Salvador e a chegada do mês de setembro já são sinônimo de convites para um Caruru. A tradição mobiliza os baianos a comemorarem o prato feito com quiabo, em homenagem aos santos e divindades da religião católica e do candomblé.

Angela Costa, devota dos erês - espíritos ou entidades associadas à infância na crença iorubá e no candomblé - oferece o caruru há quatro anos, para pagar a promessa que fez às entidades. A primeira vez que comemorou a tradição foi no dia 26 de setembro de 2020.

"Estava recém-separada e, no momento em que precisei, eles (as entidades) me ajudaram. Consegui um emprego e um novo apartamento. Não fico sem fazer o caruru para pagar minha promessa", conta.

Angela segue as tradições do candomblé e conta ainda que, graças aos êres, foi abençoada com o casamento de sua filha. "Ganhei um genro maravilhoso. E minha filha se casou dia 26 de setembro de 2023", acrescenta.

[caption id="attachment_382229" align="alignnone" width="712"]<img class=" wp-image-382229" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/09/WhatsApp-Image-2024-09-26-at-13.21.45-282x300.jpeg" alt="" width="712" height="757" /> Foto: Arquivo pessoal/ Angela Costa[/caption]

Para os católicos, 26 de setembro é o dia dos santos gêmeos médicos, Cosme e Damião, popularmente conhecidos como padroeiros das crianças, devido às curas feitas na Ásia Menor, atual Egeia na Síria, que foram consideradas "milagrosas".

Já para as religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, o dia dos santos gêmeos, conhecidos como ibejis, é comemorado no dia 27 de setembro, quando o caruru é ofertado primeiramente para as crianças, que representam os erês.

Ibeji é um termo de origem iorubá que se refere a gêmeos ou à divindade associada a eles. Na cultura africana, ibeji é venerado como um orixá que representa a dualidade, a fertilidade e a proteção. Os gêmeos são considerados sagrados e possuem uma forte ligação com a espiritualidade.

CARURU DE SÃO COSME E DAMIÃO - OU DE "SETE MENINOS"

A tradição do caruru de São Cosme e Damião ou de sete meninos,  é oferecido primeiramente aos orixás ibejis e aos erês e depois a sete (ou mútiplos de sete) crianças, que representam os irmãos: Cosme, Damião, Doum, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi.

Também são oferecidos doces, como pé-de-moloque, balas e chicletes. A cerimônia costuma incluir danças, cantos e rezas, além de um ambiente festivo que celebra a alegria e a proteção aos pequenos.

O historiador Rafael Passos explica que Cosme e Damião eram médicos pela tradição católica e que foram perseguidos, torturados e mortos como bruxos durante o império romano, no fim do ano 300.

"O culto desses santos chega ao Brasil entre 1530 e 1540, através dos portugueses, mas com o tempo sofre alterações devido à sua relação com os povos que eram escravizados. O culto a eles então ganha um terceiro membro (Doum, irmão mais novo) e alteração em suas cores de origem (indo para o azul e rosa claro)", acrescenta Rafael.

[caption id="attachment_382253" align="alignnone" width="807"]<img class=" wp-image-382253" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/09/WhatsApp-Image-2024-09-26-at-15.14.31-300x210.jpeg" alt="" width="807" height="565" /> Arte: Engelis de Oliveira/ Pintura em aquarela e bico de pena sobre papel aquarelável. Cosme, Damião e Doum. 2019[/caption]

O historiador também explica que, por se tratar de uma tradição de região periférica, existia um encanto e também uma repulsa por parte das pessoas. Ele afirma que essa cultura vem sendo diminuída devido ao avanço dos evangélicos.  "Há 10, 15 anos, todo mundo tinha um caruru. Hoje em dia, as pessoas correm atrás de um que mantenha a tradição, em especial fora dos terreiros. Antigamente, diversas famílias mantinham a tradição viva", explica Rafael.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL

O caruru, que é ofertado durante todo o mês de setembro e se repete todos os anos, <a href="https://aratuon.com.br/cultura/2024-09-19/caruru-de-sao-cosme-e-damiao-se-torna-patrimonio-imaterial-da-bahia/" target="_blank" rel="noopener">agora é patrimônio imaterial da Bahia</a>. O título do prato, feito com quiabo, camarão seco e muito azeite de dendê, foi aprovado por unanimidade pelo pleno do Conselho Estadual de Cultura (CEC). O registro será publicado no Diário Oficial da Bahia nesta sexta-feira (27 de setembro), dia da celebração.

