Médica que despencou do quinto andar em Salvador tinha ingerido remédios antes da queda, diz laudo; defesa rebate
O caso aconteceu em julho de 2020 e o então namorado dela, o médico Rodolfo Lucas, é investigado por tentativa de feminicídio
Laudos apresentados pela defesa do médico Rodolfo Cordeiro Lucas apontam que a então companheira dele, a também médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo, ingeriu remédios antes de cair do quinto andar do prédio onde o casal morava no bairro de Armação, em Salvador.
O caso aconteceu em julho de 2020 e o homem é investigado por tentativa de feminicídio. O advogado de defesa, Gamil Foppel, apresentou os documentos, que são oficiais e realizados pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia, durante o programa da TV Aratu, QVP. Um dos laudos mostra que "foram detectadas substâncias metamizol, fenitoína, diazepam, e midazolam na amostra do sangue dela, além de fenitoína e midazolam na amostra de urina".
O advogado da médica, Aloísio Freire, rebate. "Os laudos constam no inquérito e foram avaliados pela autoridade policial. Não retiram a responsabilidade do médico. Não é momento de discutir tese. Em relação às substâncias, ela disse em depoimento que foi dopada por ele. É natural aparecerem esses medicamentos", disse ao Aratu On.
O caso aconteceu no dia 20 de julho. Dois dias antes, ainda de acordo com a defesa de Rodolfo, Sattia receitou, para ela própria, o medicamento clonazepam, que causa sedação e relaxamento muscular.
Outro laudo apresentado por Gamil sustenta a tese de auto lançamento. "Tipo de distância sinalizada acima, normalmente, caracteriza eventos de precipitação voluntária da vítima. Essa análise técnica de característica de voluntariedade em relação ao distanciamento horizontal do ponto de projeção está preconizada em estudos criminalísticos deste tipo de ação", assina o perito.
"Não são laudos que atestam inocência de ninguém. É exatamente para isso [entender se houve tentativa de suicídio ou homicídio] que será realizada uma nova reprodução simulada", argumentou Freire.
Nesta semana, o Ministério Público da Bahia pediu para a Polícia Civil fazer uma nova reconstituição do caso. Segundo o MP, essa nova reconstituição deve conter a versão dos fatos dada pela vítima. A primeira foi questionada pela defesa do investigado. De acordo com Gamil, houve irregularidades na reprodução simulada do fato.
O parecer da Polícia Civil foi dado em novembro. O laudo da reprodução simulada concluiu que houve ameaças e agressões físicas contra ela feitas por Rodolfo antes da queda. Sobre a queda ter sido acidental ou provocada por ele, o documento apresentou resultado inconclusivo.
O parecer da Polícia Civil, "baseado em demais provas que compõem a investigação, como o depoimento da vítima e de testemunhas", definiu pelo indiciamento do médico por tentativa de homicídio.
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