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Copa 2023: Atual campeã asiática, China quer voltar à elite mundial e sonha com título inédito

Vice-campeã mundial e olímpica na década de 90, Rosas de Aço querem voltar ao primeiro escalão do futebol feminino com título inédito

Por Da Redação

Copa 2023: Atual campeã asiática, China quer voltar à elite mundial e sonha com título inéditoDivulgação
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Potência esportiva e econômica, a China tem históricos bem distintos na comparação entre suas seleções masculina e feminina de futebol: Enquanto os homens participaram apenas de uma Copa do Mundo e nunca venceram a Copa da Ásia, as mulheres já foram protagonistas no cenário, dominando o continente por 13 anos, conquistando a medalha de prata dos Jogos Olímpicos e chegando ao vice-campeonato mundial. Sem voltar a uma decisão de Copa em 20 anos, as Rosas de Aço se vêem renascidas com um novo título asiático e querem voltar a figurar entre os quatro melhores países da modalidade.
Origem milenar e primeiras participações
Enquanto a Inglaterra é reconhecida como o berço do futebol como conhecemos, podemos dizer que a China é a terra do avô deste esporte: o Cuju. Praticado por duas equipes de 12 a 16 jogadores, esta prática era jogada em um campo retangular com uma trave de no gol no centro do campo e a bola era tocada com qualquer parte do corpo, menos braços e mãos.
Este esporte foi aperfeiçoado durante os anos da Dinastia Tang, entre 618 e 907, e desde esse período já existia a prática feminina. Um exemplo popular no país é sobre a lenda de uma menina de 17 que venceu sozinha um time de soldados.
Em relação ao futebol moderno, levado pelos ingleses aos países de todo o globo, o primeiro relato na China vem do ano de 1924, quando a professora Sheng Kunnan, do Instituto de Educação Física Feminina de Liangjiang, traduziu o livro de regras do esporte e passou a comandar uma equipe feminina do local.

Depois da Segunda Guerra Mundial e da Revolução Comunista, o esporte chinês passou por um processo de reconhecimento e investimento nos anos 70, com o futebol feminino participando do processo. Até o início dos anos 80, a modalidade seguiu restrita apenas ao país e não participou de eventos internacionais, como a Copa Asiática que já era realizada desde 75 de maneira independente.
Após a realização de campeonatos escolares e regionais, torneios nacionais ajudaram na popularização da modalidade e sua importância perante um estado que glorificava o esporte como propaganda de sucesso nacional. Em 1986, a seleção chinesa fez sua primeira partida internacional ao perder para os Estados Unidos por 2 a 1.
No mesmo ano, a China entrou na disputa da Copa Asiática e passou a dominar o torneio por um período de treze anos. Na sua primeira participação, derrotou Japão e Malásia na fase de grupos, vence a Indonésia nas semifinais e fatura o título contra o mesmo Japão na decisão. Em 89, repetiu o feito ao vencer Taiwan, Coreia do Norte e Tailândia na primeira fase, passa por Hong Kong nas semi e derrota novamente os taiwaneses na decisão.
O domínio ainda perdurou por mais cinco edições do torneio com algumas curiosidades: O primeiro empate chinês na Copa Asiática foi apenas em 93, contra a Coreia do Norte e a primeira derrota apenas em 2001, contra os mesmos norte-coreanos. Aliás, vale destacar que os adversários mas difíceis das Rosas de Aço neste período eram justamente o seu vizinho comunista como também os taiwaneses, que antes da entrada chinesa dominavam a competição.

