Professora da UFBA é chamada de 'vadia' durante reunião; assista

As ofensas declaradas contra a professora da UFBA, Juliana Damasceno, ocorreram durante uma reunião do Faculdade de Direito da instituição

Por Da redação.

A professora da Universidade Federal da Bahia, Juliana Damasceno, foi alvo de ataques misóginos e xingamentos durante uma reunião extraordinária da Congregação da instituição, realizada no dia 6 de outubro. O encontro discutia a consulta prévia para escolha do novo diretor e vice-diretor da faculdade. Durante a reunião, a professora doutora e vice-coordenadora da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), foi chamada de "vadia". 

Segundo a advogada, as ofensas partiram do presidente do Centro Acadêmico Ruy Barbosa, Pedro Maciel São Paulo Paixão, em meio a um debate sobre uma questão de ordem em processo eleitoral interno. O caso provocou indignação dentro e fora da comunidade universitária.

Faculdade De Direito Ufba | Foto: Rede Sociais

O episódio ganhou repercussão após o ex-prefeito de Euclides da Cunha e pré-candidato a deputado estadual, Luciano Pinheiro, irmão da professora, se manifestar publicamente nesta quarta-feira (15), Dia dos Professores. Em nota, ele classificou o ataque como “covarde e inaceitável”, especialmente dentro de um ambiente acadêmico “que deveria promover o respeito e o diálogo”.

Assista o vídeo: 

A docente informou, por meio de nota em sua rede social, que sua presença se fez "necessária decorrente a ausência do coordenador do Curso de Direito, Geovane de Mori Peixoto". Muito alunos se manifestaram mostrando apoio à professora.

Juliana destacou que as agressões são reflexo de uma cultura patriarcal que deslegitima a presença feminina em posições de liderança e decisão dentro da academia e do serviço público. Ela ressaltou ainda que o episódio ocorreu em um espaço no qual dedicou mais de 25 anos de sua trajetória profissional, como aluna, pesquisadora e professora.

A professora também citou a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, que assegura às mulheres o direito de participar plenamente da vida pública e de viver livres de discriminação e violência.

Juliana informou que as providências necessárias para a sua proteção já estão sendo tomadas e que confia na atuação das autoridades públicas para investigar o caso e responsabilizar os envolvidos.

“É lamentável constatar que, mesmo em pleno século XXI, a violência de gênero ainda se manifesta nos mais diversos espaços, públicos e privados”, afirmou Pinheiro.

Ele destacou o profissionalismo e a trajetória da irmã, lembrando que o caso revela como o machismo persiste até em ambientes de alta formação intelectual.

“Minha irmã Juliana Damasceno, mãe, mulher, professora de uma universidade pública federal e pessoa honrada, foi alvo de um ataque misógino praticado por um aluno durante uma sessão da Congregação da Faculdade de Direito da UFBA”, acrescentou.

Luciano Pinheiro reafirmou ainda o compromisso pessoal de combater todas as formas de violência e discriminação de gênero, afirmando que essa é uma luta que também deve envolver os homens. Ele disse confiar que a UFBA e as autoridades competentes adotarão medidas cabíveis para que o caso não fique impune.

Até o momento, a Universidade Federal da Bahia não se pronunciou oficialmente sobre o episódio.

Esta não é a primeira situação em que mulheres são submetidas a esse tipo de constrangimento. Em maio deste ano, a ministra Marina Silva foi alvo de ataques durante sessão deliberativa no Plenário do Senado Federal.

Em 2024, a a então deputada estadual Ivana Bastos (PSD), hoje presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, insinuou que o machismo era o principal fator responsável pelas tentativas de tirá-la da disputa pela presidência da entidade. 

Este tipo de comportamento tem provocado, também, reações positivas da sociedade. Em abril, o Ministério Público do Estado da Bahia instituiu uma política de cotas para mulheres vítimas de violência doméstica em contratos de prestação de serviços contínuos de mão de obra firmados pela Instituição.

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