Tainá Santos, mãe de um filho autista que recebe acompanhamento médico via plano de saúde, teve o contrato cancelado de forma unilateral. Ela trouxe seu relato e contou com o direcionamento do Dr.Candido Sá, especialista em Direito, que revelou o que fazer judicialmente nesta situação e em casos de aumentos abusivos.
Em entrevista ao Bom dia Bahia, programa da TV Aratu, Tainá revelou que o caso aconteceu com o plano UNIMED, e o cancelamento veio no mês de abril. Por conta da necessidade de manutenção do atendimento de seu filho, Tainá conta que recorreu à Justiça, e conseguiu uma liminar que obriga a manutenção dos serviços do plano até o fim do processo que analisa o caso.
Mesmo com a medida, segundo a mãe, o plano segue cancelado. Para o especialista, a falta de cumprimento é um desrespeito à decisão tomada. "O advogado em questão no caso pode requerer a prisão do dono deste plano de saúde. É um caso de autismo e com agravantes", afirmou.
Sobre os aumentos abusivos, Candido conta que eles funcionam como caixas pretas, porque os motivos não são revelados. "Quais insumos médicos e qual variação na inflação vêm causando esses aumentos? É preciso ter mais transparência nesses processos", explicou o jurista. Segundo ele, em alguns casos, os valores podem chegar até 96,93% para os clientes.
https://youtu.be/f4PuC4c7R6w
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&quot;Quero ver mam&atilde;e; quero voltar pra casa&quot;. Entre o choro infantil, essas foram as palavras do filho de Catharina Galv&atilde;o, pouco antes de&nbsp;completar tr&ecirc;s anos. No v&iacute;deo, obtido com exclusividade pelo&nbsp;Aratu On, a jovem, de 23, conversa com a crian&ccedil;a por videochamada,&nbsp;um dos raros momentos que conseguiu ao longo de&nbsp;tr&ecirc;s meses que est&aacute; sem v&ecirc;-lo.

&quot;Voc&ecirc; quer ver a mam&atilde;e? Oh, meu amor, &eacute; s&oacute; um tempinho... daqui a pouco voc&ecirc; volta, eu prometo&quot;, responde Catharina. Veja abaixo:

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O desespero&nbsp;de Catharina come&ccedil;ou no dia 18 de abril, quando a crian&ccedil;a deveria voltar para a casa dela ap&oacute;s um fim de semana com o pai, o advogado Paulo Roberto de Aguiar Valente Junior, de 38 anos. Por&eacute;m,&nbsp;o pequeno n&atilde;o retornou e, nesta segunda-feira (19/7), ela decidiu expor a situa&ccedil;&atilde;o.&nbsp;&ldquo;N&atilde;o queria chegar a esse ponto de exposi&ccedil;&atilde;o, para preservar o meu filho, mas aguentei at&eacute; o &uacute;ltimo minuto e pra mim chega&rdquo;, escreveu nas redes sociais.

&ldquo;A guarda unilateral &eacute; minha. Ele s&oacute; tinha direito &agrave; visita, mas, desde o in&iacute;cio, se apossou ilegalmente do meu filho&rdquo;, disse Catharina ao Aratu On. &ldquo;Tenho medida protetiva contra ele, ent&atilde;o n&atilde;o falo com ele, meu contato era com o av&ocirc; paterno. A gente [fam&iacute;lia dela] pediu para que ele devolvesse a crian&ccedil;a, mas ele me acusou de maus-tratos, o que obviamente n&atilde;o conseguiu provar, porque &eacute; mentira&rdquo;, acrescentou. &ldquo;S&oacute; que ele tem feito aliena&ccedil;&atilde;o parental com meu filho, diz que [o menino] n&atilde;o quer voltar para casa, que est&aacute; me negando, e que quando houvesse uma decis&atilde;o do juiz ele iria obedecer&rdquo;.

Contudo, Paulo burlou a decis&atilde;o, ou melhor, as decis&otilde;es, segundo Catharina. &ldquo;Antes disso, fizemos um acordo, homologado na Justi&ccedil;a, de que as visitas do meu filho &agrave; casa dele seriam feitas apenas com supervis&atilde;o de acompanhante. Contratamos pessoas s&oacute; para isso, mas, depois de um tempo, desconfiamos que ele estava ficando sozinho&rdquo;, disse. &ldquo;Resolvemos seguir o av&ocirc;, que vinha busc&aacute;-lo, com a acompanhante, e descobrimos que ele a deixava em uma esta&ccedil;&atilde;o de metr&ocirc; (v&iacute;deo abaixo),&nbsp;e depois meu filho ia &lsquo;sozinho&rsquo; para a casa do pai. Na volta, ele pegava a funcion&aacute;ria no metr&ocirc; novamente e trazia os dois pra casa&rdquo;, explicou a jovem.

