Cachorro concurseiro? Cães da Receita Federal passam por processo seletivo
Os chamados cães de faro da Receita Federal passam por processo seletivo com critérios como 'sociabilidade'
Por Juana Castro.
Você já ouviu falar em cachorro concurseiro? Pois saiba que os cães farejadores da Receita Federal não entram em serviço por acaso. Antes de começarem a atuar no combate ao tráfico de drogas e contrabando, eles passam por um verdadeiro processo seletivo, com critérios rigorosos que incluem saúde, comportamento e até “vocação” para o trabalho.
A revelação foi feita por Aldo Luiz, servidor da Receita Federal que participa da série "Área Restrita", da HBO Max. Durante entrevista ao videocast Poddelas, na , apresentado por Tata Estaniecki Cocielo. O episódio foi ao ar na terça-feira (7) e ganhou repercussão nas redes sociais nos dias seguintes.
Cachorros passam por seleção difícil
Segundo Aldo Luiz, a seleção dos cães é ainda mais criteriosa do que a dos próprios servidores. “Os cães da Receita Federal passam por uma seleção mais rigorosa que dos servidores”, afirmou. Ele explicou que os animais são adquiridos por meio de licitação, geralmente quando têm cerca de um ano de idade — fase em que estão aptos a iniciar o treinamento.
Antes disso, passam por uma série de exames e avaliações. “Nesse período, eles passam por diversos testes antes da licitação — questão de saúde, de articulação, se ele está apto ou não está apto”, contou. A taxa de aprovação é baixíssima: “A cada 60 cães que levam para a seleção, apenas entre seis e oito são selecionados”.
Critérios para 'cães de faro' da Receita incluem sociabilidade e resistência a ruídos
Entre os principais critérios avaliados está o chamado “drive”, que segundo explicou Aldo Luiz é a vontade natural de trabalhar. Na prática, traduz-se na disposição para brincar: “Na verdade, não é trabalhar. Para o cão, ele está brincando. Ele não tem contato com a droga, ele está buscando a bolinha dele”.
Durante as inspeções em aeroportos e portos, os cães associam o cheiro das substâncias proibidas ao brinquedo. “Quando ele vê uma fileira de malas, ele pensa em qual mala está a bolinha dele”, disse.
Outros aspectos também são observados, como sociabilidade e equilíbrio emocional. “Um dos critérios é se ele é sociável, se gosta de pessoas e de outros cães, porque os cães da Receita não são agressivos”, afirmou. Nos aeroportos, por exemplo, é essencial que os animais não se intimidem com ruídos altos. “O cão de Guarulhos trabalha do lado de uma turbina de avião. Ele não pode ter medo de barulho nem de pessoas, nem ter interesse demais por pessoas. Ele tem que ter interesse pela bolinha.”
Cachorros devem ser vistos como colegas de trabalho na Receita
Aldo ainda destacou que, apesar do vínculo afetivo, os cães são tratados como parceiros de equipe, e não como animais de estimação. “Você não pode tratar o cão como pet. Pra mim foi assim, tentar imaginá-lo como um colega de trabalho”, resumiu.
Veja abaixo:
Em tempo: PRF também conta com cães farejadores
Não é só a Receita Federal que conta com o apoio de cães farejadores. A Polícia Rodoviária Federal, por exemplo, trabalha com cachorros que, inclusive, já são conhecidos. Um deles, de nome Messi, ajudou na apreensão de drogas escondidas em uma bagagem de um ônibus de viagens na BR-116, em Vitória da Conquista.
Em fevereiro do ano passado, duas cadelas de faro - Jade e Laika -, a serviço da Polícia Civil, encontraram mais de 15 kg de drogas em encomendas nos Correios, em Salvador.
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