O Bem Transforma: Projeto Tamar completa 40 anos com atuação premiada na conservação marinha
Projeto foi criado por oceanógrafo e estudantes que se espantaram ao testemunhar pescadores matando tartaturas marinhas
As tartarugas marinhas já integravam a lista de espécies ameaças de extinção, nos anos 70, sobretudo pelas atividades de pesca, matança das fêmeas e coleta de ovos nas praias. Mas, foi observando mais atentamente a vida marinha no litoral brasileiro, naquele período, que o oceanógrafo Guy Marcovaldi e um grupo de aproximadamente 15 estudantes do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se espantaram com o que viram: pescadores que acompanhavam a desova de tartarugas marinhas matando 11 delas de uma só vez.
O oceanógrafo e os estudantes perceberam, ali, a necessidade urgente de proteção daquele ecossistema. Então, após expedições e pesquisas, em 1980, surgiu o Projeto Tamar, cujo nome é uma abreviação de tartaruga marinha. Essa junção das palavras também era utilizada nas pequenas placas de metal utilizadas na identificação dos animais.
Para Guy Marcovaldai, "a virada de chave" do Projeto Tamar ocorreu quando a organização passou a oferecer empregos aos pescadores que viviam da morte e consumo das tartarugas marinhas. "Era preciso se juntar a eles", relatou o oceanógrafo e fundador do projeto ao Aratu On. Desde então, são 40 anos atuando na recuperação das tartarugas por meio de ações de pesquisa, conservação e inclusão.
Ao longo desse tempo, o Tamar conquistou reconhecimento internacionalmente como uma das mais bem-sucedidas experiências de conservação marinha e se tornou modelo para programas do Brasil e de outros países, principalmente pela inclusão das comunidades nas iniciativas. Por conta desse trabalho, no último dia 30, a iniciativa foi homenageada com o troféu "O Bem Transforma", da TV Aratu, na categoria "Meio Ambiente e Natureza". A gestora do Centro de Visitantes do Tamar, Tatiana Araújo, representou a organização.
Tatiana Araújo recebeu o troféu 'O Bem Transforma' das mãos do superintendente da TV Aratu, João Gomes | Foto: Luiz Fernandes/TV Aratu
PROTETORES AMBIENTAIS
Para o fundador do projeto, houve uma evolução considerável no campo da proteção ambiental no Brasil desde a década de 1980, quando o Tamar foi fundado. "Antigamente o perfil [do protetor ambiental] era de aventureiro passando por muita dificuldade, e, hoje em dia, alcançamos um nível onde as pessoas conseguiram se conscientizar e abraçar o projeto, dando continuidade com os cuidados dos animais", disse o oceanógrafo.
Segundo Marcovaldai, ainda há muitos locais no Brasil precisando da atuação de profissionais em prol da conservação ambiental. "Então, se alguém sentir o mesmo desejo dos jovens da década de 70, pode ir sem medo que tem algum lugar esperando para ser explorado", convocou o fundador do Projeto Tamar, que também se tornou um importante centro para formação de jovens protetores ambientais.
É o caso da estudante de Biologia da Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Pâmela Santos, que estagiou no Projeto Tamar. "Foi um sonho realizado ver de perto as tartarugas filhotes, acompanhar a desova entender como funciona todas as etapas e a importância desse processo", conta Pâmela. Para ela, a experiência trouxe "riqueza" à formação dela como bióloga.
No Tamar, ela era responsável por cuidar dos ovos de tartaruga, identificar e marcar os ninhos e contar o número de ovos. "Aprendi a trabalhar com amor todos os dias e que sempre podemos aprender mais e mais", afirmou Pâmela.
Pâmela Santos estagiou no Projeto Tamar e conta como foi a realização de um sonho/ Foto: Lucas Wendell
Esta reportagem é a sétima de uma série do Aratu On sobre os 15 vencedores do prêmio “O Bem Transforma”, homenagem da TV Aratu para pessoas e instituições que contribuem para a construção de uma Bahia melhor. A cerimônia de entrega dos prêmios foi realizada no dia 30 de outubro.
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