Para o professor de História da Arte e artes plásticas, Engelis de Oliveira, a festividade une elementos de devoção aos santos gêmeos, com práticas culinárias e rituais que homenageiam orixás, tornando o prato uma verdadeira celebração da diversidade religiosa do país. "Dentro dessa síntese, essa simbiose entre as religiões, tanto europeias quanto africanas, a gente tem essa dimensão sincrética, que foi introduzida na nossa cultura de maneira muito orgânica", explica Engelis.

Ele também afirma que comer o caruru no dia de São Cosme e Damião, que para alguns é dia 26 e para outros 27 de setembro, é um ato não necessariamente religioso, mas cultural.

CARURU EM SALVADOR E REGIÃO METROPOLITANA (RMS)

Para uma tradição se manter viva, é necessário mantê-la ativa. Algumas figuras, como a família de Cira do Acarajé, que pratica a festividade há 85 anos, distribuem todos os anos o prato religioso. Confira alguns locais que irão oferecer caruru em Salvador:

01. Barraca do Chapéu de Couro
Data e Horário: Sexta-feira (27/9) - 12h
Local: Mercado das Sete Portas - Praça 1º de Maio, Box 82, Barbalho, Salvador.

02. Terreiro Ilê Axé Omim Odô
Data e Horário: 12/10 - 17h
Local: Rua Alto do Caji, 5, Quilombo Quingoma de Fora, Lauro de Freitas

03. Terreiro Onzo Kawungemy
Data e Horário: Sexta-feira (27/9)- 17h
Local: Estrada da Liberdade, 554, Liberdade, Salvador

04. Galo de Diumbanda
Data e Horário: Sexta-feira (27/9)- 18h
Local: Comunidade Pela Porco, Sete Portas

05. Clube dos Oficiais da Polícia Militar e Bombeiros
Data e Horário: Sexta-feira (27/9) - 18h30
Local: Av. Dendezeiros, S/N, Bonfim.

LEIA MAIS: <a href="https://aratuon.com.br/cultura/2024-09-27/caruru-de-sao-cosme-e-sao-damiao-e-oficializado-como-patrimonio-cultural-da-bahia/" target="_blank" rel="noopener">Caruru de São Cosme e São Damião é oficializado como Patrimônio Cultural da Bahia</a>

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A Casa de Oração Irmãos e Fé (COIF) irá realizar uma feijoada beneficente no domingo (14/7), a partir das 13h. A festa irá começar a partir das 13h na De Casa Eventos, localizada na Vila Laura.
O objetivo é levantar fundos para a aquisição de uma sede própria, no intuito de atender os consulentes com mais conforto. Atualmente, a instituição fica localizada no bairro da Lapinha, em Salvador.
“Nossa casa tem o tratamento de cura como principal finalidade, sempre respeitando os princípios da umbanda e tendo resultados surpreendentes. Ter a nossa sede irá nos permitir praticar a caridade com mais dignidade, já que a demanda vem aumentando bastante”, afirmou Alessandra Nascimento, dirigente da casa.
Fundada em 2008, a COIF realiza cerca de 300 atendimentos por mês. Com a demanda crescente, a unidade necessita de um espaço maior para acomodar todos aqueles que procuram a cura através da fé.
A festa conta com os shows da cantora Carla Victória, do grupo Quarteto in Samba e participação da banda Swing de Fora. Com uma feijoada irresistível, boa música e solidariedade, animação não vai faltar neste domingo.
<img class="alignnone size-full wp-image-351406" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/07/carla-vitoria-divulgacao.jpg" alt="" width="450" height="558" />
A 7ª Feijoada da COIF tem o apoio do Bloco Pagode Total, Camila Bahia Eventos, Restaurante Sabores e Dendê e Bar do Léo.
TRATAMENTO DE CURA
A consulente Maria Esteva, de 62 anos, relatou a sua experiência na COIF ao realizar o tratamento para câncer de mama com metástase nos ossos.
“Quando iniciei o Tratamento de Cura da COIF, fiz meus exames de rotina para acompanhamento da doença e as taxas de controle tinham dado altas. Precisei fazer um complexo exame de imagem (PET-CT) para investigarmos esse aumento e por incrível que pareça, o exame mostrou uma remissão do câncer nos ossos”, contou Maria.
“Para os médicos isso foi um milagre e para mim, o resultado de um belíssimo tratamento espiritual. Um tempo depois precisei trocar a medicação que eu já fazia uso por 5 anos por uma nova, que tem diversos efeitos colaterais esperados pelos médicos como anemia, baixa imunidade e até mesmo comprometimento da função hepática. No entanto, esse não foi o meu caso, graças a minha fé e ao trabalho da espiritualidade através da COIF tenho excelentes resultados nos meus exames de rotina. Tenho certeza que o Tratamento de Cura foi essencial para lidar com essa batalha na qual já estou saindo como vencedora. E continuarei com fé nos espíritos de luz que nos ajudam com tanta caridade em caminho para cura”, relatou a consulente.
SERVIÇO
7ª Feijoada da COIF
Atrações: Carla Victória | Quarteto in Samba | Swing de Fora (participação)
Quando: domingo (14/7), às 13h
Onde: De Casa Eventos - Rua Hélio de Oliveira, nº 200, Vila Laura
Quanto: R$ 60 (individual) e R$ 110 (casadinha)
Informações: 71 98388-8290 (WhatsApp) | Instagram: <a href="https://instagram.com/c.o.i.f" target="_blank" rel="noopener">@c.o.i.f</a>
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Estamos t&atilde;o acostumados a usar branco no R&eacute;veillon, no Brasil - principalmente em Salvador - que at&eacute; estranhamos quando vemos pessoas&nbsp;abusando de cores mais fortes em filmes e s&eacute;ries estrangeiros, por exemplo. Mas voc&ecirc; j&aacute; se perguntou o porqu&ecirc; de darmos as boas-vindas ao Ano Novo com roupa branca?&nbsp;

