Seis meses após especialistas alertarem para colapso climático em Salvador, Bruno Reis pede "consciência global" sobre tema
As falas foram proferidas durante inauguração de geomanta no bairro de Sussuarana. O equipamento serve para fortalecer encostas com intuito de evitar deslizamentos
Pouco mais de cinco meses após especialistas alertarem ao Aratu On sobre o risco de um colapso climático em Salvador nos próximos anos, o prefeito Bruno Reis (UB) pediu nesta segunda-feira (4/7) que haja redução de gases que geram o efeito estufa a fim de mitigar os impactos da chuva na capital da Bahia.
"Ou vai haver uma consciência global para reduzir a emissão dos gases do efeito estufa, ou, infelizmente, nós teremos que conviver com mais desastres e catástrofes, e, cada vez mais, investir recursos em manutenção da cidade", afirmou, em pronunciamento à imprensa.
As falas foram proferidas durante inauguração de geomanta no bairro de Sussuarana. O equipamento serve para fortalecer encostas com intuito de evitar deslizamentos.
Segundo Bruno, a cada ano, os investimentos com manutenção em Salvador crescem. Só ano passado, foram R$ 120 milhões. Isto, de acordo com o prefeito, deve-se ao aumento do índice puvliométrico na cidade com o passar dos anos. "Tem dias que a gente tem dificuldade de tapar buraco, porque não para de chover. Tem vias que recapeamos e não conseguimos nem pintar", disse.
O chefe do Palácio Thomé de Souza indica que ele manifestou esta preocupação durante a COP26, realizada em Glasgow, na Escócia. Na ocasião, ele admitiu que as alterações climáticas preocupam Salvador, e apresentou uma série de ações e promessas para contribuir com a reversão do quadro no planeta.
E O PAPEL DA PREFEITURA?
Apesar da preocupação manifestada por Bruno Reis, especialistas e pesquisas apontam que o município vem se colocando na contramão de algumas das práticas para mitigar os efeitos da depredação do meio ambiente na cidade.
Para a professora do mestrado em Ecologia Aplicada em Gestão Ambiental da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Margareth Maia, a cidade pode enfrentar um colapso nos próximos anos. “Tem um aplicativo da Nasa que aponta que, daqui a 30 anos, várias áreas de Salvador estarão cobertas por água em função do aumento do nível do mar. Salvador teria que estar se planejando. Recife fez isso há muitos anos e elaborou um plano efetivo de como se adaptar a esse novo quadro”, alertou, à época.
O aplicativo em questão está contido em um endereço eletrônico da Nasa, a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos, que é baseado em dados apresentados no sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, divulgado no ano passado.
O relatório aponta que, em oito anos, o nível do mar deve aumentar 10 cm na costa brasileira – incluindo Salvador. A mudança é prevista nos sete cenários delineados pela Nasa, inclusive no mais radical.
No ano passado, a capital baiana foi tratada num estudo como uma das cidades no planeta que seriam mais afetadas com o aumento da temperatura média mundial.
A simulação feita pelo Climate Central (CC), uma organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, em parceria com a Universidade Princeton, também nos EUA, e o Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto do Clima, na Alemanha, apontou que a região da Cidade Baixa ficará completamente debaixo d’água.
Para a bióloga Tatiana Bichara, mestre em Ecologia e Biomonitoramento pela UFBA, a cidade carece de mais planejamento. “Salvador é uma península. Com essas mudanças, a própria questão das marés, dessa dinâmica costeira e marinha é crucial para a manutenção da cidade. Para isso ser assegurado e estabilizado, a infraestrutura verde e vegetação são aspectos que seguram a história. Não é asfalto que segura. Muito pelo contrário. Asfalto impermeabiliza e dificulta. E a vegetação que faz com que a água penetre no subsolo e desague num lugar adequado”, analisa.
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