Voltando um pouco para trás, o título de 1991 leva a equipe para a primeira Copa do Mundo organizada pela FIFA no mesmo ano. E as chinesas não fazem feio, goleando Noruega e Nova Zelândia na primeira fase, além de um empate com a Dinamarca pela mesma etapa. Mesmo caindo nas quartas de final para a Suécia, o primeiro teste foi satisfatório para o país, que retornou na Copa de 1995 mais empenhado no título.
Depois de empatar com os EUA na fase de grupos, as Rosas derrotaram Austrália e Dinamarca na sequência para depois superar a Suécia em uma revanche emocionante e cair perante a Alemanha nas semifinais. Na decisão de terceiro lugar, caiu perante os EUA e amargou a quarta colocação.
Vice-Campeonato, prata olímpica e início do declinio
Diferente do futebol masculino, a modalidade feminina tem nos Jogos Olímpicos um segundo torneio mundial de grande importância. Podendo usar equipes titulares, a competição é quase como uma Copa das Confederações para as mulheres e se torna um torneio de luxo, abaixo apenas da Copa.
Na primeira edição, em 1996, a China ensaiou o que demonstraria três anos depois: Passou em primeiro na fase de grupos contra Estados Unidos, Suécia e Dinamarca, eliminou o Brasil em um emocionante 3 a 2 e chegou à final contra as americanas, sendo derrotadas por 2 a 1 e conquistando uma histórica prata.

Em 1999 veio o grande momento do futebol chinês na Copa do Mundo. Sob o comando da atacante Sun Wen, um verdadeiro fenômeno no futebol feminino e considerada uma das melhores de todos os tempos,  a China desbancou Suécia, Austrália e Gana na primeira fase, derrotou a Rússia nas quartas de final e superou a Noruega nas semifinais.
Entretanto, a decisão foi contra as anfitriãs americanas, que seguraram um empate em 0 a 0 e levaram a decisão para os pênaltis, com vitória estadunidense por 5 a 4.
A equipe ainda conseguiu um heptacampeonato continental no mesmo  ano, mas a chegada do século XX não trouxe felicidade a seleção oriental. Com uma gradativa evolução do esporte nos países vizinhos e também no resto do mundo, a China não se adaptou aos novos tempos e passou a se tornar um coadjuvante de luxo nos torneios seguintes.

O primeiro sintoma apareceu nos Jogos de Sydney, quando nem passaram de fase em uma chave com Estados Unidos e Noruega, eternos rivais no esporte. Já na Copa da Ásia de 2001, sofreu sua primeira derrota no torneio e viu a Coreia do Norte levantar a taça. Dois anos depois, retornou a decisão que não participava desde 1996, mas novamente foram superadas pela vizinho comunista.
Na Copa do Mundo do mesmo ano, liderou sua chave  mas acabou superada pelo Canadá nas quartas de final. Já em Atenas 2004, mais uma vez caiu na fase de grupos em uma chave com três times: Alemanha e México. Nessa ocasião, sofreu uma pesada e dolorosa goleada de 8 a 0 para as germânicas.
O torneio asiático entrou em nova fase, com eliminatórias e periodicidade de quatro em quatro anos, e a China retornou ao maior patamar. Entretanto, as Rosas de Aço sofreram para ganhar o octacampeonato: perderam para o Japão na fase de grupos, chegaram às finais com alguns placares magros e decidiram a competição contra a Austrália na disputa de penalidades.
Para a Copa de 2007, na qual foram anfitriãs, viram um emergente Brasil aplicar uma goleada de 4 a 0 sobre elas e se classificaram na segunda colocação. No mata-mata, saíram contra a Noruega por 1 a 0 e decepcionaram toda uma nação.
Um ano depois, sediaram os Jogos de Pequim e tiveram outra chance de vencer um campeonato a frente da torcida. O resultado foi indigesto, caindo nas quartas para um Japão que crescia mais e mais e se tornava uma referência no cenário.
Três anos depois, na Copa da Ásia que também sediaram, a China foi mais uma vez vítima de sua carrasca norte-coreana e caiu nas semifinais, assistindo a asenção da Austrália no continente. Na decisão de terceiro lugar, perderam para o Japão e nem conseguiram chegar à Copa do Mundo de 2011 e os Jogos Olímpicos de 2012. O pior: viram as nipônicas levantarem um inédito título mundial para o continente asiático e a prata olímpica em seguida.

