A Bahia tem dimens&otilde;es continentais e de relev&acirc;ncia estrat&eacute;gica no Nordeste, enfrentando um cen&aacute;rio de grandes desafios quanto ao tema infraestrutura. Apesar dos avan&ccedil;os em mobilidade urbana, energia e integra&ccedil;&atilde;o log&iacute;stica, al&eacute;m das iniciativas socioambientais, ainda persistem gargalos que comprometem a competitividade econ&ocirc;mica, a equidade territorial e a qualidade de vida da popula&ccedil;&atilde;o.&nbsp;
<h3 style="text-align: justify;">&Aacute;reas com maior d&eacute;ficit de infraestrutura</h3>
Segundo a an&aacute;lise do especialista em arquitetura e urbanismo, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo Ormindo, os maiores entraves est&atilde;o no transporte ferrovi&aacute;rio e portu&aacute;rio. De acordo com o urbanista, a Ferrovia Centro-Atl&acirc;ntica n&atilde;o recebeu investimentos adequados, deixando cidades como Cachoeira e S&atilde;o F&eacute;lix com opera&ccedil;&otilde;es ferrovi&aacute;rias ultrapassadas, que cruzam &aacute;reas urbanas de forma lenta e perigosa.&nbsp;
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/147bfcfe-81f6-4afe-8f15-5ba0016ccb65.webp?width=800&amp;height=400" alt="Ferrovia Centro-Atl&acirc;ntica atravessa &aacute;reas urbanas de forma lenta e perigosa, refletindo a falta de investimentos em infraestrutura ferrovi&aacute;ria no interior da Bahia/Foto: Reprodu&ccedil;&atilde;o">
O outro gargalo est&aacute; nos postos. O Porto de Salvador, por exemplo, carece de articula&ccedil;&atilde;o ferrovi&aacute;ria, o que limita sua efici&ecirc;ncia log&iacute;stica. J&aacute; os portos como o de Aratu e o Temadre, especializados em combust&iacute;veis, t&ecirc;m restri&ccedil;&otilde;es de calado que impedem a atraca&ccedil;&atilde;o de grandes navios. Esse bloqueio log&iacute;stico for&ccedil;a a produ&ccedil;&atilde;o agr&iacute;cola baiana a escoar por outros estados: 50% da soja vai pelo Maranh&atilde;o ou pelo Sudeste, enquanto 73% das frutas do Vale do S&atilde;o Francisco seguem pelo Cear&aacute; e pelo Rio Grande do Norte.&nbsp;
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/a3bd6af0-6398-4aa0-b69b-aa52cc8e82dc.jpg?width=800&amp;height=400" alt="Porto de Salvador carece de integra&ccedil;&atilde;o ferrovi&aacute;ria, limitando a efici&ecirc;ncia log&iacute;stica e o escoamento da produ&ccedil;&atilde;o agr&iacute;cola estadual/Foto: Reprodu&ccedil;&atilde;o&nbsp;">
Al&eacute;m disso, projetos como a Fiol (Ferrovia de Integra&ccedil;&atilde;o Oeste-Leste), essenciais para o escoamento da safra do oeste baiano, seguem lentos e marcados por entraves financeiros, colocando a Bahia em desvantagem frente a estados vizinhos.
<h3 style="text-align: justify;">Burocracia, licenciamento e entraves log&iacute;sticos</h3>
Outro obst&aacute;culo relevante &eacute; a burocracia. &Oacute;rg&atilde;os que antes atuavam como planejadores, como a Conder e o antigo Derba, foram transformados em estruturas voltadas &agrave; licita&ccedil;&atilde;o do que ao planejamento estrat&eacute;gico. Isso resultou em obras fragmentadas, muitas vezes redundantes, como a sobreposi&ccedil;&atilde;o do BRT e do metr&ocirc; em Salvador.&nbsp;
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/f0e2bf48-6947-488e-84f6-38fea854d2b8.webp?width=800&amp;height=400" alt="Portos especializados em combust&iacute;veis enfrentam restri&ccedil;&otilde;es de calado, impedindo a atraca&ccedil;&atilde;o de grandes navios e dificultando a competitividade log&iacute;stica/Foto: Reprodu&ccedil;&atilde;o&nbsp;">
