Conheça a Jamaica, adversária do Brasil em amistoso na Arena Fonte Nova
Entre falta de apoio local e reconhecimento internacional, Reggae Girlz usa amistosos para retornar a Copa Feminina
Créditos da foto: Reggae Girlz Foundation/Divulgação
Nesta terça-feira (4/6), na Arena Fonte Nova, o Brasil encerra sua preparação em território nacional para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Para este último jogo dentro de casa, a Seleção terá como adversária a Jamaica, equipe que deu trabalho para o Brasil na última copa - empatando em 0 a 0 e eliminando a equipe canarinho precocemente - mas, que foi goleada por 4 a 0 no último encontro entre as duas nações, realizado no último sábado (1/6) em Recife.
E como uma preparação para este mais novo embate entre brasileiras e jamaicanas, o Aratu On vem trazendo mais informações sobre as adversárias do escrete verde e amarelo. Conheça um pouco das Reggae Girlz, seu futebol feminino quase centenário e o apoio de uma celebridade nacional para sobreviver em meio ao abandono da federação local.
História do Futebol Feminino na Jamaica
Primeira nação caribenha a conseguir uma vaga na Copa do Mundo de Futebol Feminino, a Jamaica briga pelo posto de terceira força entre as nações da América do Norte e Central. Com boas campanhas continentais nos últimos anos, o país deixa de lado uma história de abandono e falta de apoio para se tornar uma referência regional, com suas atletas figurando no futebol norte-americano e europeu.
O futebol feminino jamaicano tem um histórico próprio e que remonta a 1935, com jogos beneficentes e um caloroso debate na mídia local sobre a prática de esportes entre as mulheres. Entretanto, esta mesma mídia relata que o esporte foi praticado com grande apoio popular nos estádios e clubes sendo criados nas principais cidades da ilha.
Infelizmente, temos aí o primeiro ciclo interrompido de uma série de tantos outros na história do futebol feminino jamaicano. A prática passa de um hiato dos anos 40 aos 60 e uma liga é criada novamente em 1975. Em 1987 temos a criação da Associação Jamaicana de Futebol Feminino e existem relatos de ligas regionais sendo disputadas nas cidades locais.
Integradas a federação oficial no início dos anos 90, não demorou muito para que as Reggae Girlz estreassem oficialmente em uma partida de seleções, perdendo para o Haiti por 1 a 0 no Campeonato Feminino da Concacaf de 1991. No mesmo torneio, uma goleada de 9 a 0 para o Canadá e novo tropeço sobre a Costa Rica mostraram que o futebol local precisaria de muita preparação para se equiparar aos adversários.
De fora do Campeonato de 1993, retornaram em 1994 com uma nova goleada retumbante de 10 a 0, desta vez pros Estados Unidos, e figuraram mais uma vez na lanterna da competição. Essa coleção de fracassos levou ao primeiro desfinanciamento da seleção nacional, criando um hiato que perdurou até o ano 2000.
Futebol cresce e briga por protagonismo no Caribe
O futebol feminino cresceu em popularidade dentro do país e uma liga nacional acabou criada em 1999. Com isso, a Jamaica retornou aos gramados no anos 2000 em uma insólita Copa do Caribe, na qual goleou Bermudas por 4 a 1 e foi novamente derrotada pelo Haiti. Em 2002, retornou ao Campeonato da Concacaf, depois de uma curta e exitosa qualificação, para novamente ser lanterna de sua chave e sofrer outra derrota por 9 a 0 das canadenses.
Apesar do resultado na edição de 2002, o futebol local já demonstrava reação e uma evolução era aparente dentro do cenário caribenho. Em 2006, o reflexo de um futebol mais organizado e uma liga nacional começaram a dar frutos. Em um novo Campeonato da Concacaf, a Jamaica superou a fase caribenha com méritos e chegou a fase final vencendo o Panamá por 2 a 0 e perdendo para as canadenses nas semifinais por “apenas” 4 a 0. Na decisão de terceiro lugar, nova derrota de 3 a 0, agora para o México.
Apesar dos últimos resultados, chegar entre as quatro primeiras da América do Norte e Central seria a prova de que o cenário continental estaria prestes a mudar. Entretanto, o fracasso da qualificatória olímpica de 2008, no qual as jamaicanas perderam na fase de grupos para Estados Unidos e México, fez com que a Federação de Futebol Jamaicana dissolvesse a equipe nacional.
