'É a Bahia': intérpretes de Inácia em 'Renascer' discutem estereótipos baianos, em Bienal do Livro

Atrizes Rita Santana e Edvana Carvalho e cineasta Sérgio Machado participaram do encontro

Por Juana Castro.

'É a Bahia': intérpretes de Inácia em 'Renascer' discutem estereótipos baianos, em Bienal do LivroAratu On

Não tem como olhar para a atriz Edvana Carvalho sem pensar no bordão "É a Bahia!", que tanto faz sucesso nas redes sociais. Mas a artista não se resume a esse recorte, ainda que o estado tenha te dado norte, régua e compasso para exercer seu trabalho.

Nesta quarta-feira (1/5), Edvana se juntou à também atriz - e escritora - Rita Santana e ao cineasta Sérgio Machado na mesa redonda "Meu trabalho é te traduzir", com mediação da jornalista Denny Fingergut, para conversar sobre a representação da Bahia em produções audiovisuais.

De acordo com Rita, que interpretou Inácia na primeira versão da novela "Renascer", da TV Globo, "o texto [da novela] tem uma marca que já sai com estereótipos", mas é algo que vem se lapidando com o tempo, como o público pode ver com Edvana, intérprete da mesma personagem, 30 anos depois, no remake da trama.

Segundo Edvana, existe diferença no tratamento dos estereótipos nessa segunda versão, levando em conta, ainda, outas questões sociais abordadas com outro olhar, como a transgeneridade e estigmas das religiões de matriz africana. "As coisas já vêm escritas e você tem que reproduzir, mas eu não sou muito obediente", brincou. "Coloco coisas minhas, da minha vivência, e combato certas atitudes", acrescentou a atriz.

"A Inácia, de novo, tem o estereótipo de empregada doméstica, mas ela não é subalternizada. Muitas vezes, é ela que 'tá' mandando na casa toda. É uma mulher que manda. Todas essas coisas me fizeram querer estar nessa novela. É uma obra que está no imaginário do Brasil", completou.

Edvana afirmou, ainda, que às vezes sente que serve de canal para sua ancestralidade e o quanto a cultura negra é importante para o país. Ela, então, coloca em cena, algumas vezes, coisas que não estão no texto. "Porque são coisas da minha infância, lembranças da minha família de mulheres, da Bahia, e dessa vivência que a gente já tem aqui", concluiu.

FUGA DE ESTEREÓTIPOS

Para Sérgio Machado, que dirigiu "Cidade Baixa", primeira obra do cineasta, e trabalhou ao lado de Walter Sales em "Central do Brasil", seu projeto de vida sempre foi "fugir de estereótipos".

"Queria um filme com cara e cheiro de Salvador, com azeite de dendê", declarou na Bienal. "Conheci os 'puteiros' da Bahia, fui fazendo amizade, conheci uma figura histórica, 'Dois Murros', que me apresentou o submundo da cidade", disse sobre "Cidade Baixa".

À época da produção do longa, Sérgio queria atores negros para o trio de protagonistas. Um deles era Lázaro Ramos, que insistiu para que Machado escalasse o amigo Wagner Moura. "Eles ainda não eram tão conhecidos", disse o cineasta, que também escalou Alice Braga.

Mesmo diferente do planejado, o filme fez enorme sucesso. "Eu queria uma sexualidade baiana, onde o sexo não fosse um problema, mas sim uma solução", complementou o cineasta.

EM TEMPO

Nesta quarta-feira (1/5), Rita Santana também lança, na Bienal do Livro Bahia 2024, seu livro mais recente, "Borrasca", composto por poemas.

A programação da Bienal segue até a noite, com a última mesa redonda - "O Mais Belo dos Belos: Ilê Aiyê faz 50 anos" - às 18h.

Confira a programação completa no site oficial do evento literário (clique aqui).

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