Neste domingo (11) &eacute; celebrado o marco de um dos principais ritmos de m&uacute;sica do mundo: o reggae. O 11 de maio foi reservado para exaltar o movimento oriundo da Jamaica e foi definido em homenagem &agrave; morte do principal expoente do g&ecirc;nero: Bob Marley. Em Salvador, contudo, a data toma contornos de protesto, pois a Pra&ccedil;a do Reggae, est&aacute; h&aacute; 14 anos abandonada no Largo do Pelourinho, cora&ccedil;&atilde;o do Centro Hist&oacute;rico da capital.
Criado em 1999, o equipamento apresenta sinais de degrada&ccedil;&atilde;o desde 2011. O espa&ccedil;o passar&aacute; mais um Dia do Reggae como dep&oacute;sito de lixo e dejetos humanos. Segundo relatos de comerciantes da regi&atilde;o, ouvidos pelo Aratu On, a &aacute;rea precisou ser lacrada, inclusive, para coibir a entrada de usu&aacute;rios de drogas e de pessoas que descartavam entulho.
Apesar da situa&ccedil;&atilde;o, o Instituto do Patrim&ocirc;nio Art&iacute;stico e Cultural da Bahia (Ipac) assegura que avan&ccedil;a no processo para requalifica&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o, ap&oacute;s <a href="https://aratuon.com.br/cidade/consulta-publica-propoe-novo-projeto-para-praca-do-reggae" target="_blank" rel="noopener">encerramento de uma consulta p&uacute;blica</a>, realizada entre 28 de mar&ccedil;o e 11 de abril, para ouvir a comunidade sobre o projeto de requalifica&ccedil;&atilde;o da Pra&ccedil;a do Reggae.
Segundo o Ipac, a iniciativa recebeu 167 respostas de frequentadores, artistas, moradores e admiradores da cultura reggae, e serve como &ldquo;baliza para o projeto de requalifica&ccedil;&atilde;o&rdquo;,<a href="https://aratuon.com.br/geral/ipac-anuncia-empresa-que-vai-elaborar-projeto-de-requalificacao-da-praca-do-reggae" target="_blank" rel="noopener"> elaborado pela empresa Land5 Arquitetura e Urbanismo</a>. O empreendimento foi contratado em novembro do ano passado, com valor de R$ 159,5 mil. O v&iacute;nculo tem validade de seis meses e se encerra em 11 de junho e, por isto, conforme o instituto, ainda n&atilde;o h&aacute; defini&ccedil;&atilde;o or&ccedil;ament&aacute;ria, embora a institui&ccedil;&atilde;o atue na capta&ccedil;&atilde;o de recursos para a obra.
Este processo, contudo, &eacute; realizado, ao menos, pela segunda vez. Em 2023, houve promessa de requalifica&ccedil;&atilde;o da Pra&ccedil;a do Reggae. O contrato chegou a ser firmado entre Ipac e uma empresa, mas o v&iacute;nculo foi rescindido unilateralmente, em abril de 2024.
Enquanto a reforma n&atilde;o &eacute; realizada, comerciantes e moradores s&atilde;o un&acirc;nimes: o espa&ccedil;o &eacute; necess&aacute;rio para o Pelourinho. Propriet&aacute;rios de empreendimentos ouvidos pela reportagem, em condi&ccedil;&atilde;o de anonimato, relatam que o espa&ccedil;o viveu durante anos com a marginalidade. Lacrado para acesso do p&uacute;blico, virou ambiente para descarte de lixo e ac&uacute;mulo de sujeira, mato e insetos.
<h2>Veja fotos e v&iacute;deos da situa&ccedil;&atilde;o da Pra&ccedil;a do Reggae<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/8e11ef6a-f858-492b-84e9-dfd1423b0473.jpeg?width=4032&amp;height=3024" alt="Pra&ccedil;a do Reggae est&aacute; em ru&iacute;nas | Foto: Matheus Caldas/Aratu On"><img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/3d497b4a-ec55-43b6-a2ee-ac30ee7390da.jpeg?width=4032&amp;height=3024" alt="Port&otilde;es da Pra&ccedil;a do Reggae foram lacrados para coibir entrada de v&acirc;ndalos | Foto: Matheus Caldas/Aratu On"></h2>
<video controls="controls" width="300" height="150"><source src="https://adm.aratuon.com.br/assets/2a4cd5e1-1662-413e-b6cc-8fae4bce8845" type="video/mp4"></video><video controls="controls" width="300" height="150"><source src="https://adm.aratuon.com.br/assets/8e4f61eb-a830-4f68-8939-0eb017ffe669" type="video/mp4"></video>
<a href="https://aratuon.com.br/verao/jeremias-gomes-o-reggae-sempre-esteve-pronto-para-integrar-grandes-festivais" target="_blank" rel="noopener">+ Jeremias Gomes: "O reggae sempre esteve pronto para integrar grandes festivais"</a>
<h2>Amantes do reggae pedem retorno da pra&ccedil;a</h2>
Neste s&aacute;bado (10), artistas, produtores culturais, entusiastas do reggae se juntaram numa caminhada, no Pelourinho, para pedir a revitaliza&ccedil;&atilde;o da pra&ccedil;a.
