Assista à história de Helder, baiano que driblou as dificuldades e tirou nota máxima na redação do Enem
Aluno nota mil, estudante de Xique-Xique driblou dificuldade no acesso à internet e estudou por meio de livros.
Xique-Xique é um município baiano que fica a 588 km da capital, Salvador. A história do jovem Helder dos Santos Lima, 19 anos, começou por lá. Talvez você tenha ouvido falar nesse nome, recentemente. O baiano está entre os 28 candidatos que tiraram a pontuação máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. Ele, inclusive, já apareceu aqui no Aratu On. Sua trajetória é tão bonita que contamos novamente, agora em vídeo.
Filho da professora Juliana, que atua na rede municipal de ensino, e do porteiro Nilton, Helder foi um dos mais de 5,7 milhões de inscritos que se arriscou a fazer a prova, em ano de pandemia. A edição 2020 do exame teve recorde de abstenções: mais de 3 milhões de candidatos não compareceram a um ou dois dias da aplicação dos exames.
Tradicionalmente, o Enem é realizado no mês de novembro, mas por conta da pandemia, foi adiado para janeiro deste ano. O fato das aulas presenciais terem sido suspensas desde março do ano passado teve bastante peso na pontuação: mais de 87 mil zeraram a nota da redação, que teve como tema "o estigma relacionado às doenças mentais na sociedade brasileira".
O jovem, que cursou todo o ensino médio em escola pública, e concluiu os estudos no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, em Xique-Xique, chegou a ter dificuldades no acesso básico à internet, mas driblou a situação indo estudar na biblioteca, algo bem atípico para os estudantes da era digital. "Eu tinha acesso, mas a velocidade não ajudava, então sempre ia pra biblioteca atrás de informação, por meio dos livros", contou.
Helder fez o Enem três vezes: na primeira prova, pontuou 680 pontos na redação. Na segunda, 880. Na terceira vez, conseguiu os tão sonhados mil pontos. É claro que, para isso, precisou adotar uma rígida rotina de estudos. Estudava português e redação pela manhã; pela tarde, frequentava as aulas do colégio, e à noite, fazia um cursinho oferecido pelo governo estadual. Neste último ano, no entanto, teve que estudar em casa. "Foi bastante difícil", revelou.
Com mãe professora, Helder também relatou como a base foi importante para a sua formação. "Sempre cresci com muita base familiar. Sempre me incentivaram a buscar o meu futuro com dedicação, fé e humildade. Minha mãe me influenciou, pois ela sempre me cobrou e deixou claro que, de onde eu teria futuro, seria dos livros", declarou.
Imagem: arquivo pessoal
Já no ano passado, Helder ingressou no curso de direito da Universidade Federal de Goiás, com a pontuação do Enem 2019. Agora, mesmo com uma nota ainda melhor, ele explicou que não pretende mudar de curso. "Mas quem sabe em breve", acrescentou.
O tema da redação 2020, relacionado à doenças mentais, não foi difícil para Helder, que disse ser "uma realidade que muitos jovens enfrentam". Para escrever o texto 'nota mil', ele usou a si próprio como exemplo. "Tentei levar para o meu lado, pois como adolescente sei bem como é passar e enfrentar isso", esclareceu. O tema foi propício para uma época onde as discussões sobre saúde mental foram aprofundadas, por conta das incertezas causadas pela pandemia.
Em tempos como esses, histórias como a de Helder, certamente, trazem doses de otimismo. O jovem estudante baiano também espera que seu sucesso pessoal possa motivar outros alunos, que são prejudicados pela ausência de aulas presenciais e a desigualdade no acesso ao ensino digital. "Espero profundamente que todos os jovens se inspirem mais, estudem mais e busquem grandes conquistas", disse o xiquexiquense.
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