Ser mulher ainda é enfrentar o medo de andar sozinha na rua
Foto: ilustrativa/Pexels
No Brasil, a vida das mulheres está sempre em risco. Acredito que não seja mais novidade para ninguém o quanto as mulheres sofrem diariamente com a insegurança de caminhar na rua, pegar transporte coletivo ou por aplicativo e até mesmo andar em seus próprios automóveis, sobretudo quando estamos sozinhas.
E essa insegurança não é apenas de sermos assaltadas. Também é o medo do assédio, do olhar de um estranho e principalmente da ameaça de sermos violentadas. Infelizmente essa é uma realidade oriunda de uma histórica estrutura social que faz com que os homens vejam as mulheres como suas propriedades.
Não são poucos os relatos de casos em que mulheres são assediadas, agredidas, estupradas e, ainda mais trágico, chegam a ser assassinadas nas ruas, seja por conhecidos ou por desconhecidos. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva indica que 8 em cada 10 mulheres dizem ter medo de andar sozinhas nas ruas das cidades brasileiras durante a noite
Precisamos estar sempre em completo estado de alerta. Esse medo nos tira o interesse de ir a rua e interfere diretamente em nosso estado emocional. Precisamos reagir a esse cenário. Costumo sempre dizer que a bandeira pela luta de combate aos abusos que as mulheres sofrem é uma luta pela sobrevivência.
Existe a grande necessidade de modificarmos essa concepção da sociedade que rejeita a igualdade de condições entre homens e mulheres e acaba colocando toda mulher em uma situação de risco. Não há mais como tolerar qualquer tipo de abuso e desrespeito. E para isso, se torna fundamental a construção contínua de políticas públicas de combate a violência de gênero para que sirva, principalmente, como ciclo de formação educacional para todos.
Neste mês de novembro, demos mais um importante passo para alterarmos essa realidade extremamente nociva para as mulheres. O Senado aprovou um projeto que cria o Cadastro Nacional de Pessoas Condenadas por Crime de Feminicídio, Estupro, Violência Doméstica e Familiar contra a mulher (CNPCMulher). Assim, se torna possível consolidar informações que contribuam com a formulação de políticas públicas.
São medidas como essa que reforçam estratégias para acabar com o círculo de violência contra as mulheres. Uma grande vitória para todas nós que sonhamos com a possibilidade de ter o direito de ir e vir sem ser importunada. O caminho ainda é longo, mas não percamos de vista a importância de cada passo dado em favor de uma sociedade que respeite a dignidade humana das mulheres.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.