Ressurreição e primeira Copa do Mundo
Entre 2008 e 2014, o futebol jamaicano sequer participou de eventos regionais e continentais femininos, fazendo com que a seleção local sequer aparecesse no ranking mundial da FIFA. Com o apoio de Cedella Marley, filha de Bob Marley e embaixadora das Reggae Girlz para arrecadação de fundos, as jamaicanas voltaram ao gramado para a disputa da Copa Caribenha, ficando com o vice-campeonato atrás de Trinidad e Tobago.
No mesmo ano, disputaram novamente o Campeonato da Concacaf, mas caíram na primeira fase em uma chave com Costa Rica e México (classificadas) além da Martinica. O resultado fez novamente o selecionado sofrer uma dissolução da Federação. Em 2016, com apoio mais forte de Cedella Marley, o time seguiu a sua luta por fundos próprios e chegou a utilizar uniformes emprestados e ter um treinador voluntário como um técnico.
Depois de um novo hiato que durou dois anos, a Jamaica retornou aos gramados em preparação a Copa do Mundo 2019. Venceram a eliminatória caribenha sem dificuldades e foram à disputa do continental. Na ocasião, iniciaram perdendo para o Canadá por 2 a 0, mas venceram Costa Rica e Cuba para garantir uma vaga nas semifinais depois de mais de 10 anos.
No mata-mata, foram goleadas pelos Estados Unidos por 6 a 0, mas tinham uma meta para ser alcançada. Em caso de vencerem o Panamá na decisão de terceiro lugar, estariam no Mundial. E depois de uma emocionante disputa de penaltis, finalmente fizeram do sonho uma realidade.
Experiência da Copa leva a segundo Mundial
A jovem equipe caribenha chegou a Copa do Mundo de 2019, na França, com um grupo difícil para superar. Acabaram perdendo para Austrália, Itália e Brasil, três equipes com maior tradição e poder econômico no cenário futebolístico. Entretanto, a garra mostrada pelas atletas abriu os olhos de equipes estrangeiras, que foram atrás e mudaram o cenário local.
Ainda com apoio de Cedella Marley, a Jamaica não esmoreceu e passou a confirmar seu novo status no cenário continental. Mesmo caindo na primeira fase da seletiva olímpica de Tóquio 2020, frente a Canadá e México, o resultado do Campeonato da Concacaf 2022 foi histórico.
No torneio, venceram mexicanas e haitianas na primeira fase, perdendo apenas para os EUA, o que lhes deu o segundo posto na chave e uma vaga para uma nova Copa do Mundo. Nas semi continentais caíram para o Canadá, mas derrotaram a Costa Rica na decisão de terceiro lugar e confirmaram novamente a posição de terceira força local.
Copa 2023, campanha histórica
Voltando ao mundial, a Jamaica teve uma chave complicada na primeira fase, mas conseguiu o resultado mais expressivo em sua história nas Copas do Mundo. Atuando no Grupo F, às Reggae Girlz estrearam contra a toda-poderosa França e arrancaram um empate em 0 a 0, muito celebrado pela equipe comandada por Khadija Shaw.
Logo depois, pela segunda rodada, fizeram um confronto regional com o Panamá e venceram em um importante resultado de 1 a 0. Com quatro pontos, chegaram ao terceiro jogo com vantagem de um ponto sobre o Brasil e precisavam apenas de um empate para avançar de fase.
Aliadas a uma péssima exibição da Seleção Canarinho, as jamaicanas não erraram na marcação e fizeram uma grande apresentação, classificando-se historicamente para as oitavas de final do torneio. Na fase de mata-mata, enfrentaram uma aguerrida Colômbia e fizeram um jogo duro, eliminadas em um solitário 1 a 0.
Direitos iguais e nova geração
Após o torneio, as atletas locais anunciaram em conjunto a reivindicação por melhorias nas condições de trabalho e treino da seleção jamaicana, boicotando a equipe em caso de negativa da federação local.
O impasse fez com que a equipe caribenha sofresse mudanças que afetaram o rendimento do time nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 e nas eliminatórias para a primeira Copa Ouro Feminina, não conseguindo a classificação para a fase final do torneio.
Os amistosos no Brasil são uma nova tentativa de recomeço, com uma equipe que mescla algumas veteranas e novas promessas do futebol local, com uma promessa de melhorias na modalidade. O apoio da Reggae Girlz Foundation e suas doações ainda é essencial para que a equipe sobreviva e seja uma referência a novas gerações.
Mas, quem veio a Salvador?
Das que vieram a capital baiana, os maiores destaques ficam por conta das atacante Jody Brown e Trudi Carter, as irmãs zagueiras Allyson e Chantelle Swaby, a defensora Denisha Blackwood e a goleira Sydney Schneider.