As tradi&ccedil;&otilde;es, simpatias e supersti&ccedil;&otilde;es s&atilde;o bem comuns nesse per&iacute;odo. Pulamos&nbsp;sete ondinhas, comemos&nbsp;lentilha, sopramos&nbsp;canela... e usamos&nbsp;roupa branca,&nbsp;nosso t&oacute;pico de hoje.

Primeiro, a gente precisa entender que esse costume &eacute; bem brasileiro, mas com&nbsp;origem nas religi&otilde;es de matriz africana, principalmente&nbsp;Candombl&eacute; e&nbsp;Umbanda. Uma das pr&aacute;ticas candomblecistas &eacute; enviar pedidos - as famosas oferendas - &agrave; Iemanj&aacute;, a rainha do mar, e&nbsp;quem o faz sempre est&aacute; de branco, conforme a tradi&ccedil;&atilde;o.

<img alt="" src="https://storage.googleapis.com/aratu-backend/fotos/aratu_noticias/101636/mg/mae amanda.jpg" style="width: 233px; height: 350px; float: left;" />Aqui na Bahia a gente celebra Iemanj&aacute; no dia 2 de fevereiro, mas, no Rio de Janeiro, isso tamb&eacute;m &eacute; feito no R&eacute;veillon. Para entender mais sobre o tema, o&nbsp;Aratu On&nbsp;conversou com m&atilde;e de santo Amanda de &Oacute;sun, mais conhecida como Iy&aacute; Olaniyi Ifayola&nbsp;&Igrave;y&aacute;l&oacute;r&igrave;s&agrave;, do terreiro Il&eacute; &Agrave;se &Igrave;y&aacute;&agrave;fin Od&ograve;, em Cajazeiras 11, Salvador.

De acordo com ela, o&nbsp;h&aacute;bito de usar branco e fazer as oferendas come&ccedil;ou a se expandir&nbsp;na d&eacute;cada de 1970, quando os povos de santo sa&iacute;ram dos terreiros e passaram a ir para as praias, realizar seus rituais de fim de ano, algo que se estendia at&eacute; fevereiro, com os presentes &agrave; Iemanj&aacute;. Quem estava &quot;de fora&quot;, mesmo sendo de outra religi&atilde;o - ou de nenhuma -, foi entrando na onda, literalmente.

