Médica relata últimos momentos de Preta Gil: 'Queria chegar ao Brasil'
Médica Roberta Saretta, que acompanhou Preta Gil nos EUA, disse que cantora falou que "não dava conta"
Por Juana Castro.
A médica Roberta Saretta, responsável pelo acompanhamento oncológico de Preta Gil desde 2023, falou pela primeira vez sobre os momentos finais da cantora, que morreu aos 50 anos no dia 20 de julho. Em entrevista ao jornal O Globo, Roberta contou que Preta - que faria aniversário nesta sexta-feira (8) - desejava retornar ao Brasil, mas passou mal antes do embarque, ainda nos Estados Unidos.
“Quando a ambulância chegou para levá-la ao aeroporto e os paramédicos mediram as taxas, ela estava estável, com índices normais: pressão, eletro, tudo. Ela queria, com todas as forças, chegar ao Brasil”, afirmou.
Durante o trajeto de cerca de 1h20 até o aeroporto, a médica permaneceu com a cantora. “Ela esteve acordada o tempo todo. Ao chegar ao aeroporto, passou mal, vomitou. 'Estamos quase lá', eu falei. 'Preta, você dá conta de viajar? Segura mais um pouco?' E ouvi a resposta: 'Não dou conta'. Pedi para o paramédico nos levar ao hospital mais próximo. Chegamos em oito minutos. Quiseram reanimá-la. Poucos minutos depois, ela se foi.”
Câncer e tratamento de Preta Gil
Preta Gil foi diagnosticada com câncer em janeiro de 2023, após um sangramento intestinal. Internada na Clínica São Vicente, no Rio, ela se tornou paciente de Roberta Saretta, que integra a equipe do cardiologista Roberto Kalil, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
+ Gilberto Gil fala sobre luto por Preta: 'A lembrança dela vai ficar conosco'
Segundo a médica, a cantora inicialmente resistiu aos exames e ao tratamento. “Ela também estava passando por uma separação amorosa. A Flora e o Gil estavam vindo ao Sírio fazer um check-up, e combinei com eles de trazerem a Preta com o pretexto de visitá-los. Quando ela chegou ao Sírio, tranquei-a em um quarto. Falei que ela não sairia dali sem fazer exames. A Flora e o Gil ajudaram muito. Ela topou ficar.”
Preta Gil e a busca por tratamento nos EUA
De acordo com Roberta, Preta Gil optou por buscar um tratamento experimental nos Estados Unidos por acreditar na possibilidade de cura, não apenas na sobrevida.
“Ela queria viver mais 15 anos. Só entende isso quem lida com a morte. O cuidado paliativo não é só estar com a família. É compreender o indivíduo. A possibilidade do tratamento experimental a iluminou.”
A médica relatou as dificuldades para conseguir vaga em centros de tratamento nos EUA. “Procuramos em vários lugares e fomos negados em muitos. A preferência é para os americanos; há uma infinidade de regras. Teve um médico que chegou a falar: 'Se você sobreviver, volte aqui'."
Com apoio da empresária Marina Morena, Preta foi aceita em um centro na Virgínia. “Conseguimos entrar em um centro pequeno, que aplica os mesmos protocolos de grandes instituições, com excelentes oncologistas”, explicou Roberta.
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).