Dentre as estrelas ausentes, a principal é da atacante Khadija “Bunny” Shaw, que hoje atua no Manchester City e tem 56 gols na equipe nacional. Hoje, é a maior artilheira da história do selecionado e com uma carreita exitosa nos Estados Unidos, França e Inglaterra.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).
Para este último jogo dentro de casa, a Seleção terá como adversária a Jamaica, equipe que deu trabalho para o Brasil na última copa - empatando em 0 a 0 e eliminando a equipe canarinho precocemente - mas, que foi goleada por 4 a 0 no último encontro entre as duas nações, realizado no último sábado (1/6) em Recife.
E como uma preparação para este mais novo embate entre brasileiras e jamaicanas, o Aratu On vem trazendo mais informações sobre as adversárias do escrete verde e amarelo. Conheça um pouco das Reggae Girlz, seu futebol feminino quase centenário e o apoio de uma celebridade nacional para sobreviver em meio ao abandono da federação local.
História do Futebol Feminino na Jamaica
Primeira nação caribenha a conseguir uma vaga na Copa do Mundo de Futebol Feminino, a Jamaica briga pelo posto de terceira força entre as nações da América do Norte e Central. Com boas campanhas continentais nos últimos anos, o país deixa de lado uma história de abandono e falta de apoio para se tornar uma referência regional, com suas atletas figurando no futebol norte-americano e europeu.
O futebol feminino jamaicano tem um histórico próprio e que remonta a 1935, com jogos beneficentes e um caloroso debate na mídia local sobre a prática de esportes entre as mulheres. Entretanto, esta mesma mídia relata que o esporte foi praticado com grande apoio popular nos estádios e clubes sendo criados nas principais cidades da ilha.
Infelizmente, temos aí o primeiro ciclo interrompido de uma série de tantos outros na história do futebol feminino jamaicano. A prática passa de um hiato dos anos 40 aos 60 e uma liga é criada novamente em 1975. Em 1987 temos a criação da Associação Jamaicana de Futebol Feminino e existem relatos de ligas regionais sendo disputadas nas cidades locais.
Integradas a federação oficial no início dos anos 90, não demorou muito para que as Reggae Girlz estreassem oficialmente em uma partida de seleções, perdendo para o Haiti por 1 a 0 no Campeonato Feminino da Concacaf de 1991. No mesmo torneio, uma goleada de 9 a 0 para o Canadá e novo tropeço sobre a Costa Rica mostraram que o futebol local precisaria de muita preparação para se equiparar aos adversários.
De fora do Campeonato de 1993, retornaram em 1994 com uma nova goleada retumbante de 10 a 0, desta vez pros Estados Unidos, e figuraram mais uma vez na lanterna da competição. Essa coleção de fracassos levou ao primeiro desfinanciamento da seleção nacional, criando um hiato que perdurou até o ano 2000.
Futebol cresce e briga por protagonismo no Caribe
O futebol feminino cresceu em popularidade dentro do país e uma liga nacional acabou criada em 1999. Com isso, a Jamaica retornou aos gramados no anos 2000 em uma insólita Copa do Caribe, na qual goleou Bermudas por 4 a 1 e foi novamente derrotada pelo Haiti. Em 2002, retornou ao Campeonato da Concacaf, depois de uma curta e exitosa qualificação, para novamente ser lanterna de sua chave e sofrer outra derrota por 9 a 0 das canadenses.
Apesar do resultado na edição de 2002, o futebol local já demonstrava reação e uma evolução era aparente dentro do cenário caribenho. Em 2006, o reflexo de um futebol mais organizado e uma liga nacional começaram a dar frutos. Em um novo Campeonato da Concacaf, a Jamaica superou a fase caribenha com méritos e chegou a fase final vencendo o Panamá por 2 a 0 e perdendo para as canadenses nas semifinais por “apenas” 4 a 0. Na decisão de terceiro lugar, nova derrota de 3 a 0, agora para o México.
Apesar dos últimos resultados, chegar entre as quatro primeiras da América do Norte e Central seria a prova de que o cenário continental estaria prestes a mudar. Entretanto, o fracasso da qualificatória olímpica de 2008, no qual as jamaicanas perderam na fase de grupos para Estados Unidos e México, fez com que a Federação de Futebol Jamaicana dissolvesse a equipe nacional.
Ressurreição e primeira Copa do Mundo
Entre 2008 e 2014, o futebol jamaicano sequer participou de eventos regionais e continentais femininos, fazendo com que a seleção local sequer aparecesse no ranking mundial da FIFA. Com o apoio de Cedella Marley, filha de Bob Marley e embaixadora das Reggae Girlz para arrecadação de fundos, as jamaicanas voltaram ao gramado para a disputa da Copa Caribenha, ficando com o vice-campeonato atrás de Trinidad e Tobago.