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Nos dias atuais,&nbsp;muitos brasileiros continuam usando branco n&atilde;o por, necessariamente, estarem ligados a uma dessas religi&otilde;es, mas por acreditarem que a cor simboliza paz, prosperidade e boas energias. Para quem &eacute; de ax&eacute;,&nbsp;o significado vai al&eacute;m.&nbsp;

&quot;Para n&oacute;s de religi&atilde;o de matriz africana, o branco n&atilde;o representa s&oacute; a prosperidade ou&nbsp;a pureza, mas sim um&nbsp;fechamento de ciclo - de de vida e morte, de renascimento e esperan&ccedil;a -,&nbsp;onde tudo se renova&quot;, explicou Olaniyi. &quot;Em tempos de intoler&acirc;ncia, &eacute; importante&nbsp;trazer a nossa vis&atilde;o&quot;, concluiu.

Independentemente de como voc&ecirc; escolha passar a virada do ano, o&nbsp;Aratu On te deseja um feliz 2023!

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Na ter&ccedil;a-feira (15/11), feriado da Proclama&ccedil;&atilde;o da Rep&uacute;blica, comunidades de terreiros sediados no Engenho Velho da Federa&ccedil;&atilde;o e adjac&ecirc;ncias voltam a realizar a Caminhada pelo Fim da Viol&ecirc;ncia e da Intoler&acirc;ncia Religiosa e pela Paz.

Em sua 18&ordf; edi&ccedil;&atilde;o, a comiss&atilde;o que organiza a marcha homenageia Telinha de Yemanj&aacute;, que morreu em julho deste ano. A concentra&ccedil;&atilde;o acontece &agrave;s 14h, no final de linha do bairro, onde fica o busto em homenagem a M&atilde;e Ruinh&oacute;.

&quot;Telinha era exemplo como ser humano e no comprometimento com a nossa religi&atilde;o. Com 96 anos, ela participava ativamente de todas as atividades do Terreiro do Cobre e de movimentos do povo de santo como essa caminhada. Quando pensei em criar esse movimento, ela foi comigo em todos os terreiros do nosso bairro para mobilizar as pessoas&quot;, conta M&atilde;e Valnizia Bianch, l&iacute;der espiritual do Terreiro do cobre e idealizadora da caminhada.

A caminhada chama a aten&ccedil;&atilde;o sobre a necessidade constante de manter a vigil&acirc;ncia e o protesto contra os ataques &agrave; liberdade de culto. Historicamente, as religi&otilde;es de matrizes africanas s&atilde;o as denomina&ccedil;&otilde;es que mais t&ecirc;m sofrido ataques generalizados no Brasil contra os seus direitos.

SERVI&Ccedil;O:

XVIII Caminhada pelo fim da viol&ecirc;ncia e da intoler&acirc;ncia religiosa 
Quando: 15 de novembro, ter&ccedil;a-feira 
Onde: Concentra&ccedil;&atilde;o a partir das 14h no final de linha do Engenho Velho da Federa&ccedil;&atilde;o, onde fica o monumento em homenagem a M&atilde;e Ruinh&oacute;

LEIA MAIS:&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/noticia/geral/camera-flagra-cachorro-da-raca-yorkshire-sendo-roubado-em-lauro-de-freitas-saiba-como-ajudar" target="_blank">C&acirc;mera flagra cachorro da ra&ccedil;a Yorkshire sendo roubado em Lauro de Freitas; saiba como ajudar</a>

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A Casa de Ogum, como &eacute; conhecido o Okut&aacute; de &Ograve;g&uacute;n, tradicional terreiro voltado ao culto do orix&aacute; guerreiro no bairro do Candeal, foi tombado nesta segunda-feira (13/6) como patrim&ocirc;nio hist&oacute;rico de Salvador. O espa&ccedil;o religioso &eacute; o terceiro no seguimento de religi&otilde;es de matrizes africanas a ser reconhecido desta forma.

Dentre suas particularidades, a Casa de &Ograve;g&uacute;n &eacute; o &uacute;nico espa&ccedil;o de culto &agrave; divindade no Brasil, seguindo e mantendo os mesmos ritos como ocorre em &Aacute;frica, onde cada regi&atilde;o cultua uma divindade da di&aacute;spora africana. Essa &eacute; uma tradi&ccedil;&atilde;o bicenten&aacute;ria, implantada por uma princesa e sacerdotisa nigeriana, que foi respons&aacute;vel pela compra do terreno e da liberdade de um escravizado, com quem se casou.

Ambos realizaram o primeiro casamento na Igreja de Brotas e, ao oficializar a uni&atilde;o no Brasil, passaram a ser chamados por Manoel Mendes e Josepha de Sant&#39;Anna, conforme os ritos de batismo da Igreja Cat&oacute;lica. Manoel, ent&atilde;o, presenteou sua esposa com uma pedra (Okut&aacute;) que havia trazido de &Aacute;frica. O objeto, que era do tamanho de uma semente de jaca primeiramente, vem crescendo ao longo do tempo.

