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Bamor versus Imbatíveis, rivalidade que vai além do futebol

Bamor versus Imbatíveis, rivalidade que vai além do futebol

Por Jean Mendes

Bamor versus Imbatíveis, rivalidade que vai além do futebolreprodução/You Tube

A prisão de Jonas de Sousa Santos, autor confesso do assassinato de Lucas dos Santos Lima, o ?Chapolin?, levanta a discussão sobre a rivalidade no futebol baiano. Tal antagonismo não é aquele saudável dos times que se enfrentam em campo de jogo, mas de integrantes de torcidas organizadas que veem no rival um inimigo, a ponto de assassinar. Jonas era integrante da Bamor, torcida organizada do Bahia, quando matou Chapolin, integrante dos Imbatíveis, uma das organizadas do Vitória.


O professor e jornalista Paulo Leandro estuda os textos jornalísticos que falam sobre violência entre torcidas em seu artigo “A dramatização da violência da torcida como valor-notícia nos jornais baianos: o clássico Bahia x Vitória”. Nele, Paulo diz que “Em uma análise qualitativa de 326 textos publicados em jornais baianos entre 1932 e 2011, é possível encontrar indícios que sinalizam a superação do paradigma assistência, como era denominado o público esportivo pacato, cordial e que atendia aos valores do desporto neo-olímpico, conforme preconizado pelo Barão de Coubertin”, escreveu o jornalista, referindo-se ao fim do perfil civilizado e pacífico dos torcedores dos times.


Os torcedores de Bahia e Vitória divergem sobre a violência. Para Marcus Matos, “Tirando as torcidas organizadas, não são violentas. Eu ando com a camisa do Vitória em qualquer lugar aqui no estado”, já Vinícius Carmo diz que “Não. É um dos poucos estados que as duas torcidas convivem harmoniosamente. Os baianos levam na gozação o time rival, sem violência, isso é raro. Fica por parte das Organizadas. Diferente de outros clássicos como o Gre-Nal, Corinthians x Palmeiras e etc. Aqui a rivalidade é sadia” comentou. Os questionamentos foram feitos em grupos relacionados a esporte, inclusive do “No Campo do 4”, programa da Tv Aratu.


Veja os principais comentários:


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O “Caso Chapolin” não é um fato isolado. O Aratu Online fez um levantamento de fatos que chamaram atenção pela crueldade e que contestam a versão de alguns torcedores que afirmam que o futebol da Bahia é “da paz”.


Veja os casos relacionados a briga entre torcidas:


2006

O primeiro caso registrado de morte relacionada a briga entre organizadas foi o de Hermílio Ribeiro Júnior, torcedor rubro-negro. Ele sofreu uma emboscada no dia 12 de abril por integrantes da Bamor quando saia do jogo contra o Cruzeiro.


2008

Durante um aniversário na região da Chapada do Rio Vermelho, três torcedores ligados à Torcida Uniformizda Imbatíveis (TUI) entraram na festa atirando no dia 21 de dezembro. O alvo era Alessandro Barbosa da Silveira, mais conhecido como Zangão, integrante da Bamor, mas Wellington Rodrigues Oliveira Júnior, irmão da aniversariante, foi alvejado e morreu na hora.


“Eles foram facilmente identificados porque se tratava de uma antiga rixa de bairro, viviam se insultando”, disse, à época, a delegada Claudenice Teixeira Cerqueira Mayo.


2010

Em abril, o adolescente Wesley Oliveira Almeida, de 15 anos, torcedor do Bahia, foi atingido por um tiro na cabeça quando saía de um Ba-Vi, no estádio de Pituaçu. O amigo que estava com ele no diz relatou que foram integrantes da Imbatíveis que deflagramam os tiros: “Estávamos voltando pra casa e atiraram por nada, foi covardia”, relata.


2013

Um adolescente de 14 anos, que era torcedor do Vitória, foi assassinado no dia 17 de novembro, no Largo do Tanque, em Salvador. À época, testemunhas disseram que a ação foi feita por torcedores trajados com camisas da uniformizada Bamor.


A polícia disse que Mateus Costa Leôncio Dias e mais dois integrantes da TUI também foram atingidos pelos tiros. O menor S.H.B.S., de 16 anos, foi baleado no pé esquerdo e Victor Leon D?Ávila dos Santos, de 25 anos, morador do Rio Sena, recebeu um tiro na coxa. Ambos foram encaminhados para o Hospital Geral do Estado (HGE).


2014

O crime aconteceu na rua Odilon Dórea, por volta de 9h do dia 13 de abril. Um grupo da Bamor foi esfaqueado quando se concentrava no local para assistir ao jogo decisivo pelo Campeonato Baiano contra o Vitória. Três pessoas ficaram feridas. Na oportunidade, César Góes Barbosa, de 25 anos, precisou ser encaminhado para o Hospital Geral do Estado.


Caso Chapolin

O crime aconteceu no dia 25 de abril. No dia do homicídio, o trio (Jonas, Assiel e Daniel) chegou ao endereço da vítima, a bordo de um Pálio cinza, placa NIM-6663, locado na véspera por Assiel, que o pilotava. Assiel e Jonas se encontraram com Daniel na Estação da Lapa e se dirigiram para os Barris. A rua General Labatut estava engarrafada e eles reduziram a velocidade do carro, para conferir se Chapolim, que era puxador da TUI, estava na loja. O grupo adentrou à loja e deflagou os tiros contra a vítima, que morreu na hora.


O Aratu Online tentou, insistentemente, entrar em contato com a presidência das duas torcidas mas não foi atendido. Já a Federação Baiana de Futebol afirmou que não é de competência do órgão falar sobre torcidas. Já a Polícia Militar, que faz a segurança nos estádios, também não respondeu a solicitação do Aratu Online.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

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