Mais de 15 mil crianças e adolescentes foram mortos de forma violenta, nos últimos três anos, no Brasil. Em 2023, uma a cada cinco foram vítimas em ações policiais - em sua maioria, negros.
Os dados, divulgados nesta terça-feira (13), são da segunda edição do relatório 'Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil', realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
INTERVENÇÕES POLICIAIS
O estudo revela que, apesar da diminuição da taxa de homicídios desde 2021, a porcentagem de mortes de crianças e adolescentes causadas por intervenções policiais aumentou, de 14%, em 2021, para 18,6% em 2023.
"É importante que haja um protocolo mais claro das abordagens e do uso da força pelas polícias, tendo em vista que os principais alvos são os jovens pretos e pobres da periferia", afirma a socióloga e diretora executiva do FBSP, Samira Bueno.
MAIOR PARTE DAS VÍTIMAS SÃO NEGROS
Nos últimos três anos, 91,6% das vítimas de mortes violentas no Brasil tinham entre 15 e 19 anos e a esmagadora maioria eram meninos (90%) pretos ou pardos (82,9%). O estudo mostra que uma criança ou adolescente, homem, negro, entre 0 e 19 anos no Brasil, tem 21 vezes mais chances de ser morto do que uma menina branca na mesma faixa etária.
LOCAL DAS MORTES
Segundo o relatório, as mortes dos adolescentes com mais de 15 anos acontecem, em sua maioria, nas vias públicas (62,3%). O dado revela que as vítimas estão inseridas em um contexto de violência armada urbana, visto que 81,5% dos jovens mortos não conheciam o assassino.
Já ao se tratar de crianças mais novas, com até 9 anos, o oposto é observado: as mortes violentas costumam ocorrer dentro de cada (cerca de 50%) e, sobretudo, por pessoas conhecidas da criança (82,1% dos casos em 2023), revelando um contexto de maus-tratos e de violência doméstica.
ESTUDO
O estudo do Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil foi realizado a partir de dados coletados por meio da Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011) com pedidos específicos para cada Secretaria de Segurança Pública e/ou Defesa Social das 27 Unidades da Federação.
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Um homem foi agredido por um capit&atilde;o da Pol&iacute;cia Militar (PM) durante uma blitz, em Salvador. A esposa dele, que preferiu n&atilde;o se identificar, fez a den&uacute;ncia na tarde desta segunda-feira (22/11), na TV Aratu.&nbsp;

Ela contou que estava com o marido e a filha de cinco anos no ve&iacute;culo da fam&iacute;lia. O carro estava com o Imposto Sobre Propriedade de Ve&iacute;culo Automotor (IPVA) atrasado e, segundo conta a mulher, pouco antes da blitz, havia colidido com um motociclista e perdido o retrovisor.&nbsp;

Em seu relato, ela diz que o motociclista envolvido no acidente passou tranquilamente pela blitz, enquanto o carro da fam&iacute;lia foi detido pelos policiais em trabalho. O motorista teria explicado que iria pagar o IPVA e consertar o ve&iacute;culo, al&eacute;m de dizer que &eacute; pai de fam&iacute;lia e trabalha no Tribunal de Justi&ccedil;a (TJ) Federal, mas um capit&atilde;o teria se irritado e partido para a agress&atilde;o.

A mulher mostrou o &oacute;culos usado pelo homem, que foi partido. &quot;Acho que nem marginais eles tratam assim como trataram a gente. Paa mim &eacute; horrivel, a gente nunca passou por isso, pra minha filha passar por isso. Ela chegou em casa falando &#39;meu pai foi agredido por policiais..&#39;, chorando&quot;, contou ela.

Ela diz que prestou queixa &agrave; Pol&iacute;cia Civil. &quot;A delegada disse que n&atilde;o ia dar queixa porque n&atilde;o tinha desacato, desacato &eacute; da gente pro policial, e n&atilde;o pro policial&quot;, explicou, mostrando o Boletim de Ocorr&ecirc;ncia (B.O)&nbsp;por &quot;abuso de autoridade&quot;.

