Salvador é a 5º capital com maior número de pessoas em situação de rua
Entre 2020 e 2024, foram registradas 46.865 denúncias de violência contra pessoas em situação de rua
Por Da Redação.
O número de pessoas em situação de rua no Brasil registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) atingiu 335.151 em março de 2025. O dado consta no informe técnico de abril do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado na última segunda-feira (14).
O levantamento, baseado em dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), revela um crescimento de 0,37% em relação a dezembro de 2024, quando havia 327.925 registros. O total atual é 14,6 vezes superior ao verificado em dezembro de 2013, quando o número de pessoas vivendo nas ruas era de 22,9 mil.
Segundo o MDS, a elevação também reflete o esforço de retomada das capacitações para entrevistadores e operadores do CadÚnico, iniciadas em 2023, o que fortaleceu a coleta de dados nos municípios. A pasta também apontou subnotificação e inconsistências nos números de anos anteriores, especialmente entre 2019 e 2022.
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Perfil da população em situação de rua
Dos registros em março deste ano:
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9.933 são crianças e adolescentes (3%);
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294.467 têm entre 18 e 59 anos (88%);
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30.751 são idosos (9%);
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84% são homens.
Ainda de acordo com o estudo, 81% (272.069) das pessoas em situação de rua sobrevivem com até R$ 109 por mês — valor que representa apenas 7,18% do salário mínimo atual (R$ 1.518).
Mais da metade (52%) não concluiu o ensino fundamental ou não possui qualquer instrução formal, percentual mais que o dobro da média da população brasileira, segundo o Censo 2022 do IBGE (24%). A baixa escolaridade, destaca o relatório, é uma das barreiras de acesso ao mercado de trabalho formal.
Distribuição geográfica
A Região Sudeste concentra 63% da população em situação de rua no país — um total de 208.791 pessoas. Na sequência aparecem:
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Nordeste: 48.374 (14%);
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Sul: 42.367 (13%);
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Centro-Oeste: 19.037 (6%);
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Norte: 16.582 (4%).
Em números absolutos, os estados com maior número de pessoas em situação de rua são:
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São Paulo: 143.426 (42,82%);
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Rio de Janeiro: 30.997 (10%);
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Minas Gerais: 30.355.
As capitais com os maiores registros são:
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São Paulo (96.220);
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Rio de Janeiro (21.764);
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Belo Horizonte (14.454);
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Fortaleza (10.045);
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Salvador (10.025);
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Brasília (8.591).
Capitais com variação nos registros
Houve aumento nos registros em 12 capitais:
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Rio de Janeiro
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Distrito Federal
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Santa Catarina
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Pernambuco
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Rondônia
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Roraima
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Pará
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Amapá
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Piauí
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Paraíba
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Mato Grosso
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Mato Grosso do Sul
Nove registraram queda:
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Minas Gerais
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Rio Grande do Sul
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Paraná
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Acre
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Maranhão
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Goiás
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Alagoas
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Sergipe
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Espírito Santo
Seis mantiveram os números estáveis:
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São Paulo
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Bahia
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Ceará
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Amazonas
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Rio Grande do Norte
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Tocantins
Considerando a proporção por mil habitantes, Boa Vista, em Roraima, lidera com 20 pessoas em situação de rua a cada mil habitantes. São Paulo tem oito a cada mil; Florianópolis, sete; e Belo Horizonte, seis.
Violências
Entre 2020 e 2024, foram registradas 46.865 denúncias de violência contra pessoas em situação de rua por meio do Disque 100, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
As capitais concentram metade dos casos. As cinco com maior número de registros são:
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São Paulo: 8.767;
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Rio de Janeiro: 3.478;
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Brasília: 1.712;
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Belo Horizonte: 1.283;
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Manaus: 1.115.
A maioria das vítimas tem entre 40 e 44 anos. As agressões ocorrem principalmente em vias públicas, com mais de 20,5 mil casos relatados.
O relatório também chama atenção para a ocorrência de violências em locais que deveriam ser espaços de proteção, como abrigos, unidades de saúde, centros de referência e até órgãos públicos.
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