Um dos principais líderes de facção criminosa do tráfico de drogas com atuação na capital baiana foi alvo, na manhã desta quarta-feira (28/8), da “Operação Comando". O suspeito, que chefiava o tráfico nos bairros do Calabar e Alto das Pombas, foi transferido do Conjunto Penal Masculino de Salvador para o presídio de segurança máxima de Serrinha.

Em maio deste ano, operação realizada no Conjunto Penal de Salvador encontrou com o suspeito porções de maconha e cocaína, além de apreender dois chips de celular na cela do transferido. As investigações apontam que, mesmo encarcerado no presídio, o homem conseguia dar ordens para que o tráfico continuasse acontecendo nas regiões sob o seu comando.

Ainda conforme apurado pelo Ministério Público do Estado da Bahia , o grupo comandado por internos do sistema penitenciário da Bahia atuou em crimes contra o patrimônio praticados na orla de Salvador, tendo como vítimas turistas e moradores de bairros nobres. Os suspeitos se valiam de comparsas em liberdade para a prática dos delitos.

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Um policial militar da Bahia &eacute; suspeito de comandar, de dentro do Batalh&atilde;o prisional da corpora&ccedil;&atilde;o, o sequestro e extors&atilde;o de um grande e conhecido empres&aacute;rio do munic&iacute;pio de Pojuca, na Regi&atilde;o Metropolitana de Salvador.

Um documento obtido com exclusividade pela reportagem do Aratu On aponta que o soldado Lenilson Santos Costa foi transferido para o pres&iacute;dio de Serrinha, de seguran&ccedil;a m&aacute;xima, depois de o Tribunal de Justi&ccedil;a entender, no dia 7 de abril, que ele desempenhou &quot;fun&ccedil;&atilde;o de lideran&ccedil;a ou participou de forma relevante em organiza&ccedil;&atilde;o criminosa&quot;.&nbsp;

A v&iacute;tima &eacute; o empres&aacute;rio do ramo supermercadista Marcelo Costa Trinch&atilde;o. Segundo Boletim de Ocorr&ecirc;ncia registrado na Delegacia Territorial de Pojuca, no dia 10 de fevereiro, ele estava na frente de um restaurante no Centro da cidade quando foi surpreendido por homens armados que estavam a bordo de um ve&iacute;culo, modelo Palio.

Em seguida, a fam&iacute;lia Trinch&atilde;o come&ccedil;ou a receber amea&ccedil;as via telefone, seguidas de extors&otilde;es, que chegavam ao&nbsp;valor de R$ 1 milh&atilde;o. N&atilde;o h&aacute; informa&ccedil;&otilde;es se alguma quantia foi paga aos bandidos, mas, at&eacute; a publica&ccedil;&atilde;o desta reportagem, o empres&aacute;rio n&atilde;o tinha sido localizado pelas for&ccedil;as de seguran&ccedil;a.&nbsp;

De acordo com a decis&atilde;o que autorizou&nbsp;a transfer&ecirc;ncia de Lenilson do Batalh&atilde;o de Choque - unidade em Lauro de Freitas que abriga os PMs&nbsp;presos -, o recolhimento do soldado em &quot;estabelecimento prisional, que n&atilde;o seja de seguran&ccedil;a m&aacute;xima, poder&aacute; implicar risco &agrave; sociedade, j&aacute; que, pelo relat&oacute;rio de intelig&ecirc;ncia policial, mesmo recolhido em c&aacute;rcere sob a responsabilidade da Pol&iacute;cia Militar,&nbsp;o indigitado utilizou aparelho de telefonia m&oacute;vel para servir de instrumento &agrave; consuma&ccedil;&atilde;o do crime que vitimou Marcelo&quot;. O texto foi assinado pelo juiz Sandraque Oliveira Rios.&nbsp;

