A identidade do homem executado na terceira hora de 2021 perto da localidade conhecida como Casinhas da Conder, no bairro do Uruguai, em Salvador, n&atilde;o foi localizada para sequer saber o nome daquela v&iacute;tima. Sem&nbsp;documento, o rapaz, de trajet&oacute;ria final violenta, teria sua hist&oacute;ria confundida, sem mesmo que soubesse, com o in&iacute;cio de ano mais sangrento dos &uacute;ltimos seis anos&nbsp;na capital baiana. Os n&uacute;meros foram levantados pelo Aratu On com dados consolidados (2016 a&nbsp;2020) e ainda em atualiza&ccedil;&atilde;o (2021) da Secretaria da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica da Bahia.&nbsp;

Os n&uacute;meros mostram&nbsp;que foram 477 v&iacute;timas de homic&iacute;dios entre&nbsp;janeiro e abril. Somente em 2014, oportunidade em que a Copa do Mundo aconteceu em Salvador, &eacute; que havia se matado mais no&nbsp;per&iacute;odo: 541. Desde ent&atilde;o, as estat&iacute;sticas&nbsp;apresentavam&nbsp;oscila&ccedil;&otilde;es, com 433 em 2015 (uma queda de quase 20% em rela&ccedil;&atilde;o ao ano do Mundial); 452 em 2016 (aumento percentual de 4); 456 em 2017 (0,88% a mais); 389 em 2018 (menos 14%); 329 no ano de 2019 (redu&ccedil;&atilde;o de 19%); 408 em 2020 (subida de 24%). A porcentagem entre o ano passado e 2021 foi de 16%.&nbsp;

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Mas o que est&aacute; por tr&aacute;s destes n&uacute;meros? Durante entrevista dada por v&iacute;deo (voc&ecirc; d&aacute; play logo abaixo) ao Aratu On, o professor de estrat&eacute;gia e gest&atilde;o p&uacute;blica do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, Sandro Cabral, argumentou que o problema est&aacute; no que ele chama de &quot;cultura da viol&ecirc;ncia&quot;. &quot;Somos uma sociedade violenta e isso n&atilde;o &eacute; exclusividade da Bahia. Tendemos a usar formas privadas para solucionar conflitos, ao inv&eacute;s de buscar a Justi&ccedil;a&quot;, refor&ccedil;a.&nbsp;

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Ainda de acordo com o especialista, que tamb&eacute;m &eacute; professor licenciado da Escola de Administra&ccedil;&atilde;o da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a troca for&ccedil;ada no comando da Secretaria da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica no final de 2020 n&atilde;o teve liga&ccedil;&atilde;o direta com o aumento dos homic&iacute;dios.&nbsp;

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At&eacute; dezembro, <a href="https://aratuon.com.br/noticia/geral/afastado-mauricio-barbosa-completaria-10-anos-a-frente-da-ssp-em-janeiro-periodo-e-o-maior-do-brasil" target="_blank">a SSP&nbsp;era chefiada por Maur&iacute;cio Barbosa, que esteve no cargo desde janeiro de 2011</a>, durante o ent&atilde;o governo Jaques Wagner (PT). O delegado da Pol&iacute;cia Federal, por&eacute;m, foi afastado das atividades por suspeita de envolvimento no suposto esquema de venda de decis&otilde;es no Tribunal de Justi&ccedil;a da Bahia (TJBA), com o envolvimento de desembargadores e outras figuras do direito. A a&ccedil;&atilde;o foi batizada de &quot;Faroeste&quot;.&nbsp;

