O Brasil &eacute; o pa&iacute;s com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo pelo 14&ordm; ano consecutivo. A informa&ccedil;&atilde;o consta no &quot;Dossi&ecirc; Assassinatos e Viol&ecirc;ncias contra Travestis e Transexuais Brasileiras&quot;, da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), divulgado nessa quinta-feira (26/1) - &agrave;s v&eacute;speras do Dia Nacional da Visibilidade Trans (29 de janeiro) -, em cerim&ocirc;nia no Minist&eacute;rio dos Direitos Humanos e da Cidadania.&nbsp;M&eacute;xico e Estados Unidos aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Em 2022, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas no pa&iacute;s. Outras 20 tiraram a pr&oacute;pria vida em virtude de discrimina&ccedil;&atilde;o e do preconceito. Os dados fazem parte do documento divulgado nessa quinta-feira (26/1), em cerim&ocirc;nia no Minist&eacute;rio dos Direitos Humanos e da Cidadania. Entre os assassinatos deste ano, 130 referem-se a mulheres trans e travestis e uma a homem trans. A pessoa mais jovem assassinada tinha apenas 15 anos. Quase 90% das v&iacute;timas tinham de 15 a 40 anos.

Para o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, os dados s&atilde;o uma &ldquo;trag&eacute;dia&rdquo;, mas representam a oportunidade de mudan&ccedil;a da realidade em que vivem atualmente pessoas transexuais e travestis.

<img alt="MDHC,  recebe o documento " src="https://imagens.ebc.com.br/cTZDNuy3Dvb4nW2UwGcgJopYHfE=/754x0/smart/https://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/thumbnails/image/vac_abr2601231764.jpg?itok=vNAHRkj1" style="width: 700px; height: 467px;" /> 
Ministro Silvio Almeirda&nbsp;recebe dossi&ecirc; Assassinatos e Viol&ecirc;ncias contra Travestis e Transexuais Brasileiras |&nbsp;Valter Campanato/Ag&ecirc;ncia Brasil

&ldquo;O fato de termos um relat&oacute;rio como esse aponta para possibilidade de pensar superar essa trag&eacute;dia. Ter o conhecimento, ter os dados, ter a possibilidade de olhar de frente para esse problema, nos traz perspectiva de mudan&ccedil;a, de transforma&ccedil;&atilde;o&quot;, disse. &ldquo;Quando falamos sobre g&ecirc;nero e sexualidade, somos acusados de sermos identit&aacute;rios. Pergunto a essas pessoas se &eacute; poss&iacute;vel construir um pa&iacute;s com os n&uacute;meros que vemos agora&rdquo;, acrescentou.

LEIA MAIS:&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/noticia/geral/na-oceania-tupiniquim-mais-pessoas-trans-e-travestis-foram-mortas-em-2020-do-que-em-todo-o-ano-passado" target="_blank">Na Oce&acirc;nia tupiniquim, mais pessoas trans e travestis foram mortas em 2020 do que em todo o ano passado</a>

De acordo com a pesquisadora respons&aacute;vel e secret&aacute;ria de Articula&ccedil;&atilde;o Pol&iacute;tica da Antra, Bruna Benevides, contribuem para esse quadro fatores como a aus&ecirc;ncia de a&ccedil;&otilde;es de enfrentamento da viol&ecirc;ncia contra pessoas LGBTQIAP+. A falta de dados e subnotifica&ccedil;&otilde;es governamentais tamb&eacute;m podem contribuir para um cen&aacute;rio impreciso ao longo dos anos, al&eacute;m de dificultar a identifica&ccedil;&atilde;o de acusados.

&ldquo;Qual &eacute; a visibilidade que pessoas trans t&ecirc;m tido? Se pegar o telefone e pesquisar no Google ou qualquer outro mecanismo a palavra &#39;travesti&#39;, oito em cada 10 not&iacute;cias s&atilde;o sobre viol&ecirc;ncia e esse cen&aacute;rio tem que mudar. N&oacute;s somos linhas de frente para sermos vistas, mas tamb&eacute;m somos linhas de frente para sermos mortas&quot;, questionou Bruna.

AUTORIA

Segundo o levantamento, entre os 131 assassinatos do ano passado, foram identificados 32 suspeitos. O dossi&ecirc; indica que a maior parte dos suspeitos n&atilde;o costuma ter rela&ccedil;&atilde;o direta, social ou afetiva com a v&iacute;tima. Al&eacute;m disso, &ldquo;pr&aacute;ticas policiais e judiciais ainda se caracterizam pela falta de rigor na investiga&ccedil;&atilde;o, identifica&ccedil;&atilde;o e pris&atilde;o dos suspeitos&rdquo;.

&ldquo;&Eacute; constante a aus&ecirc;ncia, precariedade e a fragilidade dos dados, muitas vezes intencionalmente, usados para ocultar ou manipular a ideia de uma diminui&ccedil;&atilde;o dos casos em determinada regi&atilde;o&rdquo;, diz o levantamento.

O documento apontou ainda que 61% dos assassinatos ocorreram durante o primeiro semestre de 2022. Em n&uacute;meros absolutos, Pernambuco foi o estado que mais registrou assassinatos, com 13 casos, seguido por S&atilde;o Paulo (11), Cear&aacute; (11), Minas Gerais (9), Rio de Janeiro (8) e Amazonas (8).

O perfil das v&iacute;timas no Brasil &eacute; o mesmo dos outros anos: mulheres trans e travestis negras e empobrecidas. A prostitui&ccedil;&atilde;o &eacute; a fonte de renda mais frequente. Entre as v&iacute;timas, 76% eram negras e 24% brancas. O levantamento mostra que mulheres trans e travestis t&ecirc;m at&eacute; 38 vezes mais chance de serem assassinadas em rela&ccedil;&atilde;o aos homens trans e &agrave;s pessoas n&atilde;o-bin&aacute;rias.

&ldquo;N&atilde;o diferente dos anos anteriores, o fato de que em 2022 a maioria daquelas onde foi poss&iacute;vel identificar a atividade, pelo menos 54% dos assassinatos foram direcionados contra travestis e mulheres trans que atuam como profissionais do sexo, as mais expostas &agrave; viol&ecirc;ncia direta e vivenciam o estigma que os processos de marginaliza&ccedil;&atilde;o imp&otilde;es a essas profissionais&rdquo;, indica o dossi&ecirc;.

<img alt="MDHC,  recebe o documento " src="https://imagens.ebc.com.br/3lw5Wl9zYBNnavOyZQYR_UmpoVk=/754x0/smart/https://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/thumbnails/image/vac_abr2601231759.jpg?itok=1sSY6K3e" style="width: 700px; height: 467px;" /> 
Entrega do documento ao ministro dos Direitos Humanos e Cidadania&nbsp; |&nbsp;Valter Campanato/Ag&ecirc;ncia Brasil

Reportagem da Ag&ecirc;ncia Brasil, com altera&ccedil;&atilde;o apenas no primeiro par&aacute;grafo.

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