Da estreia à tradição: Filhos de Gandhy marca encontro de gerações

Afoxé Filhos de Gandhy desfila pelo Circuito Dodô nesta segunda-feira de Carnaval e mostra tradição passada entre gerações

Por Thaís Seixas.

Um encontro de gerações que, juntas, caminham no passo do afoxé formando o tradicional tapete branco da paz. O bloco Filhos de Gandhy, que nesta segunda-feira de Carnaval desfila no Circuito Dodô (Barra-Ondina) e tem como cenário a orla de Salvador, é o responsável por unir participantes que marcam presença há 40 anos e outros que estão estreando na folia.



Um dos que mantêm a tradição de quatro décadas ininterruptas é o aposentado Daniel Abelardo dos Santos, de 62 anos. Ele lembra que foi um caso de amor à primeira vista. "Eu sou da Ilha, aí vim para o Carnaval de Salvador, e vi aquele manto branco no Campo Grande. Fiquei aéreo e pensei 'que bloco lindo. Se Deus me permitir, um dia vou sair. Uns quatro anos depois eu tive a oportunidade e estou aqui até hoje", destaca ele. 


Com a experiência no afoxé, Daniel também passou a costurar os turbantes. Ele conta qual a emoção de participar do bloco a cada Carnaval. "Todo ano, para mim, é como se fosse o primeiro. Ainda faço os turbantes, sou turbanteiro há 30 anos", revela.



Nova geração 


Na outra ponta da linha do tempo, estão o estudante Carlos Cauã, de 17 anos, e o autônomo Welington De Jesus, de 28. Os dois estão estreando no afoxé e contam o que os levou ao desfile pela primeira vez. Mantendo a tendência entre os foliões, Carlos seguiu os passos do pai, que foi associado do Filhos de Gandhy durante muito tempo. 



"É uma experiência única. Minha inspiração é meu pai, que já saiu por muitos anos. Primeiramente, tem que ter fé - porque, sem fé, você não vai a lugar nenhum - e incentivo. É gratificante demais estar aqui, e também é a primeira vez que venho para o Carnaval da Barra", diz o adolescente.


Já Welington passou por uma experiência diferente com a agremiação, que o motivou a 'correr atrás' do sonho de ser um associado. "Já segurei a corda do Gandhy e falei que eu também queria participar do bloco. Aí fui atrás e hoje estou aqui. É uma satisfação enorme. Tem qe ter fé, respeito, consideração e amor pelo  Gandhy", celebra ele. 



Desfile no Circuito Dodô


Como já é tradição, o desfile do Filhos de Gandhy no Farol da Barra foi iniciado com o padê - cerimônia do candomblé e de religiões de matriz africana, em que se oferecem a Exu alimentos e bebidas. Em seguida, o bloco formado só por homens - cis e trans, após a recente polêmica envolvendo um informativo aos associados - segue seu destino acumulando admiradores pelo percurso. 


Thais Seixas/Aratu On

Thais Seixas/Aratu On




A equipe do Aratu On flagrou uma foliã bastante emocionado, que estava acompanhada de dois associados e uma criança também com a indumentária do afoxé. Ela afirma que a emoção é por conta da mãe, que morreu há três anos, e pela tradição familiar em relação ao bloco. 


"O Gandhy me lembra da nossa mãe. Esse é o terceiro ano que ela não está aqui, e a gente sempre fez disso uma tradição familiar. Esse é o segundo ano do meu filho saindo no Gandhy, e os homens da minha família sempre estiveram no bloco", ressalta ela. 


Um dos participantes do desfile desta segunda-feira foi o prefeito Bruno Reis, que esteve em cima do trio, ao lado do presidente do Filhos de Gandhy, Gilvoney Oliveira, durante parte do trajeto. 


Prefeito Bruno Reis | Foto: Bruna Castelo Branco/Aratu On

Prefeito Bruno Reis | Foto: Bruna Castelo Branco/Aratu On



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