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06/10/2021 16h30 | Atualizado em 06/10/2021 17h00

Por que tem acontecido tantos sequestros em Salvador nas últimas semanas? o Aratu On explica pra você

Criminalmente, essas ações não estão sendo tratadas como sequestro, pois não há pedido de resgate, mas sim "cárcere privado", já que a vítima é impedida de sair da própria casa

Por que tem acontecido tantos sequestros em Salvador nas últimas semanas? o Aratu On explica pra você Foto: redes sociais
Beatriz Bulhões

Se você mora em Salvador, certamente ouviu falar de pelo menos um sequestro no último mês. Um dos mais recentes ocorreu no bairro da Engomadeira, quando um dos criminosos, que fugia da polícia, chegou a fazer uma live de dentro da casa do réfem e mais de 8 mil pessoas assistiram. No dia seguinte, em Brotas, a situação se repetiu: após uma troca de tiros, os moradores já começaram a ter medo de que houvesse um sequestro.

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O Aratu On explica que há uma espécie de "modus operandi" para essas ações dos criminosos. Pelo menos nos casos registrados nos últimos meses, tudo sempre começa com um flagrante da Polícia Militar e uma troca de tiros.

Quando as guarnições da PM encontram grupos em atividades suspeitas, muitas vezes a ocorrência acaba evoluindo para um confronto. No meio dos disparos, tanto os moradores quando os suspeitos podem sair feridos – é ai que entra o sequestro -. 

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EXIGÊNCIA

É dificil traçar um perfil de todos os criminosos de Salvador, porém, os sequestros recentes costumam seguir a mesma lógica do que também acontece em outros estados. Em todos os crimes desse tipo, o bandido entra na casa de um morador, e declara como única exigência a presença da imprensa. 

Em diversos confrontos entre policiais e suspeitos, quase sempre há dúvidas se houve uma troca de tiros ou execução dos bandidos. É importante ressaltar que a corregedoria da PM apura as denúncias e pune os agentes que agiram desta forma e que a versão apresentada pelos policiais não deve ser negada sem que haja fatos contrários, mas os familiares dos acusados costumam reclamar das ações truculentas em bairros periféricos. Porém, quando essas ações são filmadas, a chance de a história ser contada com provas concretas é maior. 

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Por isso, os suspeitos sempre pedem a presença da imprensa, para garantir que a ação seja filmada e divulgada. O sequestro de moradores entra como forma de conseguir que os jornalistas compareçam ao local. Os profissionais, por sua vez, funcionam como uma  espécie de garantidores do bem-estar dos envolvidos. 

SEQUESTRO?

Criminalmente, essas ações não estão sendo tratadas como sequestro, pois não há pedido de resgate, mas sim "cárcere privado", já que a vítima é impedida de sair da própria casa. Os criminos fazem pedidos, mas eles não estão relacionados às vidas das vítimas, já que os réfens costumam servir apenas como uma garantia de vida para os suspeitos. Felizmente, nenhuma vítima desses crimes se feriu até o momento, mas é impossível afirmar que isso não possa vir a acontecer, caso a prática se torne mais frequente.

Em alguns casos, surgiram boatos de que a vítima não estava sendo sequestrada, e sim colaborando com os suspeitos. O refém seria alguém conhecido dos criminosos, que teria permitido a entrada do bandido na casa e fingindo medo para garantir a presença da imprensa. Essas hipóteses estão sendo investigadas pela polícia e, até o momento, não há nenhum indício de que isso tenha ocorrido em Salvador.

SOLUÇÃO

Como tudo que envolve a violência no nosso país, não há uma saída simples e prática. O assunto já está sendo abordado pelos responsáveis pela segurança pública, que avaliam como minimizar essa prática, bem como nós, do Grupo Aratu, que passamos a discutir se seria válida uma mudança de abordagem na condução de casos como estes. 

O que você acha do assunto? Comente aqui ou nas nossas redes sociais qual sua posição sobre o tema.

RELEMBRE A SEQUÊNCIA DE CRIMES PARECIDOS

ENGOMADEIRA (28/09/2021)

A invasão de uma residência na localidade da Engomadeira, no bairro de Tancredo neves, no dia 28/9, terminou com seis homens detidos e dois suspeitos feridos. O crime chamou atenção porque os suspeitos fizeram uma transmissão ao vivo, que alcançou quase 9 mil pessoas. Durante todo o tempo, o grupo pediu que a imprensa aparecesse no local. 

CIDADE NOVA (25/09/2021)

O bairro viveu um dia de muita tensão entre os moradores. Foram duas ocorrências semelhantes. Logo após o término da negociação, que resultou na rendição de dois criminosos, que fizeram um cadeirante refém, equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) iniciaram novo processo, eum imóvel vizinho. Os suspeitos desta situação eram comparsas da dupla, que invadiu a outra casa, na localidade denominada de Forno. 

VALE DO OGUNJÁ (23/09/2021)

Dois homens morreram após troca de tiros com a Polícia Militar no bairro do Engenho Velho de Brotas, região do Vale do Ogunjá. Outros dois comparsas correram, entraram em uma casa e fizeram uma mulher refém. A ação, que durou duas horas, iniciou, por volta das 12h30. No local, a reportagem da TV Aratu apurou que o grupo fazia parte da facção criminosa "Tropa do A", que comanda o tráfico de drogas na região da Avenida General Graça Lessa.

LOBATO/SUBÚRBIO FERROVIÁRIO (17/0920210)

Dois suspeitos ficaram feridos e fizeram reféns após um tiroteio no bairro do Lobato, Subúrbio Ferroviário de Salvador. O caso aconteceu no final da manhã de uma sexta-feira e começou após a dupla entrar em um supermercado e assaltar uma jovem. Durante a fuga, porém, os bandidos foram perseguidos por policiais que moram na região e não estavam em serviço. A dupla, para se livrar, invadiu uma residência

COSME DE FARIAS (12/09/2021)

Um tenente da Polícia Militar da Bahia, lotado na Rondesp Atlântico, foi baleado e morto por criminosos. Ele fazia parte de uma das guarnições que realizava uma operação no bairro, mas que foi surpreendida e atacada por cerca de 30 bandidos, na localidade conhecida como Alto do Cruzeiro. Na tentativa de fuga, um dos suspeitos invadiu uma residência, fazendo uma família refém. Ele exigiu a presença da imprensa no local para se entregar à polícia. 

IAPI (25/08/2021)

Durante uma noite de quarta-feira, criminosos entraram em confronto com policiais militares. Em uma tentativa de fuga, quatro suspeitos entraram em um imóvel residencial, fazendo três pessoas de uma família, reféns. Cerca de 2h depois, o quarteto (três adultos e um adolescente) se entregou. Um dos reféns teve um ferimento leve na testa e os outros dois saíram ilesos. 

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Fonte: Beatriz Bulhões *