O maior da Bahia: conheça o Trio Dragão, de Durval Asa Lélys, por dentro
Em 2025, a invenção do Trio Elétrico completa 75 anos
Por Bruna Castelo Branco.
Neste Carnaval, o Trio Elétrico faz 75 anos de existência, e, para marcar essa data tão importante para a folia soteropolitana, o Aratu On invadiu o gigantesco Trio Dragão, de Durval Lélys, para desvendar um dos maiores mistérios carnavalescos da história da Bahia: por que o trio de Durval é tão grande? São dois? O que tem lá dentro?
Quem vê de fora, reconhece o Trio Dragão de longe: todo colorido, estampado com as escamas do réptil lendário, acompanhado pela voz e guitarra de Durvalino, o caminhão chama a atenção por onde passa.
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O Aratu On invadiu o gigantesco Trio Dragão, de Durval Lélys. | Foto: Igor Serra/Ag. Fred Pontes
"Nós queríamos fazer um trio que tivesse mais conforto para os convidados e também tivesse uma amplitude maior para dar um estéreo na lateral do trio. Quanto mais aberto, ele tem mais possibilidade de estender a qualidade do som", explicou Durval. No Dragão, a banda fica na frente, Durval no meio e os convidados ao fundo.
Essa configuração é possível porque estamos falando de um bitrem. "São dois vagões atrelados, que é um equipamento que já roda o Brasil inteiro. É um pouco mais custoso, porque você precisa levar em dois caminhões pela estrada, mas o resultado final é bastante positivo", complementou o artista.
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— Aratu On (@aratuonline) March 3, 2025
Já a área interna do veículo é parecida com a de outros trios elétricos - a diferença é que, nesse caso, é tudo dobrado, já que são dois carros acoplados para dar ainda mais corpo ao dragão. São dois banheiros e dois camarins em cada caminhão, ou seja, quatro cômodos no total. O carro da frente é reservado para Durval, a banda e a equipe técnica, enquanto o veículo do fundo é onde os convidados do artista ficam acomodados.
Para comer, além de petisquinhos, como sanduíches, frios e salgados, só alimentos que dão “sustância”: uma massa bem feita e proteína.
Em cima do trio, onde o show acontece, só se vê a imensidão do palco - na verdade, nem parece que são dois veículos, e sim um só. De um lado, na frente, ficam os músicos e técnicos. Do outro, nos fundos, os convidados. No meio dos dois, em uma plataforma só para ele, fica Durval.
O resto, a gente já sabe: “A vida, bota pra ferver”!
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Quem vê de fora, reconhece o Trio Dragão de longe: todo colorido, estampado com as escamas do réptil lendário. | Foto: Igor Serra/Ag. Fred Pontes
75 anos do Trio Elétrico
Dois dos três principais circuitos do Carnaval de Salvador levam os nomes deles: Dodô e Osmar, conhecidos como os pais do trio elétrico, um dos maiores símbolos do Carnaval de Salvador. E, neste ano de 2025, que marca os 40 anos de axé music, a folia momesca também celebra os 75 anos dessa invenção.
Há controvérsias, porém, quanto a esse aniversário. Isso porque a Fobica – o Ford T modificado que ficou conhecido como o primeiro trio elétrico – desfilou pela primeira vez no Carnaval de Salvador no ano de 1951. Assim, seriam 74 anos, e não 75.
Ao Aratu On, o jornalista Nelson Cadena, especialista em Carnaval e autor do livro "História do Carnaval da Bahia: 130 anos do Carnaval de Salvador", disse que Dodô e Osmar trouxeram duas grandes inovações: a amplificação do som e a criação da guitarra baiana. “Eles quebraram um violão e fizeram adaptações tecnológicas para criar o som que seria amplificado pelas cornetas. A partir daí, surgiram outros trios, já não mais na Fobica. Os próprios Dodô e Osmar passaram a sair numa caminhonete e, posteriormente, em caminhões”, explicou.
A visão comercial do trio elétrico veio na década de 1970, com Orlando Campos, mais conhecido como Orlando Tapajós. De acordo com Cadena, ele foi responsável por expandir os trios elétricos para além da Bahia. “Ele começou a adaptar caminhões para a festa, criando os trios em veículos maiores, muitas vezes contratados por políticos do interior da Bahia e de outros estados para divulgar seus nomes. Os trios elétricos passaram a circular por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Recife, tornando-se um fenômeno nacional”.
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Em 2025, a invenção do Trio Elétrico completa 75 anos. | Foto: Igor Serra/Ag. Fred Pontes
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