"Não consigo acreditar que um homem, rendido, iria puxar uma arma de brinquedo", diz irmão de servidor morto pela PM em Salvador
O velório e enterro aconteceram no Cemitério Jardim da Saudade.
Amigos e familiares se despediram, nesta sexta-feira (17/12), de Antonio Trocoli Silveira, servidor do Tribunal de Contas dos Municípios morto pela Polícia Militar na Avenida Garibaldi, em Salvador. O velório e enterro aconteceram no Cemitério Jardim da Saudade. Abalado, o irmão da vítima, Álvaro Silveira, pediu apuração do caso.
"Eu estava acreditando na polícia. Quando apareceu a imagem, a gente passa a crer que algo aconteceu diferente. A gente acha que a polícia tem que apurar esses fatos, até para que algo assim não aconteça novamente. Se foi um policial que não estava bem para trabalhar, que seja recolhido. Acredito na idoneidade da PM e peço apuração".
O caso aconteceu na noite de quarta-feira (15/12). Pela versão da PM, agentes da 41ª Companhia Independente foram acionados para averiguar uma denúncia de um homem armado, a bordo de um veículo, modelo Ranger, que estaria agredindo pessoas.
No local, Antonio foi visto fora do veículo e acabou abordado. A corporação ressaltou que o então suspeito gritou que estava armado, e que não iria colocar as mãos sobre a cabeça. Nesse momento, frisaram os militares, o alvo sacou uma arma de forma repentina. Os disparos de arma de fogo foram necessários, argumentou a PM.
Um vídeo enviado ao filho da vítima, o lutador de MMA Antonio Trocoli "Malvado", mostra exatamente o contrário. As imagens flagram o servidor com as mãos na cabeça antes de tiros serem disparados.
"Meu irmão não iria parar para atacar ninguém na rua. Ele era querido, tranquilo e paciente. O TCM, inclusive, disse que ele era um cara amigo de todos, sempre prestativo. Eu não consigo entender [a ação policial]. A gente está muito triste. Ele estava em uma confraternização e, mais tarde, ouço essa notícia", lembrou Álvaro.
A Polícia Militar disse que a vítima estava com uma arma de brinquedo ao ser abordada. "Eu não tinha conhecimento se ele tinha ou não essa arma. O que não consigo acreditar é que um homem de 56 anos, rendido, iria sacar uma arma sabendo que era um simulacro. Isso seria um suicídio. Não acredito que meu irmão puxou arma para a polícia", acrescentou o irmão de Antonio.