Lincoln relembra manobra em trio e 'sacrifício' no Carnaval de Salvador: 'Histórico'
Em entrevista ao Aratu Tá On, junto com Guga Meyra, o cantor Lincoln Sena falou sobre o sábado de Carnaval de 2024, em que precisou autorizar manobra em trio no circuito Dodô
Por Juana Castro.
Os cantores Lincoln Sena, do Parangolé, e Guga Meyra participaram, na tarde desta quarta-feira (17), do Aratu Tá On, podcast do Aratu On. A entrevista trouxe relatos de bastidores do Carnaval de Salvador, com destaque para um episódio vivido por Lincoln no sábado da folia de 2024.
Durante a conversa com a jornalista Juana Castro, o vocalista do Parangolé relembrou o momento em que precisou autorizar uma manobra inédita: o trio elétrico dar ré e reorganizar o percurso para que o fluxo dos trios no circuito Dodô (Barra-Ondina) fosse mantido. A decisão, segundo ele, foi encarada como um verdadeiro “sacrifício”.

“A gente se prepara o ano inteiro para essa Copa do Mundo. Aí chegou o dia — lembro como se fosse hoje. Acordamos por volta das 10h para chegar ao circuito perto do meio-dia, com o trio previsto para sair às 14h, algo que pouca gente imagina. Às vezes, chegamos até cinco horas antes. Já estávamos cerca de cinco horas adiantados”, relatou.
Lincoln contou que, com o passar das horas, percebeu que algo não seguia o planejamento, até que o sócio desceu e disse: "'Irmão, não vai ter Carnaval’".
Segundo o cantor, a explicação foi direta: um trio havia quebrado, causando um engarrafamento no circuito, e o dele era o último da fila. A alternativa apresentada, no entanto, envolvia abrir mão do próprio desfile.
“Depois de uns dez minutos, ele [o sócio] voltou e disse que ainda havia uma possibilidade: ‘Tem como ter Carnaval, se a gente sacrificar o nosso; se você aceitar sacrificar o seu Carnaval’. Como estávamos ali perto do Cristo, isso significaria perder todas as transmissões de televisão, pegar a última TV desligada e não passar pelos camarotes”, explicou.
Lincoln ressaltou que a decisão vai além do impacto individual. “Talvez, para quem não vive da música e do Carnaval, isso soe como uma besteira. Mas, para nós, que vivemos do Carnaval e entendemos que ele é uma grande vitrine, todo o planejamento vai por água abaixo. E não é só o planejamento do cantor ou do artista; é o do holding, do percussionista, do segurança, do produtor, de toda uma cadeia que entra nessa vitrine para ganhar o mundo depois. É um banho de água fria”, disse.
O cantor afirmou que a responsabilidade da decisão recaiu sobre ele naquele momento, ao que ele lembrou de algo que aprendeu com os pais: "não deixar que os desejos pessoais sejam maiores do que o bem-estar coletivo”.
De acordo com Lincoln, o empresário orientou que ele explicasse a situação ao público antes da manobra. “Ele falou: ‘Suba, dê uma satisfação ao povo e vamos dar ré e seguir’”, lembrou.
O cantor também citou o motorista do trio, Adailton Ribeiro, que ganhou as redes sociais ao realizar - com maestria - uma manobra em plena Barra, em meio aos foliões. “Foi um dia histórico. Subi no trio sabendo que tinha perdido todo o circuito, mas segui feliz”, concluiu.
Assista:
Lincoln fez desabafo após episódio no Carnaval de 2024
Três dias após a "manobra" e de volta ao Barra-Ondina, Lincoln desabafou sobre o ocorrido. O trio, que deveria ter saído às 15h do Farol da Barra, acabou iniciando o show apenas na altura do Monte Pascoal, devido aos atrasos acumulados no circuito.
Relembre a manobra:
Vídeo: Juana Castro/Aratu On
Em frente ao estúdio do Aratu Folia, na Barra, o cantor afirmou que foi orientado a não iniciar o show no Farol para evitar que, segundo ele, “pela primeira vez na história”, o Carnaval de Salvador deixasse de acontecer, diante da superlotação do circuito.
Na ocasião, Lincoln afirmou que abrir mão de puxar o trio foi doloroso, mas que a decisão foi tomada com gratidão e senso coletivo. Veja abaixo:
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