo depois. Entretanto, a vitória para a Itália inicia uma caminhada que passa pela Suécia nas quartas e para na decisão. Derrota novamente para as alemães.
A Copa do Mundo de 2007 revitaliza o patamar das Gresshoppene em mundiais. Superam Canadá, empatam com a Austrália e vão derrotando Gana e China na sequência. Chegam às semifinais contra as carrascas alemães, que não tomam conhecimento das rivais e aplicam uma dolorosa derrota de 3 a 0. No terceiro lugar, perdem para os EUA e amargam a quarta colocação. Nos Jogos de Pequim, fazem uma campanha irregular ao vencer os EUA e perderem para Japão e Brasil. Neste período, cinco atletas fazem críticas abertas ao treinador da seleção e deixam a equipe para a disputa continental do ano seguinte.
A Euro 2009 começa mal com uma goleada da Alemanha no início, mas a equipe se recupera empatando com a Islândia e empatando com a França. Nas quartas, derrotam a Suécia e caem nas semi para... a Alemanha novamente, agora heptacampeã continental.
Noruega: o país do futebol (feminino)
Apesar de "bater na trave" em suas últimas disputas continentais e mundiais, a Noruega seguia com um grande crescimento interno em relação a organização e prática do futebol feminino. De acordo com pesquisas do próprio país, desde 1995 é o esporte mais praticado por mulheres no país e segue aumentando em número de clubes e associações inscritas pela federação local. Além disso, projetos de recrutamento acontecem tanto dentro quanto fora de campo, no ramo técnico e administrativo da modalidade.
Apesar dos avanços e da explosão de atletas norueguesas em outros campeonatos pelo mundo, a seleção faz sua pior campanha em copas na edição de 2011: Vence apenas a Guiné Equatorial, mas perde para Brasil e Austrália (país que vai crescendo no cenário e se torna um dos destaques da década). Na Euro de 2013 a história é diferente e as nórdicas fazem uma boa primeira fase ao empatar com a Islândia e vencer tanto holandesas quanto alemães. A caminhada a final ainda rende triunfos sobre Espanha e Dinamarca até pegar novamente a Alemanha na final. Infelizmente, perdem mais uma decisão e vêem o octacampeonato adversário.
Durante este período, a Noruega tem em seu plantel a maior jogadora do mundo, Ada Hegerberg, que atua na disputa do Mundial de 2015, no Canadá. Lá, a Noruega vence Tailândia e Costa do Marfim, empata com a Alemanha e cai perante a Inglaterra nas inéditas oitavas de final.
Após a eliminação precoce da fase de grupos da Euro 2017, Ada resolve declarar sua saída da seleção local por acreditar que as recentes melhoras em relação a remuneração e cuidado ainda são um passo pequeno para uma luta enorme por igualdade. Mesmo com leis de estimulo e representação em um panorama nacional, a seleção local seguia em estado de importância menor à masculina no pensamento da federação.
Crise e Noruega na Copa do Mundo 2023
A Copa de 2019 apresenta irregularidades, mas tem as escandinavas mais uma vez chegando às quartas de final. Em um grupo com Nigéria, França e Coreia do Sul, elas vencem as africanas e asiáticas, derrotadas pelas europeias. Vão às oitavas e conseguem uma classificação sofrida perante uma envolvente Austrália, derrotando as Matildas na disputa de penalidades. Nas quartas, caem para a Inglaterra, uma das sensações do torneio.
Apesar do bom desempenho, uma crise se anunciava na equipe para os anos seguintes. Apesar do retorno de Hegerberg, a Noruega tem uma humilhante Euro em 2022 em que mesmo goleando a Irlanda do Norte no primeiro jogo, sofre uma das piores derrotas na segunda rodada ao sofrer 8 a 0 da anfitriã (e campeã) Inglaterra. Na última rodada, derrota para Áustria e outra eliminação precoce.
Visando não perder a vaga para o Mundial, a Noruega muda de treinador e chama a lendária meia Hege Riise para o comando da equipe. A ex-atleta faturou todas as conquistas da geração dourada do país e como treinadora levou o sub-19 norueguês ao vice-campeonato europeu de 2022. Sob seu comando, a equipe tem mostrado mais coesão na defesa e crescimento no ataque. Neste quesito, é valido salientar o retorno de Ada Hegerberg, que também volta de lesão e promete levar o seu país ao mesmo patamar que levou as equipes que defendeu na Champions Feminina.
Ao lado de Ada está Caroline Graham Hansen, outra sensação do selecionado e estrela atual do Barcelona. Com uma média aproximada de um gol por jogo, Hansen também volta de lesão e promete ser a rainha das assistências desse torneio.
A Noruega joga pelo Grupo A da Copa do Mundo, abrindo a competição contra a Nova Zelândia no dia 20/7 em Auckland. Cinco dias depois, enfrenta a Suíça em Hamilton e encerra sua primeira fase contra as Filipinas novamente em Auckland.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 – 7440. Nos insira nos seus grupos!