Janelas que não abrem, adesivos e muito calor: ônibus já usados em Brasília por anos irritam até rodoviários de Salvador
Pelas ruas não é difícil encontrar os coletivos com origem brasiliense. A reportagem do Aratu On apurou que a maioria foi fabricada em 2013 e, ainda novos, acabou encaminhada para a capital federal.
Usuários do transporte público de Salvador já perceberam que alguns ônibus com placas de Brasília têm circulado pela cidade. É que 150 deles foram alugados pelas empresas para suprir a demanda deixada pela Salvador Norte, que faliu. A nova frota, que foi plotada com os adesivos da OT Trans e Plataforma colocados sobre nomes de empresas brasilienses, não foi bem aceita pelos passageiros e rodoviários.
Com medo de demissão, um motorista preferiu anonimato, mas disse ao Aratu On que o maior problema é a ventilação. De acordo com ele, a parte inferior da janela não abre. "Os vidros são todos pequenos. A parte do cobrador, por exemplo, não abre de jeito nenhum. É um sufoco o que todos estão passando. Esses carros são horríveis, velhos. Quer dizer que não servem para Brasília e mandam para cá?", questiona.
"Salvador é uma cidade quente dessa e os carros só abrem a parte de cima. Outro dia, um colega cobrador pasou mal de calor. Não ventila, nada, nada. Como é que alguém aguenta um carro desse cheio?", acrescentou o trabalhador. A reportagem do Aratu On obteve vídeos, gravados com o ônibus vazio, que confirmam a denúncia, como você pode assistir abaixo.
Ônibus com placas de Brasília têm circulado por Salvador. pic.twitter.com/zIPnCrrs3R
— Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) October 25, 2021
Pelas ruas não é difícil encontrar os coletivos com origem brasiliense. A reportagem do Aratu On apurou que a maioria foi fabricada em 2013 e, ainda novos, acabou encaminhada para a capital federal.
A reportagem solicitou informações à Secretaria da Mobilidade Urbana de Salvador (Semob) acerca dos detalhes do contrato de locação. Por nota, o órgão disse que “os ônibus atendem todas as especificações previstas no contrato com a Prefeitura para que possam operar na cidade”.
Ainda de acordo com a secretaria, os veículos foram adquiridos pelas empresas para atender especialmente as linhas operadas pela antiga CSN, que foram redistribuídas entre as outras duas operadoras, OT Trans e Plataforma. A pasta ressaltou, ainda, que todos os veículos foram devidamente vistoriados por equipes de fiscalização antes de entrar em operação.
PREFEITURA ADMITE PROBLEMA
Durante entrega de 70 novos ônibus com ar-condicionado, no início de outubro, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), admitiu que o serviço enfrenta problemas de qualidade. Quarenta unidades estão operadas pela empresa OTTrans e as outras 30 pela Plataforma.
“Salvador nunca tinha colocado um real no transporte público. Ou seja: a tarifa remunerava o sistema. Hoje, a tarifa não remunera mais o sistema. Hoje, o usuário para uma tarifa elevada de R$ 4,40 por um serviço que não é de boa qualidade, e é preciso dizer isso. Porém, esses R$ 4,40 não fecha a equação para que o sistema fique de pé”, disse.
Na oportunidade, Reis ainda criticou o governo Bolsonaro, e cobrou aporte de R$ 89 milhões para “cobrir o desequilíbrio da pandemia”.
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