O processo de tombamento come&ccedil;ou em 2019, por meio de solicita&ccedil;&atilde;o formulada pela Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Preserva&ccedil;&atilde;o da Cultura Afro Amer&iacute;ndia (AFA). Para Dona Didi, de 103 anos e M&atilde;e de Santo do templo religioso, esse &eacute; um grande momento para a Casa de Ogum. &quot;Me sinto honrada de chegar a esta idade ainda &agrave; frente desse espa&ccedil;o t&atilde;o valioso para todos n&oacute;s. Tenho a felicidade de participar de um momento &iacute;mpar com a lucidez garantida por Deus e os orix&aacute;s&quot;.

Antes do Okut&aacute; de &Ograve;g&uacute;m, a FGM j&aacute; havia tombado outras duas casas de matriz africana: Ile Aş&eacute; Kal&egrave; Bok&ugrave;n, em Plataforma, e Vodun Kwe To Zo, no Curuzu. A defini&ccedil;&atilde;o foi feita pela Prefeitura, por meio da Funda&ccedil;&atilde;o Greg&oacute;rio de Mattos (FGM).&nbsp;

Iniciando a fala com uma sauda&ccedil;&atilde;o ao orix&aacute; que rege o terreiro, o compositor Carlinhos Brown, oriundo do bairro e frequentador da casa de santo, aproveitou para falar da import&acirc;ncia da resist&ecirc;ncia da cultura negra da Bahia. &quot;N&atilde;o temos que ir pelo caminho dos intolerantes, pois o Brasil foi edificado pelo povo negro, e hoje, com este terceiro tombamento, &eacute; mais uma forma de reerguer toda a dinastia africana que veio para a Bahia e o Brasil. &Eacute; um acerto da Prefeitura. Ent&atilde;o, que todos que verdadeiramente representam este povo sejam sempre respeitados. &Eacute; uma honra fazer parte disso tudo que hoje acontece aqui&quot;.

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REFORMA

Durante o tombamento, o prefeito Bruno Reis (UB) aproveitou a oportunidade para assinar a ordem de servi&ccedil;o que autoriza a reforma e a moderniza&ccedil;&atilde;o do campo de futebol da comunidade. A contrata&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os &eacute; de responsabilidade da Secretaria Municipal de Promo&ccedil;&atilde;o Social, Combate &agrave; Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), e envolve a implanta&ccedil;&atilde;o de grama sint&eacute;tica e manta de embasamento granular. A obra est&aacute; or&ccedil;ada em R$447 mil e tem prazo de conclus&atilde;o de 90 dias.

&quot;Este j&aacute; &eacute; o terceiro terreiro que n&oacute;s tombamos em Salvador, assim como a Pedra de Xang&ocirc;, em Cajazeiras, que &eacute; um s&iacute;mbolo da cultura de matriz africana em Salvador e o grande espa&ccedil;o de enaltecimento desta f&eacute; na cidade&quot;, disse o gestor.

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Quarta-feira &eacute; o dia de Xang&ocirc; e foi nessa ocasi&atilde;o que o Parque da Pedra de Xang&ocirc; foi inaugurado, no bairro de&nbsp;Cajazeiras, em Salvador.

A pedra, sagrada para as comunidades religiosas, foi amea&ccedil;ada nos &uacute;ltimos&nbsp;anos&nbsp;por obras de amplia&ccedil;&atilde;o de uma avenida na regi&atilde;o e, desde ent&atilde;o, foi protegido pela luta das comunidades e entidades de matriz africana.

Todas as lutas deram resultado no compromisso de a Prefeitura&nbsp;consolidar a prote&ccedil;&atilde;o da pedra e criar o Parque Pedra de Xang&ocirc;, como forma de prote&ccedil;&atilde;o definitiva do monumento, que &eacute; roteiro importante de encontros.

O Parque inaugurado hoje tem 67.000m&sup2; e possui sala mutiuso, sanit&aacute;rios, memorial, anfiteatro e estrutura para comercializa&ccedil;&atilde;o de alimentos e artesanatos.