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Quando a fam&iacute;lia de Catharina descobriu isso, contratou outra pessoa, com quem ocorreu o mesmo, e depois outra acompanhante. Essa &uacute;ltima foi quem ouviu, e contou &agrave; m&atilde;e do garoto que o pai e o av&ocirc; estariam planejando n&atilde;o devolv&ecirc;-lo. &ldquo;Ela mandou mensagem pra gente, foi um desespero, mas Paulo amea&ccedil;ou&nbsp;dar queixa dela, dizendo que ela n&atilde;o deveria expor a intimidade dele. Ela ficou com muito medo&rdquo;. A funcion&aacute;ria foi mandada embora e o pai n&atilde;o entregou a crian&ccedil;a.

BUSCA E MULTA DE MIL REAIS POR DIA

Catharina disse que sempre pedia not&iacute;cias do filho, mas raramente conseguia. &ldquo;S&oacute; quando ele [Paulo] queria, mandava um &lsquo;ele est&aacute; bem&rsquo;&rdquo;. Foi a&iacute;, ent&atilde;o, que a fam&iacute;lia da m&atilde;e tentou medidas mais s&eacute;rias, e no per&iacute;odo do S&atilde;o Jo&atilde;o saiu um despacho judicial de busca e apreens&atilde;o. Na a&ccedil;&atilde;o, o juiz determina que a busca pelo menino seja cumprida com &ldquo;a presen&ccedil;a de for&ccedil;a policial&rdquo;. H&aacute; tamb&eacute;m uma multa de descumprimento de R$ 1 mil por dia. &ldquo;Acho que ele pensa que est&aacute; acima da lei&rdquo;, disse a m&atilde;e, destacando que Paulo Roberto &eacute; advogado: &ldquo;n&atilde;o &eacute; um leigo&rdquo;.

&ldquo;A gente tentou cumprir [o despacho] com o oficial de Justi&ccedil;a, foi l&aacute;, mas ele n&atilde;o apareceu, nem atendeu ao telefone. Hoje [nesta segunda-feira, 19 de julho], a gente tentou de novo, com autoriza&ccedil;&atilde;o da for&ccedil;a policial. Esperamos encontrar ele para poder chamar a pol&iacute;cia, fomos em todos os endere&ccedil;os poss&iacute;veis e n&atilde;o encontrou. Tamb&eacute;m tentamos contatar o pai dele, que ficou de retornar e n&atilde;o retornou, n&atilde;o atendeu mais o telefone&rdquo;.

OBSTRU&Ccedil;&Atilde;O DE JUSTI&Ccedil;A

Segundo uma das advogadas da jovem, Monica Santana, a atitude de Paulo Roberto &eacute; caracterizada como obstru&ccedil;&atilde;o de Justi&ccedil;a. &ldquo;Temos que aguardar o oficial informar no processo que n&atilde;o conseguiu cumprir o mandado de busca e apreens&atilde;o do menor. Ele est&aacute; - realmente - fugindo do oficial de Justi&ccedil;a&rdquo;, explicou.

&quot;RELACIONAMENTO ABUSIVO&quot;

Catharina e Paulo se conheceram em 2017, ent&atilde;o com 19 e 34 anos, e cerca de dois meses depois ela descobriu que estava gr&aacute;vida. Ela conta que os primeiros meses da gravidez foram tranquilos, mas, na reta final, come&ccedil;ou a passar por algumas situa&ccedil;&otilde;es com ele e a fam&iacute;lia dele, principalmente com a ex-sogra. &quot;A&nbsp;m&atilde;e dele queria controlar tudo o tempo todo e me desgastava, realmente. J&aacute; acordei com mensagem dela falando que o nome que escolhi para meu filho era horroroso, e na gravidez a gente est&aacute; &agrave; flor da pele&rdquo;, contou. &ldquo;Isso come&ccedil;ou a me afetar muito, at&eacute; que eu pedi para ele conversar com a m&atilde;e dele sobre respeitar aquele momento&quot;.

