Governo autoriza garantia de R$ 730 mi para teleférico no Subúrbio
Teleférico ligará o bairro de Plataforma à Estação Pirajá; intuito é interligar região ao metrô
Por Matheus Caldas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, autorizou concessão de garantias da União para um empréstimo de US$ 125 milhões (aproximadamente R$ 730 milhões na cotação atual) entre a Corporação Andina de Fomento (CAF) e a prefeitura de Salvador para financiar a construção de um teleférico no Subúrbio Ferroviário, que fará integração da região com a Estação Pirajá e o metrô.
A operação de crédito integra o financiamento do Programa de Inclusão Social e Territorial (PIST), que prevê investimentos em mobilidade urbana, capacitação profissional e serviços digitais. O teleférico do Subúrbio é uma das iniciativas contempladas pelo programa.
O aval da Fazenda era o último requisito necessário para a formalização do contrato de crédito entre a instituição financeira e a prefeitura. Segundo o despacho, a operação recebeu autorização da Secretaria do Tesouro Nacional e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

Trecho do projeto do teleférico | Foto: divulgação/prefeitura de Salvador
O acordo para o financiamento foi aprovado pela diretoria da CAF, em 18 de julho de 2023. Na época, o presidente-executivo da instituição, Sergio Díaz-Granados, destacou que o programa beneficiará diretamente mais de 900 mil pessoas, entre moradores e turistas, ao melhorar a infraestrutura e ampliar a inclusão social na capital baiana.
Segundo estudo obtido pelo Aratu On, em 2023, o intuito era que o modal fosse construído até 2026, contanto que as obras começassem em fevereiro deste ano – portanto, o processo já está atrasado.
De acordo com a proposta, entregue ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), quatro estações serão construídas na primeira etapa do teleférico. São elas:
1 - Praia Grande
2 - Novo Mané Dendê
3 - Escola Pirajá
4 - Campinas de Pirajá
A proposta foi apresentada pela Fundação Mário Leal Ferreira, o banco estatal alemão KfW e a Ingeniería de Sistemas de Transporte e Cables (ISTC) -Engenharia de Sistemas de Transportes e Cabos-, empresa colombiana especializada no desenvolvimento de sistemas de transporte a cabo.
A primeira estação ficará sobre o atual terreno da garagem da Plataforma, uma das empresas que compõem o consórcio Integra, que opera o sistema de ônibus da capital.
A segunda estação ao lado do Residencial Mané Dendê, em Ilha Amarela. Já a terceira estação, em Pirajá, deve ser edificada onde há, atualmente, a Escola Municipal General Labatut, na Rua 8 de Novembro.
E última estação, por fim, denominada Campinas de Pirajá, será construída nas imediações da Estação Pirajá, a fim de interligar o modal com o metrô e os ônibus.
A estimativa apresentada no estudo é que, diariamente, sejam transportadas 23 mil pessoas.
A fase de estudos de viabilidade deve durar até janeiro. No mês seguinte, conforme cronograma apresentado pela Fundação Mário Leal Ferreira ao BNDES, haverá a fase de licitação e contratação.

Projeto de uma das estações do teleférico | Foto: divulgação
Projeto do teleférico
O teleférico faz parte de um conjunto de iniciativas propostas no Plano de Mobilidade (Planmob), que visa construir um pacote de iniciativas de mobilidade para Salvador em 50 anos. O texto foi apresentado em 2018, pelo ex-prefeito ACM Neto (União) e apresenta soluções de transporte, urbanismo, infraestrutura viária e cicloviária, além da construção e estruturação de modais.
A etapa do teleférico do Subúrbio é a primeira de 22,5 km previstos para funcionar até 2049 na cidade. O intuito é que o modal seja construído, futuramente, em locais como IAPI, Brotas e Pernambués, a fim de levar o equipamento às estações de metrô da Bonocô, do Retiro e do Detran.
Outros trechos do teleférico ainda podem ser edificados no Centro, no Comércio e em outros pontos do Subúrbio, que devem receber o VLT.
No Planmob, ainda há a possibilidade de integração do BRT com teleféricos nas avenidas Gal Costa e 29 de Março. Contudo, estas localidades irão abrigar o novo projeto do VLT, construído pelo governo do estado, não o BRT.
Nas justificativas apresentadas no plano, a prefeitura cita o exemplo de Medellin, na Colômbia. A cidade conta com três linhas, 10,7 km de extensão e 309 gôndolas, com equipamento integrado ao metrô.
“O sistema é adequado para o transporte de passageiros em áreas com densidade ocupacional e topografia acentuada. Tem baixa capacidade de transporte (da ordem de 3.000 passageiros/ hora/ sentido) e sua implantação requer pouca desapropriação”, diz trecho do Planmob.
No documento, a gestão municipal pondera que a implantação dos teleféricos deve ser “consolidada a partir dos Planos de Mobilidade dos Bairros que deverão ser desenvolvidos posteriormente”. O Palácio Thomé de Souza diz, ainda, que o projeto é um “um subprograma de longo prazo”.
Análise de outros teleféricos
O prefeito Bruno Reis (União) foi à Cidade do México em 2021 para conhecer de perto os teleféricos construídos na capital do país.
“Lá eles implantaram a tecnologia do teleférico. Os teleféricos estão sendo usados principalmente nas áreas adensadas com geografia irregular e com grande concentração, que são as favelas. Essa solução para melhorar a mobilidade. Conheci o teleférico, que pode ser uma solução para algumas áreas aqui de Salvador, com grande adensamento populacional”, disse, à época, após retornar do México.

Bruno Reis durante viagem ao México, em 2021 | Foto: CMS
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