Ormindo destaca que a falta de continuidade administrativa agrava o problema: cada governo troca equipes e reformula prioridades, interrompendo projetos de longo prazo. Esse modelo gera iniciativas &ldquo;irreais&rdquo;, como a<a href="https://aratuon.com.br/infraestrutura/sem-atraso-consorcio-mantem-conclusao-da-ponte-salvador-itaparica-para-2031" target="_blank" rel="noopener"> Ponte Salvador-Itaparica, que acumula d&eacute;cadas de promessas sem sair do papel</a>. O projeto, considerado grandioso, carece de estudos ambientais e socioecon&ocirc;micos consistentes e pode at&eacute; aumentar a concentra&ccedil;&atilde;o de investimentos em Salvador, em vez de distribu&iacute;-los.
<h3 style="text-align: justify;">Diferen&ccedil;a entre regi&otilde;es metropolitanas e interior</h3>
A desigualdade territorial &eacute; outro ponto sens&iacute;vel. A Regi&atilde;o Metropolitana de Salvador (RMS) responde por 45% do PIB baiano, sendo que 60% dessa riqueza est&aacute; concentrada na capital. Essa centraliza&ccedil;&atilde;o cria um &ldquo;efeito buraco negro&rdquo;, como descreve Ormindo, em que investimentos, ind&uacute;strias e servi&ccedil;os se concentram em Salvador e drenam oportunidades do interior.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/fd1f7b35-ed00-4bf4-b71b-b2bc915bae3b.jpg?width=800&amp;height=400" alt="Trechos rodovi&aacute;rios prec&aacute;rios dificultam o transporte de mercadorias e impactam o desenvolvimento do interior baiano/Foto: Reprodu&ccedil;&atilde;o&nbsp;">
Enquanto cidades como Feira de Santana, Juazeiro e Barreiras demonstram potencial de expans&atilde;o, sofrem com falta de conectividade ferrovi&aacute;ria, portu&aacute;ria e at&eacute; de &aacute;gua, j&aacute; que a Bahia tem apenas 13 grandes a&ccedil;udes, contra 243 no Cear&aacute;. <a href="https://aratuon.com.br/infraestrutura/novo-sistema-levara-agua-para-sete-cidades-do-sertao-baiano" target="_blank" rel="noopener">O Canal do Sert&atilde;o Baiano, projeto que poderia beneficiar 44 munic&iacute;pios com abastecimento h&iacute;drico, segue apenas no papel</a>.
Essa desigualdade se reflete tamb&eacute;m na monocultura do turismo e do carnaval em Salvador, que, embora relevantes para a economia, ofuscam investimentos em setores industriais e agr&iacute;colas do interior.
<h3>A import&acirc;ncia do planejamento territorial</h3>
A car&ecirc;ncia de planejamento estruturado &eacute; uma das causas mais apontadas para os atrasos. Planos diretores urbanos, como os PDDUs de Salvador, muitas vezes refletem mais interesses imobili&aacute;rios do que diretrizes t&eacute;cnicas de longo prazo.
Projetos de mobilidade como o metr&ocirc; avan&ccedil;aram, mas ainda s&atilde;o insuficientes: bairros perif&eacute;ricos de Salvador continuam isolados, enquanto o BRT &eacute; subutilizado e criticado por sua redund&acirc;ncia. Tentativas de implementar novos modais, como o VLT, esbarram na inadequa&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica e no risco de se tornarem obsoletos em pouco tempo.
De acordo com Ormindo, o estado carece de uma pol&iacute;tica de planejamento territorial estruturada e permanente: &ldquo;Planos como o PDI Bahia 2050 e o PDUI poderiam oferecer uma vis&atilde;o de futuro, mas faltam equipes t&eacute;cnicas e continuidade para garantir sua execu&ccedil;&atilde;o&rdquo;.
