A Sociedade Brasileira de Imuniza&ccedil;&otilde;es (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiram, nesta ter&ccedil;a-feira&nbsp;(13/7) uma nota t&eacute;cnica conjunta em que se posicionam contra a decis&atilde;o de reduzir de 12 para oito semanas o intervalo entre as doses das vacinas Oxford/AstraZeneca e Pfizer. A nota se contrap&otilde;e &agrave; decis&atilde;o de estados e munic&iacute;pios que tomaram a decis&atilde;o como resposta &agrave; chegada da variante Delta ao pa&iacute;s.

As duas sociedades m&eacute;dicas defendem que &quot;o n&uacute;mero de mortes e hospitaliza&ccedil;&otilde;es que ser&atilde;o evitadas caso mais pessoas recebam a primeira dose, em especial em um cen&aacute;rio de estoques de vacinas limitados, supera substancialmente os eventuais preju&iacute;zos acarretados pelo prazo estendido&quot;.

A segunda dose das vacinas Pfizer e AstraZeneca no Brasil tem sido aplicada com intervalo de 12 semanas em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; primeira. A bula da AstraZeneca prev&ecirc; que o prazo pode ser de quatro a 12 semanas, enquanto a da Pfizer recomenda o intervalo de ao menos 21 dias.

Para atingir o maior n&uacute;mero de vacinados com a primeira dose de forma mais r&aacute;pida, pa&iacute;ses como o Brasil e o Reino Unido adotaram o prazo de 12 semanas para ambas. O Canad&aacute; estendeu esse prazo at&eacute; quatro meses para a vacina da Pfizer, enquanto Fran&ccedil;a e Alemanha adotaram seis semanas de intervalo.

A chegada da variante Delta ao Brasil e a possibilidade de ela se espalhar rapidamente, por&eacute;m, levou alguns estados a reduzirem o intervalo para oito semanas, buscando completar de forma mais c&eacute;lere o esquema vacinal das pessoas que j&aacute; receberam a primeira dose. O estado do Rio de Janeiro foi um dos que adotou essa recomenda&ccedil;&atilde;o para a vacina AstraZeneca, anunciada hoje pelo governador, Cl&aacute;udio Castro. A capital fluminense, por&eacute;m, optou por manter o intervalo em 12 semanas.

A SBIm e a SBP refor&ccedil;am que a decis&atilde;o de estender o prazo at&eacute; 12 semanas conta com o apoio da Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS), que recomenda que os pa&iacute;ses com alta incid&ecirc;ncia de casos e restri&ccedil;&otilde;es no acesso &agrave; vacina se concentrem em alcan&ccedil;ar a maior cobertura poss&iacute;vel com a primeira dose.

&quot;&Eacute; evidente que, num cen&aacute;rio em que n&atilde;o houvesse estoque limitado de doses, a estrat&eacute;gia de postergar a segunda dose das vacinas poderia ser reavaliada, no entanto, infelizmente, este n&atilde;o &eacute; o caso do Brasil e de muitos outros pa&iacute;ses neste momento&quot;, diz a nota.

As sociedades m&eacute;dicas apresentam estudos realizados na Esc&oacute;cia, na Inglaterra e no Canad&aacute;, que mostram que a primeira dose dessas duas vacinas j&aacute; teve impacto nas hospitaliza&ccedil;&otilde;es e mortes por Covid-19.

Na Esc&oacute;cia, a primeira dose da AstraZeneca teve efetividade de 88% contra hospitaliza&ccedil;&otilde;es, enquanto a da Pfizer, de 91%, ambas observadas 34 dias ap&oacute;s a aplica&ccedil;&atilde;o. No Canad&aacute;, o estudo citado mostra ainda que a efetividade da primeira dose da Oxford/AstraZeneca contra hospitaliza&ccedil;&otilde;es ou mortes causadas pela variante Delta chegou a 88%, enquanto a da Pfizer, a 78%. J&aacute; na Inglaterra, pesquisadores identificaram que, tr&ecirc;s semanas ap&oacute;s a primeira dose dessas vacinas, adultos infectados com o SARS-CoV-2 tiveram menos chances de transmitir o v&iacute;rus para seus contatos domiciliares.

Apesar das pondera&ccedil;&otilde;es, a SBIm e a SBP refor&ccedil;am a import&acirc;ncia da segunda dose e seu &quot;inequ&iacute;voco benef&iacute;cio&quot; na prote&ccedil;&atilde;o contra a covid-19. A nota reconhece que seria desej&aacute;vel oferecer a prote&ccedil;&atilde;o adicional conferida pela segunda dose poucas semanas ap&oacute;s a primeira dose e recomenda a ado&ccedil;&atilde;o de mecanismos para aumentar a ades&atilde;o &agrave; segunda aplica&ccedil;&atilde;o, como agendamento, busca ativa e registros eletr&ocirc;nicos.

&quot;Do ponto de vista program&aacute;tico e de sa&uacute;de p&uacute;blica, a decis&atilde;o da extens&atilde;o do intervalo entre as doses, em cen&aacute;rios de escassez de vacinas, tem como motivador a antecipa&ccedil;&atilde;o da prote&ccedil;&atilde;o de maior parcela da popula&ccedil;&atilde;o e consequente redu&ccedil;&atilde;o das mortes, hospitaliza&ccedil;&otilde;es e morbidade associada a esta doen&ccedil;a. Os modelos de impacto e efetividade dessa estrat&eacute;gia demonstram benef&iacute;cios associados &agrave; extens&atilde;o do intervalo da vacina&ccedil;&atilde;o em todos os cen&aacute;rios avaliados&quot;, recomenda as sociedades m&eacute;dicas.

FIOCRUZ

A Funda&ccedil;&atilde;o Oswaldo Cruz (Fiocruz) se pronunciou, por meio de nota em sua p&aacute;gina na internet, sobre o prazo de aplica&ccedil;&atilde;o da segunda dose, ressaltando que a imuniza&ccedil;&atilde;o ap&oacute;s 12 semanas garante maior cobertura vacinal &agrave; popula&ccedil;&atilde;o.

&ldquo;A respeito da redu&ccedil;&atilde;o no intervalo entre as doses da vacina produzida pela Fiocruz (AstraZeneca), a funda&ccedil;&atilde;o esclarece que o intervalo de 12 semanas entre as duas doses recomendado pela Fiocruz e pela AstraZeneca considera dados que demonstram uma prote&ccedil;&atilde;o significativa j&aacute; com a primeira dose e a produ&ccedil;&atilde;o de uma resposta imunol&oacute;gica ainda mais robusta quando aplicado o intervalo maior. Adicionalmente, o regime de 12 semanas permite ainda acelerar a campanha de vacina&ccedil;&atilde;o, garantindo a prote&ccedil;&atilde;o de um maior n&uacute;mero de pessoas&rdquo;, disse a Fiocruz.

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Nota técnica de sociedades médicas contrapõe estados e municípios que reduziram intervalo entre doses de vacinas contra Covid-19