O Bem Transforma: padre Edson diz que trabalha para 'conscientizar as pessoas para que sejam instrumentos de paz'
Padre Edson Menezes é reitor da Catedral Basílica do Bonfim há 16 anos
Reitor da Catedral Basílica do Bonfim há 16 anos, o padre Edson Menezes foi um dos vencedores do projeto "O Bem Transforma", da TV Aratu, que premia pessoas e instituições com iniciativas que impactam positivamente a sociedade.
Contemplado na categoria "Promoção da Paz" devido ao trabalho de combate à intolerância religiosa, o sacerdote falou ao Aratu On sobre a premiação:
"Fiquei muito contente com a premiação e entendi que foi uma resposta ao trabalho que a gente faz de conscientização, com relação à questão da intolerância religiosa que hoje é muito evidente e a gente precisa combater e ter coragem para combater".
A PREGAÇÃO DA PAZ EM UM MUNDO DE GUERRAS
Estando em um momento em que Salvador passa por diversos problemas de segurança pública, e o mundo registra conflitos brutais - como os da Rússia com a Ucrânia ou mesmo a disputa entre Israel e o Hamas, na Palestina -, padre Edson é muito direto ao dizer que os trabalhos de promoção da paz e de combate às intolerâncias são ainda mais necessários.
"O papel da igreja, particularmente o da Igreja do Bonfim, é de conscientizar as pessoas, para que cada um se torne um instrumento de paz, de denunciar todos os atos, todas as ações e posturas que são contrárias a perspectiva do diálogo, do respeito pelo outro", declarou. "A igreja do Bonfim tem esse papel e essa missão diferenciada, de ser esse lugar onde as pessoas encontram uma resposta para suas dúvidas, é um lugar que tem a missão de iluminar as pessoas e de ajudar a que cada pessoa possa enxergar aquilo que é certo", completou o pároco.
Foto: Luanne Ribeio
“Eu sempre digo que eu sou um eterno aluno matriculado na Escola da Misericórdia que é a Igreja do Bonfim”
ABERTURA AO DIÁLOGO E ACOLHIMENTO
A atuação do padre Edson à frente da Basílica do Bonfim ganhou repercussão no ano passado, após um vídeo de uma homília viralizar nas redes sociais. Na gravação, o religioso fala sobre o acolhimento a pessoas de outras religiões, no caso, candomblé. "Eu acolho bem o pessoal do candomblé. Acolho, mesmo, porque não sou melhor do que eles. Acolho qualquer religião, seja quem, seja o que for", disse, à época.
Na pregação, ele ainda diz: "O Senhor do Bonfim está assim [abre os braços] e não assim [fecha os braços e depois os cruza]. Como é que vou fechar meus braços, se ele está com os braços abertos?", perguntou. Em outro momento, o pároco afirma que procura olhar o coração da pessoa, mas confessa que encontra algumas dificuldades devido à sua postura. "Tem alguns que vêm reclamar comigo: 'o senhor não viu aquela pessoa com a roupa que está?'. Eu olho para ela e penso: 'coitadinha!'".
Divulgação
Sendo a Basílica do Bonfim esse lugar de grande importância para a cultura baiana, apontada como um "local de encontro" pelo reitor, as ações e trabalhos desenvolvidos no templo já provocaram mudanças drásticas na vida de muitas pessoas, como a de Simone Reis, fiel e voluntária na área de produção de eventos organizados pela igreja.
'Filha' da Cidade Baixa, como gosta de dizer, Simone conheceu Pe. Edson em 2015 e desde então participa de atividades na Basílica e acompanha o trabalho realizado pelo sacerdote.
"O processo de servir, na Colina Sagrada, é muito importante para quem está lá, inserido nesse contexto, porque essa é uma das coisas mais importantes, uma das virtudes que nós podemos ter na nossa vida religiosa. Então, acho que é isso que move a gente, é essa possibilidade de ficarmos nos colocando no lugar do outro, nos colocamos à disposição do outro, seguindo o exemplo dele [o padre]", revelou.
O LEGADO DEIXADO
A produtora cultural falou ainda sobre qual é o legado que padre Edson tem deixado para a Igreja é a "luta contra o não preconceito e a intolerância religiosa, seja ela qual for":
"Essa é uma luta constante, presente no dia a dia dele. Seja no momento de pregar o Evangelho ou mesmo nas posições que ele assume. Então é um trabalho contínuo, constante. O legado que está sendo construído é pensar sacerdócio para pregar a paz", finalizou.
Sobre sua missão de vida, o baiano natural de Salinas das Margaridas afirma que seu objetivo é "manter um discurso correspondente a essa mística da Igreja do Bonfim, que possa denunciar todo tipo de reação, de postura contrária, a perspectiva do diálogo, uma perspectiva do respeito, a perspectiva do combate a qualquer tipo de intolerância religiosa. Eu sempre peço a Deus a graça de ser um instrumento de paz".
Com a proximidade do Natal e todo seu significado para a religião, padre Edson deixou um pedido de paz para todos:
"Eu quero pedir que todas as pessoas procurem sempre cultivar no seu coração aquilo que é bom, o desejo de fazer sempre o bem, sem olhar a quem. Que cada um de nós procure através de pequenos gestos, de pequenas ações somar, aproximar, favorecer o encontro. Temos que cultivar a cultura do encontro, a cultura da Paz".
Esta reportagem é a quarta de uma série do Aratu On sobre os 15 vencedores do prêmio “O Bem Transforma”, homenagem da TV Aratu para pessoas e instituições que contribuem para a construção de uma Bahia melhor. A cerimônia de entrega dos prêmios foi realizada no dia 30 de outubro.
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