Na contramão da maior taxa de desocupação do país, Bahia tem crescimento no número de trabalhadores autônomos
O número de trabalhadores por conta própria teve um leve aumento entre o quarto trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021, passando de 2,742 milhões para 2,762 milhões (+20 mil).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no mês passado, que a Bahia atingiu o percentual de 21,3% de taxa de desocupação no primeiro trimestre de 2021. Esse é o maior número alcançado, desde 2012, fazendo com que o estado lidere o ranking de maior taxa de desemprego no país.
Conforme o órgão, 1.386 pessoas estavam desocupadas durante o primeiro trimestre do ano, na Bahia. O levantamento aponta que, se comparado ao mesmo período de 2020, o saldo no número de pessoas em ocupação ficou negativo para todas as formas de inserção no mercado de trabalho, o que significa que, houve mais saídas do que entradas.
No entanto, uma categoria teve variação positiva no levantamento do IBGE: os autônomos. O número de trabalhadores por conta própria teve um leve aumento entre o quarto trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021, passando de 2,742 milhões para 2,762 milhões (+20 mil).
"O crescimento não é, ainda, estatisticamente significativo, mas pelo menos mostrou um movimento positivo", explica a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros.
"É fácil de entender porque a ocupação teve essa pequena variação positiva entre os autônomos. Se inserir no mercado de trabalho por conta própria é mais 'fácil'. Você procura um emprego, um trabalho formal, você não encontra, e você precisa pagar suas contas, precisa viver, se alimentar, e a inserção por meio do trabalho autônomo é mais acessível", complementa Viveiros.
"A gente também teve algumas atividades em que os trabalhadores por conta própria são muito característicos e que tiveram pequenos saldos positivos, entre o fim de 2020 e o início de 2021. Foi o caso, por exemplo, do comércio, da agropecuária e de alguns serviços", esclareceu.
NA CONTRAMÃO DA CRISE
O casal Felipe Alexandre Cunha Magalhães, 25 anos, e Juci Kelle Lima da Conceição, 29, hoje administra um pequeno comércio de entrega de bebidas e alimentos por delivery. O negócio foi criado logo após o começo da pandemia, como uma forma de obter dinheiro.
"Com a pandemia, a gente se viu apertado com as contas a pagar, sem saber direito o que fazer. Foi daí que a gente começou a pensar em uma solução pra sair dessa crise. Porque, não é só a pandemia, não é só a doença. Com a doença veio uma crise econômica enorme", conta Felipe, acrescentando que o casal pesquisou e estudou bastante, até chegar à definição do negócio.
Inicialmente, a ideia era fazer delivery de batata-frita, mas, segundo Felipe, o objetivo era sair do óbvio. "A gente não queria só uma simples batata-frita, porque isso a gente acha em qualquer lugar que a gente for. Ai veio a ideia de botar a batata naquelas barcas de comida japonesa, e junto com a batata-frita poderia vir carne do sol, calabresa, frango, ovo de codorna... A pessoa poderia montar sua barca", detalha o rapaz.
Para investir no negócio, o casal usou um cartão de crédito para comprar os equipamentos necessários. A aposta de negócio, no entanto, era arriscada, poderia dar errado, mas os preferiram insistir. "Se não desse certo, a gente ia ficar com as dívidas, que já tínhamos, mais a do cartão de crédito. Mas, não pensamos só nos riscos. Estudamos muito para minimizar esses riscos", conta o jovem autônomo.
Quando o serviço começou a dar algum lucro, os dois investiram em um fogão industrial para facilitar o trabalho. A parceria também foi fundamental para que o negócio desse certo, já que, enquanto Felipe realizava as entregas, Kelly preparava os pedidos.
Meses depois, observando a alta do delivery durante a pandemia, o casal investiu também na entrega de bebidas. O negócio obriga a dedicação de muitas horas de trabalho, inclusive de madrugada, mas o jovem casal não se arrepende.
Com o sucesso das vendas, no início de 2021, eles investiram em uma loja física. O negócio, que começou como um simples delivery em casa, hoje funciona como uma distribuidora de bebidas. "A gente quer crescer cada vez mais, montar uma segunda, terceira loja. O lucro que der aqui a gente quer investir em outra coisa, pra gente não ter só uma fonte de renda, mas várias. Se uma quebrar, a gente tem a outra", conclui o rapaz.
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