VEJA NA &Iacute;NTEGRA:

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Na sess&atilde;o ordin&aacute;ria desta segunda-feira (14/3) da C&acirc;mara Municipal de Salvador, o secret&aacute;rio municipal da Infraestrutura e Obras P&uacute;blicas (Seinfra), Luiz Carlos, apresentou aos vereadores o projeto da Prefeitura que trata da urbaniza&ccedil;&atilde;o das Dunas do Abaet&eacute;. O secret&aacute;rio &eacute; vereador licenciado. A causa vem causando pol&ecirc;mica desde que ele sugeriu trocar o nome do local para &quot;Monte Santo&quot;, em refer&ecirc;ncia crist&atilde;, gerando atritos com a comunidade do candombl&eacute; que tamb&eacute;m usa o espa&ccedil;o.

LEIA MAIS:&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/linha-de-frente/noticia/politica/pl-que-muda-nome-das-dunas-do-abaete-para-monte-santo-deus-provera-divide-religioes-e-irrita-bruno-reis-mentira-descarada" target="_blank">PL que muda nome das Dunas do Abaet&eacute; para &quot;Monte Santo Deus Prover&aacute;&quot; divide religi&otilde;es e irrita Bruno Reis; &quot;mentira descarada&quot;</a>

LEIA MAIS:&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/linha-de-frente/noticia/cidade/ao-anunciar-obras-nas-dunas-de-itapua-bruno-reis-e-recebido-com-protestos-por-indigenas-e-adeptos-ao-candomble" target="_blank">Ao anunciar obras nas dunas de Itapu&atilde;, Bruno Reis &eacute; recebido com protestos por ind&iacute;genas e adeptos ao candombl&eacute;</a>

De acordo com a Prefeitura, trata-se de uma &ldquo;demanda antiga de representantes de diversas correntes religiosas que utilizam o local para cultos e retiros espirituais&rdquo;. A meta da Prefeitura &eacute; entregar a primeira etapa da obra no final do primeiro semestre deste ano. O projeto est&aacute; sendo executado nas Dunas de Itapu&atilde;, numa dist&acirc;ncia de 1 Km e 100 metros da Lagoa do Abaet&eacute;.

A requalifica&ccedil;&atilde;o prev&ecirc;, de acordo com a Seinfra, &ldquo;dentre outros objetivos, uma ampla urbaniza&ccedil;&atilde;o da &aacute;rea, com instala&ccedil;&atilde;o de toda a infraestrutura necess&aacute;ria para dar suporte aos frequentadores do lugar, proporcionando mais qualidade, conforto e seguran&ccedil;a. A interven&ccedil;&atilde;o foi pensada para que as atividades rotineiras, dentre elas as religiosas, ocorram em plena conson&acirc;ncia com a natureza, de modo a preservar as caracter&iacute;sticas originais do local. Al&eacute;m disso, ser&aacute; instalado na regi&atilde;o um receptivo para dar suporte aos visitantes com informa&ccedil;&otilde;es sobre o monte, e fazendo campanhas educativas de preserva&ccedil;&atilde;o do meio ambiente&rdquo;. N&atilde;o h&aacute; nenhum adendo, entretando, que justifique as pr&aacute;ticas de apenas um tipo de religi&atilde;o.

O secret&aacute;rio Luiz Carlos avaliou que o projeto tem duas premissas e uma delas &eacute; a preserva&ccedil;&atilde;o da natureza, atrav&eacute;s de orienta&ccedil;&otilde;es com esse cunho ambiental. &ldquo;A outra &eacute; a dignidade humana. H&aacute; um n&iacute;vel de visita&ccedil;&atilde;o naquele local de cerca de 5.000 pessoas por semana. E n&atilde;o h&aacute; sequer um banheiro para as pessoas utilizarem&rdquo;, disse.&nbsp;

Sobre a pol&ecirc;mica, ele se defendeu: &ldquo;o nome Monte Santo n&atilde;o faz refer&ecirc;ncia a nenhuma religi&atilde;o e sim ao sagrado&rdquo;, pontuou o secret&aacute;rio.&nbsp;

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A Pedra de Xang&ocirc;, monumento sagrado para as religi&otilde;es de matrizes africanas localizado na comunidade de Cajazeiras em Salvador, sedia, no pr&oacute;ximo s&aacute;bado (10/7) a primeira cerim&ocirc;nia de casamento religioso afro-brasileiro de que se tem not&iacute;cia realizada no local. O casal receber&aacute; as b&ecirc;n&ccedil;&atilde;os por meio das m&atilde;os de Tata Mut&aacute; Im&ecirc;, sacerdote de na&ccedil;&atilde;o Angola, a partir das 13h30. A cerim&ocirc;nia contar&aacute; com a presen&ccedil;a de sacerdotes e sacerdotisas do Candombl&eacute;.

