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Ele fez uma passageira desistir do suicídio em Salvador: conheça Germano, o motorista por app que ganhou "fama" de psicólogo

"Eu só ouvi, somos meio que psicólogos ali[...] Todos os dias a gente fala alguma coisa pra alguém, todo santo dia", resume o profissional.

Por Beatriz Bulhões

Ele fez uma passageira desistir do suicídio em Salvador: conheça Germano, o motorista por app que ganhou "fama" de psicólogo leitor/Aratu On

O que era pra ser uma corrida comum acabou transformando a vida do motorista de aplicativo Ademilton Neri, conhecido como Germano. Mas o que mudou mesmo foi a vida, literalmente, de uma passageira. A mulher, que se identificou apenas como Alessandra, deixou um comentário na página do trabalhador no aplicativo InDriver, onde escreveu: "ótimo motorista, salvou minha vida, literalmente! Eu tava indo cometer um suicídio e ele não deixou".


Germano conversou com o Aratu On para contar como usa seu trabalho para ajudar as pessoas que passam pelo seu carro todos os dias. "Eu só ouvi, somos meio que psicólogos ali [...] Todos os dias a gente fala alguma coisa pra alguém, todo santo dia", resume. 


"A gente que trabalha com aplicativo de transporte de pessoas tem que ter uma responsabilidade muito grande. A partir do momento em que aceitamos um chamado, a gente já passa a observar o comportamento do veículo, seja por segurança ou apenas para puxar um assunto, pra que não seja uma viagem chata, incômoda. [...] Ao chegar, eu senti nela [Alessandra] algo diferente", lembra.


Ao perceber esse estranhamento, ele tentou conversar com a passageira, que aparentava ter cerca de 25 anos. "Ela falou que não queria que eu falasse nada, apenas a levasse até a estação de metrô Tamburugy. Só que eu olhei pra ela e disse 'poxa, eu estou muito preocupado com você'. Algo em mim mesmo me chamou a atenção de que eu não podia parar naquele ponto. Eu falei 'se você quiser desabafar, eu vou levar o carro bem lentamente e você fala pra mim, que se eu puder te ajudar eu vou te ajudar'. Foi ai que ela disse que estava indo para tirar a vida dela", narra.


Na intenção de ajudar, Germano começou a contar sua vida, sobre suas esposa e filhos, e sua maneira de enxergar a passagem pela Terra. "Eu comecei a falar algumas coisas pra ela, da importância do presente, da vida que Deus deu pra gente. Disse pra ela que eu não ia deixá-la no ponto, mas sim levá-la até uma praia", aconselhou.


O motorista lembra ainda que, ao chegarem na praia, estava chovendo fortemente. "Deixei ela no carro pensando e saí do carro, na chuva. Quando eu retornei ao carro ela disse: 'me leva pra casa', e eu fiquei muito feliz", recorda.


Como as regras da pandemia não permitem abraço, ele apenas deixou a jovem em casa e deu seu número de contato para que, caso tivesse ideias semelhantes, dessem mais uma volta. Ele ainda aguardou uma nova ligação, mas, até o fechamento da reportagem, ela não havia discado seu número. 


REPERCUSSÃO


Com o fim da corrida, Germano voltou pra casa, comentando apenas com a esposa o ocorrido. Porém, nos dias seguintes, descobriu a mensagem deixada por Alessandra em sua página: outros passageiros, que acessavam o local para buscar informações sobre seu trabalho, já entravam no carro perguntando sobre o ocorrido.


"Eu não sabia que ela ia dar esse relato, não sabia que ia dar essa repercussão toda. Tá sendo uma surpresa pra mim, porquê todos os dias alguém comenta", brinca. 


Por outro lado, a fama de "psicólogo" também acabou com ele se tornando uma pressão. O trabalhador contou que, recentemente, uma outra passageira lhe pediu que desse conselhos para a filha. "Eu falei pra ela, 'senhora, eu não sou psicólogo', mas ele dizia 'eu vi o comentário da menina lá e a minha filha sofre de depressão'", desabafa.


DICA


Germano ainda deu uma dica para os leitores do Aratu On que estiverem passando por momentos difíceis. "Eu acho que nós temos que ser bastante felizes, porque a vida é importante, o momento e importante o presente é importante. Então temos que viver de forma intensa o agora, sem criar expectativas para o futuro ou até em outras pessoas, porque criar expectativas em outras pessoas lhe deixam frustrado. É viver intensamente, com foco, objetivo e sorrir". 


Não apenas durante o setembro amarelo, mês de incentivo a prevenção do suicídio, mas por todo o ano, a recomendação é que você busque ajuda médica. Outra dica para quem já pensou, em algum momento, em desistir de viver, é discar 188 e conversar com um voluntário do Centro de Valorização a Vida (CVV).


VÍDEO


A reportagem do Aratu On também preparou uma entrevista audiovisual com o trabalhador. Ele deu detalhes sobre aquele dia que mudaria (ou salvaria) a vida de sua passageira. 



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