No mesmo m&ecirc;s, <a href="https://aratuon.com.br/noticia/geral/juiz-federal-aposentado-ricardo-mandarino-e-o-novo-secretario-de-seguranca-publica-da-bahia" target="_blank">o juiz federal aposentado Ricardo Mandarino assumiu a SSP</a>, junto com o novo comandante-geral da Pol&iacute;cia Militar, coronel Paulo Coutinho, e a delegada-chefe da Pol&iacute;cia Civil, Helo&iacute;sa Brito. Eles substitu&iacute;ram o coronel Anselmo Brand&atilde;o e Bernardino Brito, respectivamente. Nestes cinco meses, diversas &quot;dan&ccedil;as das cadeiras&quot; foram realizadas nas duas corpora&ccedil;&otilde;es. Alguns nomes, como o do coronel Humberto Sturaro, foram aposentados.&nbsp;

AS GUERRAS

Junto com a escalada dos homic&iacute;dios, outra preocupa&ccedil;&atilde;o dos moradores &eacute; com o constante confronto entre bandidos de fac&ccedil;&otilde;es diferentes. Os tiroteios, que t&ecirc;m se intensificado nos &uacute;ltimos meses, por exemplo, nos bairros do Engenho Velho da Federa&ccedil;&atilde;o, <a href="https://aratuon.com.br/policia/noticia/cidade/tiroteios-promovidos-pela-guerra-entre-faccoes-criminosas-assustam-moradores-do-castelo-branco" target="_blank">Castelo Branco</a> e <a href="https://aratuon.com.br/policia/noticia/geral/guerra-de-faccoes-no-suburbio-amedronta-moradores-e-ameaca-policiais-vamos-meter-uma-granada-na-base-de-seguranca" target="_blank">parte do Sub&uacute;rbio Ferrovi&aacute;rio</a>, acontecem sempre durante a noite e s&atilde;o registrados em v&iacute;deos e &aacute;udios por quem, de dentro de casa, acaba testemunhando uma barulhenta guerra.&nbsp;

&quot;H&aacute; uma grande possibilidade que alian&ccedil;as entre fac&ccedil;&otilde;es ocorram [...] S&atilde;o duas for&ccedil;as que se juntam. Isso &eacute; da literatura de alian&ccedil;a entre organiza&ccedil;&otilde;es. Voc&ecirc; tem compet&ecirc;ncias complementares ali [...] Juntos, conseguem fazer um produto maior, atendendo os interesses. Dentro disso, a competi&ccedil;&atilde;o nesse caso a&iacute; &eacute; mediada pelo uso da for&ccedil;a e ocupa&ccedil;&atilde;o de territ&oacute;rio, ocupando posi&ccedil;&otilde;es. Isso acarreta na sensa&ccedil;&atilde;o de inseguran&ccedil;a&quot;, pontua Sandro Cabral.&nbsp;

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O Engenho Velho da Federa&ccedil;&atilde;o, em abril, <a href="https://aratuon.com.br/policia/noticia/cidade/mais-uma-mulher-e-executada-a-tiros-na-baixa-da-egua-federacao-vive-dias-de-confronto-entre-faccoes" target="_blank">se tornou um dos bairros mais violentos de Salvador, justamente por conta dessa briga de fac&ccedil;&otilde;es</a>. Somente no quarto m&ecirc;s do ano, diversos tiroteios foram testemunhados e cinco pessoas acabaram executadas, al&eacute;m de um ferido. Diversas opera&ccedil;&otilde;es foram realizadas pela Secretaria da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, envolvendo at&eacute; unidades da PM que n&atilde;o trabalham na regi&atilde;o, mas ningu&eacute;m foi preso.&nbsp;

OS PONTOS

O que fazer para tentar resolver o problema da viol&ecirc;ncia? Voc&ecirc; viu na&nbsp;conversa em v&iacute;deo que o professor elencou alguns pontos, que destacamos abaixo:&nbsp;

- Maior entrosamento entre as for&ccedil;as policiais para troca de informa&ccedil;&otilde;es; 
- Enfrentamento da circula&ccedil;&atilde;o de armas; 
- Combater a cultura da viol&ecirc;ncia;&nbsp; 
- Pol&iacute;ticas p&uacute;blicas complementares.&nbsp;

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