Dia da Solidariedade Humana serve de alerta para desigualdade no Brasil

O Dia Internacional da Solidariedade Humana chama atenção para a necessidade de enfrentar desigualdades que seguem marcando a realidade brasileira

Por Dinaldo dos Santos.

No Dia Internacional da Solidariedade Humana, celebrado em 20 de dezembro, os dados oficiais sobre a pobreza no Brasil expõem uma realidade que segue alarmante. Mesmo após avanços recentes, 48,9 milhões de brasileiros viviam abaixo da linha da pobreza em 2024, número que evidencia a persistência de um dos principais desafios sociais do país.

Pobreza E Desigualdade No Brasil 02

Pobreza em grupos vulneráveis

De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase um quarto da população brasileira sobrevivia com renda inferior a US$ 6,85 por dia, parâmetro adotado pelo Banco Mundial para definir a condição de pobreza. A situação é ainda mais grave para 7,4 milhões de pessoas que permaneciam na extrema pobreza, com renda diária de até US$ 2,15.

Os dados mostram que a pobreza segue concentrada em grupos historicamente mais vulneráveis. Mulheres, pessoas pretas e pardas, trabalhadores informais e crianças são os mais afetados.

Entre crianças e adolescentes de até 14 anos, 39,7% viviam em situação de pobreza, enquanto 5,6% estavam em extrema pobreza. No recorte regional, o Nordeste ainda concentrava 39,4% de sua população abaixo da linha da pobreza, apesar de registrar a maior redução proporcional no período.

Somente após esse quadro persistente é que os indicadores apontam melhora. Entre 2023 e 2024, 8,6 milhões de pessoas saíram da pobreza e 1,9 milhão deixaram a extrema pobreza. Com isso, a proporção de pobres caiu de 27,3% para 23,1%, o menor patamar desde 2012, enquanto a extrema pobreza recuou de 4,4% para 3,5%.

Segundo o IBGE, a redução está diretamente associada aos programas de transferência de renda do governo federal, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), além do aquecimento do mercado de trabalho. O estudo aponta que, sem essas políticas, a extrema pobreza atingiria cerca de 10% da população, e a pobreza alcançaria 28,7%.

O levantamento também indica queda da desigualdade de renda. Em 2024, o Índice de Gini atingiu 0,504, o menor da série histórica. Ainda assim, os números reforçam o sentido do Dia Internacional da Solidariedade Humana: apesar dos avanços recentes, a pobreza permanece como uma realidade estrutural no Brasil, exigindo ações contínuas do Estado e da sociedade para garantir dignidade e inclusão social.

Situação de rua no Brasil

O número de pessoas em situação de rua no Brasil registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) atingiu 335.151 em março de 2025. O dado consta no informe técnico de abril do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado na última segunda-feira (14).

O levantamento, baseado em dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), revela um crescimento de 0,37% em relação a dezembro de 2024, quando havia 327.925 registros. O total atual é 14,6 vezes superior ao verificado em dezembro de 2013, quando o número de pessoas vivendo nas ruas era de 22,9 mil.

A pobreza na Bahia

Em 2023, a Bahia estava entre os nove estados do Brasil em que a maior parte da população se encontrava na linha da pobreza, ou seja, vivendo com uma renda mensal de até R$ 665,02. Essa conclusão é do levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), feito com base em informações de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE.

Na lista divulgada pelo instituto, só figuram estados do Norte e do Nordeste. Com 51,6% dos baianos vivendo em situação de pobreza, a Bahia aparece em 8º lugar entre os estados com a população mais pobre do Brasil. Em primeiro, está o Maranhão, também do Nordeste, com 58,9% de pessoas em situação de pobreza.

Pobreza e desigualdade no Brasil. Foto: Feito por IA (ChatGpt)

Dia Internacional da Solidariedade Humana

O Dia Internacional da Solidariedade Humana, celebrado em 20 de dezembro, chama atenção para a necessidade de enfrentar desigualdades que seguem marcando a realidade brasileira. Mesmo com a melhora recente nos indicadores sociais, a pobreza ainda atinge milhões de pessoas no país, revelando um quadro que vai além de avanços pontuais e exige respostas estruturais e permanentes do poder público e da sociedade.

Dados do IBGE mostram que, em 2024, quase um quarto da população brasileira vivia abaixo da linha da pobreza, com maior impacto sobre mulheres, pessoas pretas e pardas, crianças e trabalhadores informais. A data simbólica reforça que a solidariedade não deve se limitar a ações sazonais, mas se traduzir em políticas públicas contínuas capazes de reduzir desigualdades históricas e garantir condições mínimas de dignidade para quem ainda permanece em situação de vulnerabilidade.

LEIA MAIS: TJBA cria ferramenta para solicitação de medida protetiva online

Siga a gente no InstaFacebookBluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).

Comentários

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.