No mesmo ano, disputaram novamente o Campeonato da Concacaf, mas caíram na primeira fase em uma chave com Costa Rica e México (classificadas) além da Martinica. O resultado fez novamente o selecionado sofrer uma dissolução da Federação. Em 2016, com apoio mais forte de Cedella Marley, o time seguiu a sua luta por fundos próprios e chegou a utilizar uniformes emprestados e ter um treinador voluntário como um técnico.
Depois de um novo hiato que durou dois anos, a Jamaica retornou aos gramados em preparação a Copa do Mundo 2019. Venceram a eliminatória caribenha sem dificuldades e foram à disputa do continental. Na ocasião, iniciaram perdendo para o Canadá por 2 a 0, mas venceram Costa Rica e Cuba para garantir uma vaga nas semifinais depois de mais de 10 anos.
No mata-mata, foram goleadas pelos Estados Unidos por 6 a 0, mas tinham uma meta para ser alcançada. Em caso de vencerem o Panamá na decisão de terceiro lugar, estariam no Mundial. E depois de uma emocionante disputa de penaltis, finalmente fizeram do sonho uma realidade.
Experiência da Copa leva a segundo Mundial
A jovem equipe caribenha chegou a Copa do Mundo de 2019, na França, com um grupo difícil para superar. Acabaram perdendo para Austrália, Itália e Brasil, três equipes com maior tradição e poder econômico no cenário futebolístico. Entretanto, a garra mostrada pelas atletas abriu os olhos de equipes estrangeiras, que foram atrás e mudaram o cenário local.
Ainda com apoio de Cedella Marley, a Jamaica não esmoreceu e passou a confirmar seu novo status no cenário continental. Mesmo caindo na primeira fase da seletiva olímpica de Tóquio 2020, frente a Canadá e México, o resultado do Campeonato da Concacaf 2022 foi histórico.
No torneio, venceram mexicanas e haitianas na primeira fase, perdendo apenas para os EUA, o que lhes deu o segundo posto na chave e uma vaga para uma nova Copa do Mundo. Nas semi continentais caíram para o Canadá, mas derrotaram a Costa Rica na decisão de terceiro lugar e confirmaram novamente a posição de terceira força local.
Copa 2023, campanha histórica
Voltando ao mundial, a Jamaica teve uma chave complicada na primeira fase, mas conseguiu o resultado mais expressivo em sua história nas Copas do Mundo. Atuando no Grupo F, às Reggae Girlz estrearam contra a toda-poderosa França e arrancaram um empate em 0 a 0, muito celebrado pela equipe comandada por Khadija Shaw.
Logo depois, pela segunda rodada, fizeram um confronto regional com o Panamá e venceram em um importante resultado de 1 a 0. Com quatro pontos, chegaram ao terceiro jogo com vantagem de um ponto sobre o Brasil e precisavam apenas de um empate para avançar de fase.
Aliadas a uma péssima exibição da Seleção Canarinho, as jamaicanas não erraram na marcação e fizeram uma grande apresentação, classificando-se historicamente para as oitavas de final do torneio. Na fase de mata-mata, enfrentaram uma aguerrida Colômbia e fizeram um jogo duro, eliminadas em um solitário 1 a 0.
Direitos iguais e nova geração
Após o torneio, as atletas locais anunciaram em conjunto a reivindicação por melhorias nas condições de trabalho e treino da seleção jamaicana, boicotando a equipe em caso de negativa da federação local.
O impasse fez com que a equipe caribenha sofresse mudanças que afetaram o rendimento do time nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 e nas eliminatórias para a primeira Copa Ouro Feminina, não conseguindo a classificação para a fase final do torneio.
Os amistosos no Brasil são uma nova tentativa de recomeço, com uma equipe que mescla algumas veteranas e novas promessas do futebol local, com uma promessa de melhorias na modalidade. O apoio da Reggae Girlz Foundation e suas doações ainda é essencial para que a equipe sobreviva e seja uma referência a novas gerações.
Mas, quem veio a Salvador?
Das que vieram a capital baiana, os maiores destaques ficam por conta das atacante Jody Brown e Trudi Carter, as irmãs zagueiras Allyson e Chantelle Swaby, a defensora Denisha Blackwood e a goleira Sydney Schneider.
Dentre as estrelas ausentes, a principal é da atacante Khadija “Bunny” Shaw, que hoje atua no Manchester City e tem 56 gols na equipe nacional. Hoje, é a maior artilheira da história do selecionado e com uma carreita exitosa nos Estados Unidos, França e Inglaterra.
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