Neojiba apresenta ópera italiana em Salvador neste fim de semana

Neojiba apresenta a ópera italiana Falstaff, última obra cênica composta por Giuseppe Verdi

Por Juana Castro.

Salvador recebe neste final de semana, nos dias 19 e 20 de dezembro, uma das maiores produções líricas já realizadas pelo Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba). O programa apresenta a ópera italiana Falstaff, última obra cênica composta por Giuseppe Verdi, em uma montagem inédita resultante do projeto internacional "Impact".

Neojiba apresenta ópera Falstaff | Foto: Matheus dos Anjos

As apresentações acontecem na sede do Neojiba, no Parque do Queimado, no bairro da Liberdade, com entrada gratuita. No dia 19, a sessão ocorre às 19h, e no dia 20, às 15h. O espetáculo será apresentado em dois formatos distintos: uma versão com orquestra e encenação minimalista e outra com piano e abordagem cênica completa, oferecendo ao público diferentes perspectivas da obra.

O elenco conta com os barítonos Paolo Rumetz, no papel-título, e Maurizio Leoni, como Ford, ambos com atuação reconhecida no cenário lírico internacional. O coro e a orquestra reúnem 84 músicos, sendo 51 artistas italianos e 33 integrantes do Neojiba, sob regência do maestro italiano Edoardo Rosadini, com acompanhamento ao piano de Alexander Lonquich.

O projeto é liderado por Alexander Lonquich, maestro e pianista, que conduz o intercâmbio musical entre Brasil e Itália ao lado dos diretores cênicos Selene Framarin, Stephanie Praduroux e Alessio Bergamo.

Neojiba apresenta a Ópera Falstaff

Inspirada nas comédias de William Shakespeare, especialmente As Alegres Comadres de Windsor, Falstaff é considerada a obra mais refinada de Giuseppe Verdi. A trama acompanha as tentativas do cavaleiro Sir John Falstaff, falido e vaidoso, de enganar duas mulheres ricas, enquanto enfrenta a desconfiança do ciumento Ford. A narrativa se desenvolve a partir de situações cômicas, enganos e vinganças.

Com linguagem musical sofisticada, Verdi combina humor e lirismo em uma partitura de grande complexidade orquestral, marcada pela maturidade criativa do compositor. A ópera reflete uma visão leve e profunda sobre as fragilidades humanas.

Colaboração internacional com o Neojiba

O espetáculo é resultado da residência artística promovida pelo projeto Impact (International Music and Performing Arts Contaminations and Training), financiado pelo Plano Nacional de Recuperação e Resiliência da Itália (PNRR). A iniciativa é liderada pela Scuola di Musica di Fiesole e conta com a participação do Conservatoire de la Vallée d’Aoste, do Conservatório E. R. Duni de Matera, da Universidade da Calábria e da Accademia di Belle Arti de Catania.

Ao todo, 79 artistas italianos participaram da experiência formativa e criativa ao lado de jovens músicos brasileiros do Neojiba. 

O grupo chegou à cidade no dia 7 e iniciou oficialmente as atividades no dia 9 deste mês. A vinda da comitiva é liderada por nomes de destaque do cenário musical italiano, com especial atenção para o maestro e pianista Alexander Lonquich, que acompanha instrumentistas da Scuola di Musica di Fiesole. Também integram a delegação representantes de outras quatro instituições: Conservatoire de la Vallée d’AosteConservatório E. R. Duni de MateraUniversidade da Calábria e Accademia di Belle Arti de Catania, que atuarão ao lado de jovens músicos do NEOJIBA.

Sobre o Neojiba

Criado em 2007, o Neojiba promove o desenvolvimento social por meio da música, atendendo prioritariamente crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade. O programa é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, e administrado pelo Instituto de Desenvolvimento Social Pela Música.

Ao longo de 18 anos, o Neojiba beneficiou direta e indiretamente mais de 42 mil jovens entre 6 e 29 anos. Atualmente, o programa atende mais de 2,3 mil integrantes diretos em 13 núcleos localizados em Salvador e em seis cidades do interior do estado, além de cerca de 6 mil participantes indiretos em ações de apoio a iniciativas musicais parceiras.

Serviço | Ópera: Falstaff

Quando: sexta-feira (19), às 19h, e sábado (20), às 15h
Onde: Galpão Neojiba – Parque do Queimado, Liberdade, Salvador
Quanto: ingressos gratuitos
Regência: Edoardo Rosadini
Direção cênica: Alessio Bergamo

Em tempo: Maestro Ricardo Castro, do Neojiba, lidera primeira grande orquestra de Angola

Maestro Ricardo Castro, fundador do Neojiba | Foto: arquivo/Neojiba

Sob a regência de um baiano natural de Vitória da Conquista, 130 músicos e técnicos formam a primeira grande orquestra sinfônica de Angola, a Orquestra Cinquentenário. Trata-se do maestro Ricardo Castro, fundador do Neojiba.

Em entrevista ao Aratu On, ele revelou que o convite para a criação da orquestra veio diretamente da dama angolana, Ana Dias Lourenço, e falou como foi transformar um ideal histórico em realidade. “Ela acreditava que o país merece ter uma grande orquestra feita com e para a juventude”, recordou o maestro.

A estreia da Orquestra Cinquentenário aconteceu no último dia 7 de novembro, em Luanda, marcando oficialmente o início das comemorações pelos 50 anos de independência de Angola. Segundo Castro, foi algo “impossível de esquecer”. 

Televisado em rede nacional, o concerto apresentou obras de compositores angolanos e internacionais e recebeu forte repercussão. Quatro dias depois, o grupo executou o Hino Nacional de Angola na cerimônia oficial do Cinquentenário, marcando a primeira vez em que uma orquestra apresentada angolana interpretou a peça. “É comovente ver a música sinfônica vibrar em Angola com tanta força e qualidade”, destacou.

Estreia da Orquestra Cinquentenário, que tem Ricardo Castro à frente | Foto: Carlos César Booming Audiovisual

Durante uma entrevista, Ricardo Castro reafirmou uma de suas convicções: "Em Angola, a música sinfônica não é importação europeia. É conquista africana". Para ele, a apropriação da linguagem orquestral pelos jovens angolanos demonstra que a música universal pode ser um instrumento de emancipação, orgulho e futuro. Assim, os músicos tratam o repertório sinfônico como uma linguagem própria.

Ele falou, ainda, se tem planos de intercâmbio, turnês ou cooperação entre o Neojiba e a Orquestra do Cinquentenário. “O que nasceu aqui é mais do que uma orquestra - é um símbolo de união, orgulho e futuro para a África”, afirmou.

Confira aqui a entrevista completa com Ricardo Castro.

Siga a gente no InstaFacebookBluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).

Comentários

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.