<h3 style="text-align: justify;">Iniciativas para supera&ccedil;&atilde;o dos gargalos</h3>
Apesar das cr&iacute;ticas, algumas iniciativas apontam para caminhos de melhoria. <a href="https://aratuon.com.br/cidade/bahia-anuncia-expansao-do-metro-ate-campo-grande-por-r-2-1-bilhoes" target="_blank" rel="noopener">A expans&atilde;o do metr&ocirc; at&eacute; Campo Grande</a>, por exemplo, &eacute; considerada uma obra de impacto positivo e relativamente barata, capaz de integrar bairros centrais de Salvador.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/1f952f37-9f73-4fba-8052-be9a6ef7ad20.jpg?width=800&amp;height=400" alt="Projetos de energia renov&aacute;vel no semi&aacute;rido t&ecirc;m potencial de reduzir desigualdades regionais se integrados a pol&iacute;ticas de infraestrutura e log&iacute;stica/Foto: Reprodu&ccedil;&atilde;o">
<a href="https://aratuon.com.br/economia/byd-apresenta-seu-primeiro-carro-100-eletrico-brasileiro-em-camacari" target="_blank" rel="noopener">Na &aacute;rea industrial, h&aacute; expectativa de retomada com a chegada de novas montadoras, como a chinesa BYD</a>, ap&oacute;s a sa&iacute;da da Ford. No setor portu&aacute;rio, discute-se a revitaliza&ccedil;&atilde;o do Porto de Ilh&eacute;us e a ativa&ccedil;&atilde;o do Terminal Sul da Fiol, ainda em compasso de espera.
Al&eacute;m disso, projetos de irriga&ccedil;&atilde;o e energia renov&aacute;vel no semi&aacute;rido, como parques e&oacute;licos e solares, t&ecirc;m potencial de reduzir desigualdades regionais, se forem integrados a pol&iacute;ticas de infraestrutura e log&iacute;stica.
<h3 style="text-align: justify;">Infraestrutura da Bahia: veja o que j&aacute; foi feito e o que falta fazer</h3>
A Bahia j&aacute; conquistou avan&ccedil;os, como a instala&ccedil;&atilde;o do polo petroqu&iacute;mico de Cama&ccedil;ari, a moderniza&ccedil;&atilde;o de trechos rodovi&aacute;rios e a<a href="https://aratuon.com.br/transito-transporte/como-funciona-o-metro-de-salvador-veja-horarios-estacoes-e-integracoes" target="_blank" rel="noopener"> consolida&ccedil;&atilde;o do metr&ocirc; de Salvador</a> como refer&ecirc;ncia no Nordeste. Contudo, permanece o desafio de diversificar investimentos e levar desenvolvimento ao interior.
Faltam a&ccedil;&otilde;es estruturantes para superar gargalos hist&oacute;ricos: ampliar o n&uacute;mero de reservat&oacute;rios de &aacute;gua, modernizar ferrovias, expandir portos de calado profundo e integrar planos de mobilidade urbana com a realidade da popula&ccedil;&atilde;o.
Em s&iacute;ntese, os desafios da infraestrutura na Bahia passam por gargalos log&iacute;sticos, excesso de burocracia e forte desigualdade regional. A supera&ccedil;&atilde;o desses obst&aacute;culos depende de um planejamento territorial consistente, investimentos de longo prazo e maior equil&iacute;brio entre Salvador e o interior. Sem isso, o estado corre o risco de manter-se prisioneiro de uma infraestrutura fragmentada e desigual.
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Um dia ap&oacute;s presen&ccedil;a do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Lu&iacute;s Eduardo Magalh&atilde;es, cidade situada a 965 km de Salvador e principal reduto bolsonarista na Bahia, o governador do estado, Rui Costa (PT), desembarcou nesta quarta-feira (1/6) na cidade para abertura da Bahia Farm Show.

