"Aqui quem fala é ele": em papo com o Aratu On, "Esse Menino" reflete sobre sucesso, turnê, política e namorado baiano
Natural de Teófilo Otoni (MG), cidade que faz divisa com a Bahia, o humorista de 26 anos apresenta nesta quinta-feira (11/8), em Salvador, o standup "Esse Menino Ao Vivo" no Teatro Jorge Amado, situado na Pituba.
Se te dermos a referência "aqui quem fala é ela, a 'Pifaizer'", você já sabe: é aquele cara dos vídeos engraçados. Ou melhor, Esse Menino. Natural de Teófilo Otoni (MG), cidade que faz divisa com a Bahia, o humorista de 26 anos apresenta nesta quinta-feira (11/8), em Salvador, o standup "Esse Menino Ao Vivo" no Teatro Jorge Amado, situado na Pituba.
Desde o vídeo com o qual "estourou", ironizando a demora do governo brasileiro para trazer vacinas contra a Covid-19 para o país, foi tanto trabalho que Esse Menino teve Síndrome de Burnout e até se afastou das redes. Hoje, reflete sobre a relação entre humor e política, celebra a turnê pelo Brasil com "um show bem gay", casas cheias, pessoas engasgando de tanto rir, e vive um amor - que também é baiano.
"Eu já tinha vindo a Salvador há muito tempo, muito novo, mas não tinha conseguido dar aquela voltinha, conhecer a noite, tal... agora estou conseguindo", falou.
CONFIRA, ABAIXO, A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA
Aratu On (AON): Por que o 'Esse Menino'?
Esse Menino (EM): "Há muito tempo, quando decidi começar a trabalhar com isso e correr atrás, já tinha essa sina de querer ter um nome artístico, sabe? Só que também não queria que fosse um 'nome', mesmo. Queria algo como tinha o 'Criolo', o rapper, a 'Lady Gaga'... e minha avó sempre me chamou de 'esse menino', porque a galera mais velha tem isso, né, quando não sabe o nome de alguém, e aí decidi. Eu nem divulgo meu nome, deixo só esse, mesmo.
Naquela época [mais novo] não tinha essa perspectiva, mas sempre imaginei quando a pessoa fica famosa, o que faz em relação ao nome, pra pedir um delivery, por exemplo. O nome dela é muito dela. Então, acho que é bom separar e pra mim tem sido interessante.
AON: Você viralizou com o vídeo da 'Pifaizer/Pfizer', mas como foi o início dessa relação com o humor?
EM: Eu comecei em 2018, muito na intenção de ficar só na internet. Nesse meio tempo, a coisa de digital influencer ficou muito forte, as pessoas começaram a virar as próprias empresas, e eu surfei nessa onda, um pouco. Já estava fazendo minhas coisas, fazendo uma publicidade aqui, outra ali, mas ainda na intenção de seguir mais no artístico. De uma hora pra outra, postei o vídeo e tudo virou. Mas tudo o que eu faço, hoje, era o que eu fazia antes, só que agora com um público muito maior e com meu nome sendo reconhecido pela indústria.
AON: Por que você se afastou das redes sociais, no final do ano passado?
EM: Eu tive um Burnout - que é quando a gente trabalha muito e chega num limite. Porque, assim que eu 'estourei', decidi trabalhar muito para surfar na onda e monetizar. A gente sabe como a internet é... Daqui a pouco surge outro nome. Aí falei 'vumbora! É assim o ciclo das coisas, tal..."; trabalhei muito e, quando a gente foi fazer o calendário pra 2022, eu tive um surto, porque não tinha previsão de quando eu ia parar de trabalhar, não tinha férias. Eu trabalho com criatividade, estava com a cabeça muito cansada, e aí conversei com minha agência e produção, falei que precisava de um tempo (para entender o que aconteceu) e acabei tirando um tempo pra mim.
AON: Como tem sido a recepção do público pelo Brasil?
EM: É muito doido, porque acho que tudo o que eu fiz a vida inteira, na internet, o que tentei construir... Eu construí para este momento. Sempre foi minha paixão fazer show ao vivo, o standup, e ver a galera de pé, ouvir as risadas... No vídeo da Pfizer - ou qualquer outro -, eu causo as risadas que eu não vejo. Teve um show, recentemente, em Vitória (ES), que eu tive que parar porque a mulher estava engasgada de tanto rir. Então, pra mim, é a realização de um sonho. É o que eu sempre amei fazer. Sempre amei fazer as pessoas rirem e estar vendo de perto é muito gratificante. Eu sempre fico chocado. Tem uma galera que fica emotiva, chora... mas a comédia tem isso, né? Cheguei num momento muito triste [pandemia de Covid-19] e acabei chegando para várias pessoas que tiveram um 'respiro'. Então, se eu puder ter uma função pro resto da vida, é essa: dar uma aliviada nos problemas das pessoas, nem que seja por uma horinha ali que estou no palco. Nossa, eu amo demais fazer isso!