O noivo &eacute; Stefano Diego Borges &quot;Odes&igrave;&quot;, ou seja, vodunsi iniciado para o Vodun Od&eacute;. Ele &eacute; diretor do projeto Capoeira T&ograve; Z&ograve;, que tem como objetivo tirar as crian&ccedil;as e jovens da regi&atilde;o das ruas e apresent&aacute;-los &agrave; capoeira, a fim de us&aacute;-la como base para suas forma&ccedil;&otilde;es e empoderamento.

A noiva &eacute; Sinay Almeida, Gayaku, m&atilde;e de santo do Terreiro Vodun Kwe T&ograve; Z&ograve; de na&ccedil;&atilde;o Jeje. Gayaku Sinay, al&eacute;m de sacerdotisa do grupo GT da Pedra de Xang&ocirc;, &eacute; instrumentadora cir&uacute;rgica e ativista de movimentos sociais e ambientais. Ela faz parte do n&uacute;cleo da UBM (Uni&atilde;o Brasileira de Mulheres) da regi&atilde;o de Cajazeiras.

O casal se conhece h&aacute; aproximadamente 25 anos. Come&ccedil;aram o namoro quando adolescentes, mas, por alguns motivos se separaram e, nesse &iacute;nterim constitu&iacute;ram outras fam&iacute;lias. Depois de nove anos se reencontraram e est&atilde;o juntos desde ent&atilde;o. Ambos s&atilde;o do Candombl&eacute; de Na&ccedil;&atilde;o Jeje e receber&atilde;o as b&ecirc;n&ccedil;&atilde;os da Pedra de Xang&ocirc;.

&ldquo;&Eacute; um amor que temos desde a adolesc&ecirc;ncia, depois de muitos desencontros nos reencontramos e vamos reafirmar e celebrar nossa uni&atilde;o. A Pedra de Xang&ocirc; foi escolhida como cen&aacute;rio, sob a devo&ccedil;&atilde;o e o amor que temos a Sogb&ograve; [Divindade Fon equivalente a Xang&ocirc;]. A escolha do sacerdote tem como base a hierarquia e tem o objetivo de representar a uni&atilde;o entre as na&ccedil;&otilde;es em prol do patrim&ocirc;nio comum&rdquo;, esclarece o noivo.

&ldquo;Eu cresci ouvindo que o que &eacute; do homem o bicho n&atilde;o come. N&oacute;s passamos muito tempo separados e, depois de alguns anos, Oya nos reaproximou. Ent&atilde;o, nada mais justo do que celebrar esse reencontro, essa reaproxima&ccedil;&atilde;o e a resist&ecirc;ncia desse amor, pedindo as b&ecirc;n&ccedil;&atilde;os na Pedra de Xang&ocirc;. Eu que sou filha de Oya e Sogb&ograve;, raspada por um homem de Xang&ocirc;, n&atilde;o poderia escolher outro lugar para meu casamento&rdquo;, festeja a noiva.

HIST&Oacute;RIA

Maria Alice Silva, mestra e doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela UFBA, autora do livro Pedra de Xang&ocirc;: um lugar sagrado afro-brasileiro na cidade de Salvador aponta que a realiza&ccedil;&atilde;o do ato religioso na Pedra de Xang&ocirc; ratifica a import&acirc;ncia do monumento para os adeptos das religi&otilde;es de matriz afro-brasileira.

&ldquo;Com a t&atilde;o esperada inaugura&ccedil;&atilde;o do Parque Pedra de Xang&ocirc;, o povo de terreiro, pela primeira vez na hist&oacute;ria, vai poder contar com um equipamento p&uacute;blico onde poder&aacute; realizar suas celebra&ccedil;&otilde;es, sob as b&ecirc;n&ccedil;&atilde;os dos orix&aacute;s, voduns, nkisis, caboclos e encantados. &Eacute; um momento hist&oacute;rico, &uacute;nico, um marco para as comunidades de terreiros na Bahia. Esperamos que muitos casamentos sejam realizados na Pedra de Xang&ocirc;, Nzazi e Sogbo, patrim&ocirc;nio cultural da cidade de Salvador&rdquo;, comemora.