No final, o oficial teria sa&iacute;do com o ve&iacute;culo, sem informar para onde o levaria. A mulher alega que nem a chave lhe foi dada, mesmo que, por lei, o ve&iacute;culo n&atilde;o possa mais ser apreendido por n&atilde;o pagamento do IPVA. Al&eacute;m disso, ela teria sido deixada &quot;no meio do nada&quot; com a filha e sem dinheiro para voltar pra casa.

A reda&ccedil;&atilde;o Aratu On entrou em contato com a PM, mas ainda n&atilde;o obteve resposta.

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V&Iacute;DEO: homem recebe tapa na cara de PM ap&oacute;s ser flagrado sem retrovisor e com IPVA atrasado; filha presenciou cena. Entenda: <a href="https://t.co/MfQNaHJqW2">https://t.co/MfQNaHJqW2</a> <a href="https://t.co/5kTi222cws">pic.twitter.com/5kTi222cws</a>
&mdash; Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) <a href="https://twitter.com/aratuonline/status/1462869852092313610?ref_src=twsrc%5Etfw">November 22, 2021</a></blockquote>
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A Pol&iacute;cia Militar divulgou uma nota nesta sexta-feira (30/4) negando que tenha atirado em manifestantes <a href="https://aratuon.com.br/policia/noticia/cidade/moradores-acusam-pm-de-atirar-contra-a-populacao-durante-protesto-na-san-martin" target="_blank">durante o protesto pela morte de um jovem de 16 anos na Avenida San Martin,</a> em Salvador, na quinta-feira (29/4). V&iacute;deos feitos&nbsp;pelo grupo e obtidos pela reportagem do Aratu On mostram barulhos de tiros, que aparentam ser de borracha.&nbsp;

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Em outro momento, eles acusam a pol&iacute;cia de disparar tiros de borracha perto dos manifestantes. <a href="https://t.co/CNaWngheDG">pic.twitter.com/CNaWngheDG</a>
</blockquote>

<blockquote class="twitter-tweet" style="text-align: justify;">&mdash; Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) <a href="https://twitter.com/aratuonline/status/1387904235761766403?ref_src=twsrc%5Etfw">April 29, 2021</a></blockquote>

A corpora&ccedil;&atilde;o&nbsp;confirmou que uma guarni&ccedil;&atilde;o da 9&ordf; Compania Independente (CIPM/Piraj&aacute;) esteve no local e acompanhou o protesto. &quot;As equipes policiais negociaram a libera&ccedil;&atilde;o das ruas e acionaram o Corpo de Bombeiros para debelar o fogo&quot;, diz o comunicado, se referindo aos pneus incendiados pelos manifestantes.

A 37&ordf; CIPM, que &eacute; unidade respons&aacute;vel pela &aacute;rea, refor&ccedil;ou o policiamento no bairro.

ENTENDA

O protesto come&ccedil;ou ap&oacute;s a morte de um jovem no bairro. Segundo os moradores, ele foi executado pelos militares. A pol&iacute;cia, entretanto, afirma que a v&iacute;tima fazia parte de um grupo armado que iniciou os disparou contra uma viatura, criando uma troca de tiros. Esse grupo teria sido localizado ap&oacute;s den&uacute;ncias dos pr&oacute;prios moradores, na vers&atilde;o oficial.

Segundo a PM, nessa a&ccedil;&atilde;o foi encontrado um rev&oacute;lver calibre 38, com numera&ccedil;&atilde;o suprimida contendo cinco&nbsp;muni&ccedil;&otilde;es deflagradas; R$ 40; uma balan&ccedil;a digital; 30 embalagens de Skank; nove por&ccedil;&otilde;es de maconha; quatro por&ccedil;&otilde;es de coca&iacute;na; um pacote de crack; um cigarro de maconha; uma corrente dourada; uma fita adesiva preta e um aparelho de celular.

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