Mulher que largou tudo e veio morar na Bahia reencontra família após 10 anos; hospital mediou encontro
Parentes de Danielly partiram de Teresina, de carro, para enfrentar 1.150 km de estrada, com destino à Av Sete de Setembro, 4161 – Barra, Hospital Espanhol, Salvador/BA.
A piauiense Danielly Shirley Batista Silva, 46 anos, natural de Teresina, no Piauí, largou o estado de origem para morar em Salvador, na Bahia, há 10 anos atrás. Por causa desta escolha, ela passou todo esse tempo sem ver a família ou sequer ter notícia dela.
Todavia, a história dela foi mudada após uma grave doença, comprovando que "há males que vem pro bem". Internada no Hospital Espanhol, na capital baiana, desde abril, Danielly conheceu a assistente social Sheila Silva, que não descansou até promover o reencontro.
A alta de Danielly aconteceu no último dia 6 de junho e, na porta o hospital, o pai, a mãe e o seu filho mais velho a esperavam depois de uma década sem notícias. O grupo veio de carro do Piauí para buscá-la.
AFASTAMENTO
Dani, como era chamada pelos profissionais de saúde do Hospital Espanhol, foi admitida no dia 29 de abril com a saúde bem debilitada. Chegou a ficar intubada, mas evoluiu para a melhora e, na segunda quinzena de maio, foi transferida para a Enfermaria 5C.
No dia 18 de maio, durante uma das visita de Sheila, as duas conversaram sobre esta falta de contato da paciente com a família. O distanciamento começou por opção própria de Danielly.
No ano de 2012, ainda em Teresina, ela se afastou da família, brigada com os pais. Seus dois filhos adolescentes, à época, também foram afastados: um deles ficou sob os cuidados dos avós maternos e o outro, sob os cuidados do pai.
A vinda para a Bahia só aumentou a dificuldade de reaproximação. “Em junho de 2014, sai de Teresina com um grupo de amigas para assistir à Copa do Mundo aqui em Salvador. Estava precisando espairecer um pouco. Eu trabalhava vendendo roupas e me endividei muito. Sujei meu nome na minha cidade e desisti de tudo. Até da minha família”, contou Danielly.
Sheila, que trabalha há dois anos como assistente social, percebeu que ela queria voltar a ver os parentes. “Meus contatos com Dani foram progredindo, a cada visita à beira leito. As suas emoções e a dificuldade na fala, por conta do período em que ficou intubada, prejudicaram, inicialmente, a troca de informações. Mas aos poucos ela foi contanto sua história, falando da mãe, dos filhos... e nos revelando os seus nomes. Demonstrou interesse em tentar localizar a família. Assim fomos à procura dos familiares de Dani, com a autorização da nossa coordenação e a ajuda das redes sociais, como ferramentas de busca” explicou a quase detetive.
ENCONTRO
Foi pelo Facebook que Sheila encontrou o filho mais velho de Danielly, Willame Batista, atualmente com 28 anos. A assistente questionou, pelo messenger, se o nome Danielly Shirley Batista Silva era conhecido para ele. A resposta de milhões e emoções veio: “Esta mulher é minha mãe! Faz mais de 10 anos que não temos notícia alguma dela... Achávamos que ela estava morta", respondeu.
Depois de estabelecido o contato, mãe e filho começaram a ser por videochamadas quase todos os dias em que ela esteve internada. Quando foram comunicados da alta, o grupo partiu de Teresina, de carro, para enfrentar 1.150 km de estrada, com destino à Av Sete de Setembro, 4161 – Barra, Hospital Espanhol, Salvador/BA.
Vieram, na comitiva, seu pai de criação, José Willame Batista da Silva, 61, autônomo; sua mãe Geralda Batista, 68, comerciante e o primogênito de Danielly, Willame. O filho caçula, Lucas, de 23 anos, não veio. A viagem durou quase dois dias porque ocorreram algumas intercorrências com o carro, atrasando o reencontro e só aumentando as ansiedades.
Às 16:45 do dia 6 de junho de 2022, a alta de número 4.500 do HE aconteceu. As portas de vidro da Recepção se abriram e Dani, na cadeira de rodas, usando um vestido amarelo que a mãe trouxe de presente, segurando um balão dourado, em forma de estrela, viu seu pai, sua mãe e um dos seus filhos caminhando em sua direção, ao som da voz e do violão do musicoterapeuta da unidade, Marcos Barbosa, entoando um louvor, a pedido da própria paciente. “Você envelheceu muito!” – disse Dani ao pai, entre risos e sinceridade.
“Dani não é fácil”, disse sua mãe, antes de desabafar, entre lágrimas e voz embargada de choro. “Agradeço ao Senhor por trazer a nossa filha de volta para nós. Eu estou muito feliz! Eu achava que estava sonhando, nos dois primeiros dias em que recebi a notícia. Mal conseguia falar. Mas quando os contatos foram sendo feitos, eu vi que tudo era realidade. Eu tinha dado minha filha como morta e ela reviveu, porque o Senhor é bom! Não devemos desistir nunca e sempre confiar em Deus, porque Ele é maior do que todas as coisas”, agradeceu.
BUSCA
Durante os dez anos sem contato, a família tentou muito encontrá-la. Contratou detetive, deixaram registros nos órgãos de segurança pública local e nacional e D. Geralda fez cadastro no Instituto Médico Legal de Teresina, para onde era chamada com frequência para realizar testes de DNA, na expectativa de ser identificada como mãe biológica de corpos de mulheres que chegavam ao local com características similares à sua filha Danielly.
“Hoje eu devo agradecer por eles me aceitarem de volta. Quero agradecer também, por tudo que a assistente social Sheila fez por mim. Ela que foi em busca da minha família. Coisa que eu nunca fiz e nem sei se faria sozinha”, pontuou Danielly.
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