Em entrevista a r&aacute;dios da regi&atilde;o, o petista fez acenos ao setor agr&iacute;cola, setor no qual, tradicionalmente, Bolsonaro concentra mais for&ccedil;a pol&iacute;tica. Rui pregou uni&atilde;o entre pequenos e grandes produtores, enalteceu a import&acirc;ncia do setor para a economia, e pregou o uso da ci&ecirc;ncia e da tecnologia para fortalecer o segmento.&nbsp;

&quot;A ignor&acirc;ncia o n&atilde;o-trabalho n&atilde;o leva ningu&eacute;m a lugar nenhum. O emprego e a renda nos principais locais do mundo, hoje, est&atilde;o sendo disputados palmo a palmo com uso de educa&ccedil;&atilde;o, pesquisa e ci&ecirc;ncia. Quem fica com a maior renda &eacute; quem investe nisto&quot;, afirmou, ironizando as posturas negacionistas de Bolsonaro e seus aliados.

Para o governador, &eacute; fundamental que haja compartilhamento de a&ccedil;&otilde;es, tecnologia e conhecimento. &quot;Aqui eu reitero a nossa compreens&atilde;o de que muita gente Brasil afora e, nesse pa&iacute;s, hoje, faz apologia &agrave; ignor&acirc;ncia, &agrave; nega&ccedil;&atilde;o da ci&ecirc;ncia e &aacute; polariza&ccedil;&atilde;o. Eu prego justamente o contr&aacute;rio&quot;, acrescentou.

Ao lado do seu pr&eacute;-candidato a governador, Jer&ocirc;nimo Rodrigues (PT), o atual chefe do Pal&aacute;cio de Ondina anunciou flexibiliza&ccedil;&atilde;o de restri&ccedil;&otilde;es para a irriga&ccedil;&atilde;o.&nbsp;

&quot;Ap&oacute;s estudos, como eu vinha me comprometido, hoje a gente anuncia que a Secretaria de Meio Ambiente vai adotar novos par&acirc;metros no tocante &agrave; irriga&ccedil;&atilde;o, permitindo maior flexibilidade e maior volume do uso da &aacute;gua para irriga&ccedil;&atilde;o, inclusive com maior flexibilidade com rela&ccedil;&atilde;o a distanciamento de po&ccedil;os&quot;, declarou.

De acordo com aviso de pauta divulgado pela Secretaria de Comunica&ccedil;&atilde;o (Secom), al&eacute;m da Bahia Farm Show, Rui vai inaugurar o N&uacute;cleo Especializado de Atendimento &agrave; Mulher (Neam), resultado de parceria entre a Secretaria de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica e a Prefeitura do munic&iacute;pio. Ele tamb&eacute;m vai assinar ordem de servi&ccedil;o para obras de amplia&ccedil;&atilde;o e melhorias do Sistema de Abastecimento de &Aacute;gua de Lu&iacute;s Eduardo Magalh&atilde;es. O governador ainda autoriza, no in&iacute;cio da tarde, &nbsp;o in&iacute;cio da constru&ccedil;&atilde;o de nova unidade escolar para sediar o Col&eacute;gio Estadual Mimoso do Oeste.

Na &uacute;ltima ter&ccedil;a-feira (31/5),<a href="https://aratuon.com.br/linha-de-frente/noticia/politica/bolsonaro-visita-seu-principal-reduto-eleitoral-na-bahia-em-ato-para-fortalecer-campanha-de-joao-roma" target="_blank"> Bolsonaro desembarcou na regi&atilde;o para fazer palanque para seu nome para o Governo do Estado, Jo&atilde;o Roma (PL)</a>, que vem enfrentando dificuldades para crescer nas pesquisas de inten&ccedil;&atilde;o de voto.

O presidente realizou uma motociata, discursou para apoiadores e tamb&eacute;m fez acenos para o setor agr&iacute;cola.&nbsp;

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