AON: O vídeo da 'Pifaizer' é crítico e com tom político. Como você vê o papel do humor no atual contexto do país?
EM: Acho que o humor, como qualquer arte, pode ser algo que toque, ou não, na política. Nem toda música, necessariamente, é militante. Tem aquelas só pra divertir e o humor também pode cair nesse lugar. Mas, realmente, quando paro para escrever, esses assuntos vêm até mim. Essas pautas surgem e eu não consigo não falar sobre. Eu gosto muito do material que eu faço e tudo o que escrevo vem muito do que eu consumo, do meu ponto de vista, do que eu vivo... e eu consumo política, então é um assunto que eu falo. O humor, não só nesse momento, é muito importante (sempre foi), porque consegue transformar temas mais pesados em coisas mais leves, e as pessoas conseguem digerir de uma forma mais fácil. Conseguem entender melhor.
Escutei muito isso no vídeo da Pfizer e outros vídeos que eu faço sobre política. As pessoas falam 'realmente, não tinha parado pra pensar como foi terem negado mais de 100 e-mails, e agora consegui entender que existia uma tentativa e não deram essa atenção'. O humor sempre foi muito importante em tudo.
Às vezes, as pessoas têm mania de colocar o humor como uma 'arte inferior', só que se você está disposto a consumir, está com uma cabeça aberta e com outros olhos, é muito importante. Sem ele, gata... credo! Ia estar muito pior.
AON: O que o público de Salvador/BA pode esperar do show de hoje?
EM: Tenho falado sempre que podem esperar o show mais gay da vida delas! [Risos] É um show bem gay! Eu falo sobre tudo: sobre vida, relacionamento, sexo, política... Mas falo muito da perspectiva de um homem gay. Pelo menos a minha, porque o humor, principalmente o standup, é muito feito por caras héteros, e quanto mais gente estiver fazendo, mais a gente aprende e tem pontos de vistas diferentes sobre a vida, o mundo e o Brasil. Quando eu falo sobre sexo, é o sexo entre dois homens, e geralmente a gente escuta só de homens héteros ou mulheres. Então o público pode esperar isso: ou vai se identificar muito, ou vai ver alguém que reconheça, que tenha a ver comigo, ou, ainda, aprender sobre uma realidade completamente diferente da dele.
AON: Você está namorando um baiano, o cantor Totô de Babalong. Como vocês se conheceram?
EM: Ele é de Teixeira de Freitas [extremo sul da Bahia], hoje mora em São Paulo, mas a família toda mora em Porto Seguro. Totô é incrível! Conheci ele na internet, com a música dele, 'Caipirinha de Milão'. Tinha visto vários amigos meus compartilhando e falando que era a minha cara. É um arrochinha, um pouco mais moderno. Quando vi, falei: 'Meu Deus, é um gato! Quem que é esse?'. Segui no instagram, com aquela segunda intenção, vi que ele já me seguia e a gente começou a conversar. Um belo dia a gente marcou. Ele foi fazer um show em São Paulo - eu já estava morando lá - e aí eu fui e a gente ficou. Era uma sexta-feira. Saí na casa dele na terça e já assim: completamente apaixonado. A gente foi ficando mais um tempo e ele acabou me pedindo em namoro. Estamos aí, hoje, bobinhos e apaixonados.
EM TEMPO
Heitor, o Totô de Babalong, tem 25 anos e segue em seus trabalhos uma vertente de Pop Tropical. Ele fará seu primeiro show neste sábado (13), na Praça das Artes, no Pelourinho, e Esse Menino garante que estará presente. "Claro! Não sou nem bobo, né?", diz, aos risos.
SERVIÇO
Esse Menino Ao Vivo | Show de abertura: Babu Carreira
Quando: esta quinta-feira (11/8), às 21h
Onde: Teatro Jorge Amado, Pituba
Quanto: Plateia - R$ 40 (meia) / R$ 80 (inteira) | Balcão - R$ 30 (meia) / R$ 60 (inteira) | Valor promocional (1 kg de alimento não perecível) R$ 50 - vendas pelo Sympla
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