Recuperação e novo título asiático
Mesmo sendo um dos esportes mais práticados no país, o futebol passa por um momento delicado no país quando se trata do feminino. Com reformulações que afastaram o público de sua liga nacional, a população chines não só deixou de acompanhar a modalidade como também tem praticado menos.
Em 2005, um estudo com pais de meninas do ensino médio descobriu que mais de 40% consideravam o esporte inadequado para mulheres, com apenas 22% dizendo que permitiriam que suas filhas treinassem para uma carreira em potencial no esporte.
Mesmo se mantendo entre as melhores da ásia, o jejum de títulos demonstrava a estagnação que passava o esporte na China. Em 2014, o país se viu mais uma vez caindo para a decisão de terceiro lugar, com o Japão se transformando em seu mais novo carrasco e a Coreia do Sul muito perto de igualar os feitos de sua vizinha do norte.
Na Copa do Mundo de 2015, a equipe retorna ao mundial sem fazer feio e se classificando em segundo lugar após perder para o Canadá, vencer a Holanda e empatar com a Nova Zelândia. Nas inéditas oitavas passaram por Camarões e caíram para as carrascas norte-americanas por 1 a 0 nas quartas.  Nos Jogo de 2016, perderam para o Brasil, venceram a África do Sul e empataram com a Suécia. Porém, seguiram estigmatizadas em cair nas quartas de final, desta vez para a Alemanhha.

O novo ciclo aberto em 2018 também não foi feliz as chinesas, que mesmo mantendo-se entre as primeiras da Ásia seguiam caindo na disputa para o terceiro lugar. E novamente para o Japão. Para a Copa de 2019, o time caiu perante a Alemanha na primeira rodada, mas se recuperou vencendo a África do Sul e empatando com a Espanha.
O resultado fez as Rosas de Aço passarem como um dos melhores terceiros colocados. Nas oitavas, a derrota para a Itália fez acender uma alerta que se confirmou nos Jogos de Tóquio. Última da chave, a China teve como maior destaque desse torneio um empate em 4 a 4 contra a surpreendente Zâmbia, e as goleadas de 5 a 0 e 8 a 3 sofridas contra Brasil e Holanda, respectivamente.
Daí em diante, a federação e o governo chinês criaram um novo plano de popularidade e prática no país. A intenção é retransformar a nação em potência, com planos e metas até o ano de 2035.
China na Copa do Mundo 2022
Para voltar a Copa do Mundo, a China conseguiu quebrar um indigesto tabu na Copa Asiática. Liderou uma chave contra Taiwan e Irã, passou pelo Vietnã nas quartas de final e superou o Japão nos penaltis, após empatar em 2 a 2. Na final, contra uma surpreendente Coreia do Sul, as chinesas tiveram um histórico resultado de 3 a 2 para levantar o caneco.

Comandando a equipe em campo está a veterana atacante Wang Shanshan. que quer usar sua experiência para levar o país de volta ao patamar de protagonista. Entretanto, a própria atleta exalta o comando da treinadora Shui Qingxia, prata olímpica como jogadora em 96 e que mudou o modo de jogar o país depois dos últimos fiascos.
"Ela trouxe mais coesão para o time e mais confiança para todas. Sob o comando da técnica Shui, estamos jogando nosso próprio jogo. Esperamos agora poder mostrar o espírito do futebol feminino chinês e nossas táticas radicais em um nível mais alto e em um palco maior.", afirma a atleta.
https://twitter.com/afcasiancup/status/1489467682344914945?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1489467682344914945%7Ctwgr%5E2be721d083f14806de6c00a60b39110510ed5d94%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.fifa.com%2Ffifaplus%2Fpt%2Ftournaments%2Fwomens%2Fwomensworldcup%2Faustralia-new-zealand2023%2Farticles%2Fwang-shanshan-china-destaque-copa-do-mundo-feminina-2023-fifa-entrevista
Além de Shanshan, outro destaque é sua parceira de ataque: Wang Shuang. As duas conseguiram  levar o país a um título continental depois de 15 anos e tem um entrosamento poucas vezes visto no futebol mundial. Além delas, a badalada Tang Jiali, com passagens por clubes europeus, é a esperança de movimentação e habilidade no ataque chinês.
Presente no Grupo D, a China estreia no dia 22/7 contra a Dinamarca em Perth. Depois, no dia 28, enfrenta o Haiti no Hindmarsh Stadium, em Adelaide, encerrando sua participação na fase de grupos no dia 1/8 novamente em Adelaide contra a Inglaterra.

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