Al&eacute;m do matrim&ocirc;nio, outras celebra&ccedil;&otilde;es j&aacute; est&atilde;o sendo planejadas. Em parceria com o Cart&oacute;rio de Cajazeiras, a plataforma digital Pedra de Xang&ocirc;: For&ccedil;as da Natureza e o terreiro Vodun Kwe T&ograve; Z&ograve; est&atilde;o preparando um casamento coletivo gratuito na Pedra de Xang&ocirc;.

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Para comemorar o Dia de Xang&ocirc;, Nzazi e Sogbo, que, devido ao sincretismo religioso, s&atilde;o celebrados no mesmo dia que S&atilde;o Pedro, a pr&oacute;xima ter&ccedil;a-feira (29/6) ter&aacute; fogueira e celebra&ccedil;&otilde;es. O Grupo de Trabalho Externo de Implanta&ccedil;&atilde;o do Parque Pedra de Xang&ocirc;, em parceria com as comunidades de terreiros de Cajazeiras e adjac&ecirc;ncias realizar&aacute; a 1&ordf; Fogueira na Pedra de Xang&ocirc;.

O evento acontece a partir das 9h e ser&aacute; transmitido atrav&eacute;s dos &nbsp;perfis do Instagram: @pedra.de.xango, @canticos_doorum, @williamdeoxala1616 e ile_ase_oba_paleomon. A iniciativa &eacute; do Il&ecirc; Ax&eacute; Pal&egrave;omon, liderado pelo babalorix&aacute; Josias Santos, de Cajazeias XI, e conta com o apoio e participa&ccedil;&atilde;o dos seguintes terreiros: Il&ecirc; Ax&eacute; Oxaluf&atilde;, Il&ecirc; Ax&eacute; Tumbi Od&eacute;, Il&ecirc; Ax&eacute; Lodemim, Mutalombo Y&ecirc; Kaiongo, Il&ecirc; As&eacute; Ob&aacute; B&aacute;b&agrave; Ser&egrave;, Il&ecirc; As&eacute; Ob&aacute; B&aacute;b&agrave; UluFan Ala, Il&ecirc; Ax&eacute; Lodemim, Il&ecirc; Unz&oacute; katulande de Unzambe, Vodun kwe T&ograve; Z&ograve;, Il&ecirc; Ax&eacute; Od&eacute; Aty Ya R&egrave;, Il&ecirc; As&eacute; Op&oacute; Bab&aacute; Obatal&aacute; Demi, Centro Esp&iacute;rita Raio de Luz.

MITOLOGIA

No m&ecirc;s de &nbsp;junho, os terreiros de candombl&eacute; comemoram a fogueira de Xang&ocirc;, o orix&aacute; da pedreira, do fogo, trov&otilde;es, raios e da justi&ccedil;a. Segundo uma das mitologias iorubanas, Oy&oacute;, cidade m&iacute;tica de Xang&ocirc;, come&ccedil;ou a passar por s&eacute;rios problemas e Xang&ocirc; veio a descobrir que seu pai Oxal&aacute;, o Orix&aacute; Funfu, esteve preso em uma de suas pris&otilde;es por sete anos.

Ap&oacute;s libertar seu pai, que estava muito machucado, Xang&ocirc; pede a Air&aacute; para acompanh&aacute;-lo at&eacute; a cidade de If&eacute;. No trajeto, Oxal&aacute; sente muito frio e Air&aacute; pede para fazerem uma grande fogueira para aquec&ecirc;-lo, enquanto conta hist&oacute;rias de Oy&oacute; para amenizar suas dores. Air&aacute; se tornar&aacute; o grande companheiro de Oxal&aacute; durante a viagem e por isso ele pede que a cada ano se fa&ccedil;a uma grande fogueira em homenagem a Air&aacute;.

Os negros escravizados, ao chegar em terras brasileiras, utilizaram a festa do dia de S&atilde;o Pedro como uma data para homenagear Air&aacute;, que aqui passa a ser uma qualidade de Xang&ocirc;. A fogueira na Pedra de Xang&ocirc; &eacute; mais uma forma de reverenciar o Orix&aacute; junto ao seu grande Ot&aacute; (pedra), fortalecendo a rede de terreiros em defesa desse patrim&ocirc;nio cultural afro-brasileiro.

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