Pouco antes da crian&ccedil;a nascer, Catharina descobriu que precisaria fazer uma ces&aacute;rea, porque havia pedido muito l&iacute;quido amni&oacute;tico, o que poderia comprometer a vida do filho. Ela pediu, ent&atilde;o, para que Paulo conversasse com a m&atilde;e para que ela n&atilde;o fosse, a fim de evitar stress naquele momento. &quot;N&atilde;o porque eu n&atilde;o queria, mas porque eu n&atilde;o aguentava&quot;, disse. Por&eacute;m, a vontade da jovem foi desrespeitada.&nbsp;

&quot;Com menos de 24 horas de parto, eu estava amamentando&nbsp;e ela entrou gritando. Lembro que eu saltitava de t&atilde;o nervosa.&nbsp;Depois descobri que tive um ataque de&nbsp;p&acirc;nico&quot;, relatou.

Nos primeiros meses de vida do filho, ela morava com a m&atilde;e e o irm&atilde;o, e as amea&ccedil;as de Paulo, segundo Catharina, come&ccedil;aram cedo. &quot;Porque&nbsp;ele queria que eu fosse morar com ele, sen&atilde;o faria da minha um inferno. O beb&ecirc; n&atilde;o tinha nem um m&ecirc;s&nbsp;de nascido e teve um dia que minha mae precisou entrar no quarto para que ele parasse&quot;.

Ela, no entanto, foi morar com o pai da crian&ccedil;a, pouco depois. &quot;Ele criava uma situa&ccedil;&atilde;o que eu ficava contra a minha fam&iacute;lia. Fiquei sem falar com minha m&atilde;e e meu irm&atilde;o por um ano e meio&quot;, afirmou. &quot;Um relacionamento abusivo sempre &eacute; dif&iacute;cil. No puerp&eacute;rio, ent&atilde;o... Mas eu n&atilde;o me dava conta. Foi a primeira vez que me envolvi com uma pessoa mais velha que eu, tamb&eacute;m&quot;, confessou. Ela disse que descobriu algumas trai&ccedil;&otilde;es dele, at&eacute; que um dia o ent&atilde;o companheiro chegou &quot;alterado [b&ecirc;bado]&quot; em casa, e disse que lhe &quot;daria um murro&quot;. &quot;Eu fiquei com medo. Ele tinha 1,90m... Eu ia apagar na hora. O que ia acontecer com meu filho? Ele chegou a tentar, uma segunda vez, eu desviei e o soco pegou no arm&aacute;rio da cozinha. Foi ali que eu despertei e decidi ir embora&quot;, completou.

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RESPOSTA DO PAI

O&nbsp;Aratu On&nbsp;tentou entrar em contato com Paulo Roberto diversas vezes durante esta segunda-feira, sem sucesso. Contudo, o advogado compartilhou uma s&eacute;rie de v&iacute;deos, no Instagram, rebatendo as acusa&ccedil;&otilde;es feitas por Catharina. Ele diz que n&atilde;o &eacute; foragido e que estava viajando para Mangue Seco, divisa entre Bahia e Sergipe, e que o filho teria ficado com os pais, em Salvador. Ele acusou Catharina de maus-tratos &agrave; crian&ccedil;a.&nbsp;

&quot;O que a m&atilde;e do meu filho n&atilde;o responde a ningu&eacute;m, nem nos processos, &eacute; o porque meu filho narrou que foi queimado por ferro por ela. Al&eacute;m de outras situa&ccedil;&otilde;es, de mentiras, de aliena&ccedil;&atilde;o parental. Em abril, quando meu filho deveria passar o dia comigo, a m&atilde;e negou esse direito. E a bab&aacute; que trabalhava na casa dela, funcion&aacute;ria dela, noticiou que era porque meu filho estava com marcas roxas no corpo e vomitando. Logo busquei a Derca (Delegacia Especializada de Repress&atilde;o a Crime Contra Crian&ccedil;a) e n&atilde;o permiti que meu filho retornasse&quot;, diz.&nbsp;&quot;Deus sabe de todas as coisas e a verdade, t&atilde;o cedo, aparecer&aacute;&quot;.&nbsp;

A publica&ccedil;&atilde;o foi removida do Instagram.

M&Atilde;E NEGA MAUS-TRATOS

Por fim, Catharina disse que nunca maltratou o filho, e que o levou no pediatra um dia antes, &quot;por coisa de Deus&quot;, e pode comprovar que a crian&ccedil;a estava em perfeito estado. &quot;A m&eacute;dica se supreendeu com o quanto ele estava bem e desenvolvido para a idade&quot;, disse ao Aratu On. &quot;Se meu filho estava machucado, porque ele n&atilde;o conseguiu provar?&quot;.

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