O magistrado observou ainda que um dos investigados presos, suspeito de ter participado do crime, C&iacute;cero dos Santos, informou ter sido &quot;contratado por Lenilson a fim de operar a execu&ccedil;&atilde;o material do sequestro e extors&atilde;o do empres&aacute;rio&quot;. A Justi&ccedil;a relatou que, ap&oacute;s solicita&ccedil;&atilde;o, foi encontrado um celular na cela do soldado. O dispositivo que roteou a liga&ccedil;&atilde;o do sequestrador era vinculado ao e-mail do PM.&nbsp;

&quot;Afinal, se dentro da unidade prisional, Lenilson ainda possui condi&ccedil;&otilde;es de receber telefone celular e articular pr&aacute;ticas criminosas, somente um estabelecimento prisional de seguran&ccedil;a m&aacute;xima poder&aacute; cessar a reitera&ccedil;&atilde;o delitiva&quot;, sustentou Sandraque Oliveira Rios. Informa&ccedil;&otilde;es obtidas pelo Aratu On junto &agrave; fontes da Secretaria da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica confirmaram&nbsp;que o suspeito j&aacute; foi transferido para o munic&iacute;pio de Serrinha.&nbsp;

OUTROS CRIMES&nbsp;

Lenilson era lotado na 32&ordf; Companhia Independente de Pol&iacute;cia Militar, que tem sede em Pojuca. Em julho de 2020,<a href="https://aratuon.com.br/noticia/geral/soldado-da-pm-deixa-arma-cair-durante-roubo-e-identificado-e-preso-na-bahia" target="_blank"> a SSP apurou que um grupo de sete policiais da unidade estava envolvido em v&aacute;rios crimes, como extors&atilde;o mediante sequestro e roubo</a>. Eles foram descobertos ap&oacute;s um &quot;deslize&quot; do pr&oacute;prio Lenilson durante uma das a&ccedil;&otilde;es, ocorrida no munic&iacute;pio de Igapor&atilde;, a 683 km de Salvador.&nbsp;

Os investigadores descobriram que um im&oacute;vel foi invadido por homens fardados que diziam cumprir mandado judicial.&nbsp;Ap&oacute;s subtra&iacute;rem R$ 5 mil, celulares e joias, os criminosos sa&iacute;ram e deixaram cair uma pistola calibre 40, pertencente a Lenilson. No mesmo dia o militar foi preso.&nbsp;

Diante do caso, as Corregedorias Geral e da PM aprofundaram as investiga&ccedil;&otilde;es e descobriram ind&iacute;cios de participa&ccedil;&otilde;es de outros militares. Informa&ccedil;&otilde;es preliminares apontam que o grupo, em alguns casos, usava fardas rajadas (conhecidas popularmente como Caatinga) e invadia locais usados por traficantes para sequestrar criminosos ou parentes.

No m&ecirc;s de outubro, a per&iacute;cia realizada na pistola encontrada em Igapor&atilde; apontou que Lenilson participou da morte do colega de farda, Victor dos Reis Pereira, no dia 12 de outubro de 2018, durante uma emboscada. As investiga&ccedil;&otilde;es sustentaram que a v&iacute;tima foi executada com balas de&nbsp;outra arma, mas alguns estojos encontrados na cena do homic&iacute;dio pertenciam ao soldado preso. A pol&iacute;cia suspeita que os dois tinham uma rixa.&nbsp;

Por conta dos crimes, que foram levados em considera&ccedil;&atilde;o para autoriza&ccedil;&atilde;o de transfer&ecirc;ncia de pres&iacute;dio, o soldado da 32&ordf; CIPM estava preso e responde a todos os processos.

A reportagem do Aratu On tentou contato com sua defesa, mas sem sucesso. Tamb&eacute;m foram pedidos esclarecimentos &agrave; Pol&iacute;cia Militar da Bahia, que n&atilde;o deu detalhes acerca das apura&ccedil;&otilde;es. A assessoria da SSP contou que o sequestro de Trinch&atilde;o est&aacute; sendo acompanhado pelo Departanento de Repress&atilde;o e Combate ao Crime Organizado (Draco), com apoio das Corregedorias da PM e Pol&iacute;cia Civil.&nbsp;

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