Um dos organizadores da manifesta&ccedil;&atilde;o &eacute; o empres&aacute;rio Wilson dos Santos Silva, 65. Ele &eacute; dono h&aacute; quase 25 anos do bar Cravo Rastafari, espa&ccedil;o de homenagem ao reggae. Segundo ele, o movimento une grupos de reggae de Salvador para &ldquo;tocar no cora&ccedil;&atilde;o do Ipac&rdquo;. &ldquo;A gente pede que a pra&ccedil;a reabra para a gente fazer o que gostamos muito, que &eacute; a cultura do reggae&rdquo;, conta, em entrevista ao Aratu On.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/c77f9be7-8f92-44cf-b972-a48669fc2217.jpeg?width=4032&amp;height=3024" alt="Dono do bar Cravo Rastafari, no Pelourinho, pede retorno da Pra&ccedil;a do Reggae | Foto: Matheus Caldas/Aratu On">
Ele relembra que, na pra&ccedil;a, houve apresenta&ccedil;&otilde;es de artistas renomados, como Edson Gomes, Ad&atilde;o Negro, Gregory Isaacs e Alpha Brondy. &ldquo;Tinha muita ades&atilde;o e a galera vinha mesmo. A gente convidava e os caras vinham tocar. Vamos ver se temos nosso ponto cultural de volta, para a gente voltar &agrave; nossa atividade e gerar empregos&rdquo;, pede.
Para Wilson, &eacute; &ldquo;um absurdo&rdquo; o equipamento estar fechado h&aacute; 14 anos. &ldquo;Em pleno cora&ccedil;&atilde;o do Pelourinho, essa pra&ccedil;a estar fechada. Vamos nos mobilizar para ver se chamamos a aten&ccedil;&atilde;o do governo&rdquo;.
<h3>Pra&ccedil;a do Reggae foi motivo de reportagens na TV Aratu. Assista:</h3>
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<h2>Hist&oacute;ria da Pra&ccedil;a do Reggae</h2>
Idealizada como um espa&ccedil;o de celebra&ccedil;&atilde;o e resist&ecirc;ncia, a pra&ccedil;a abrigava shows de artistas renomados como Gregory Isaacs, Edson Gomes, Sine Calmon, Lazzo Matumbi e bandas como Ad&atilde;o Negro, atraindo multid&otilde;es e fortalecendo a cena reggae local.
Antes da cria&ccedil;&atilde;o da pra&ccedil;a, o reggae j&aacute; pulsava nas ruas do Pelourinho, especialmente nos bares Cravinho Rastafari e Bar do Reggae, fundado por Albino Apolin&aacute;rio, em 1981. Esses espa&ccedil;os foram fundamentais para a difus&atilde;o do g&ecirc;nero e para a forma&ccedil;&atilde;o de uma comunidade que via no reggae uma forma de express&atilde;o cultural e pol&iacute;tica.
O nome "Pra&ccedil;a do Reggae" foi oficializado em 1996, durante o governo de Paulo Souto, por meio de uma proposta apresentada por l&iacute;deres do movimento reggae e aprovada na Assembleia Legislativa da Bahia. A homenagem teve como objetivo reconhecer a import&acirc;ncia do espa&ccedil;o para a difus&atilde;o do reggae na capital baiana, especialmente no Pelourinho.
Durante o per&iacute;odo de funcionamento, a Pra&ccedil;a do Reggae chegou a receber shows com mais de 1,5 mil pessoas.&nbsp;
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/967c71f6-7a27-45da-af12-b4c180ad1773.jpeg?width=4032&amp;height=3024" alt="Pelourinho &eacute; cora&ccedil;&atilde;o do reggae em Salvador | Foto: Matheus Caldas/Aratu On">
<h2>Dados da consulta p&uacute;blica do Ipac</h2>
De acordo com o levantamento, 65,2% dos participantes frequentam o Pelourinho pelo menos uma vez ao m&ecirc;s, e 90,9% consideram a Pra&ccedil;a do Reggae um espa&ccedil;o de refer&ecirc;ncia cultural que deve ser preservado. Entre as principais sugest&otilde;es para a requalifica&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o est&atilde;o:
&bull; &nbsp; &nbsp;Instala&ccedil;&atilde;o de um palco fixo para apresenta&ccedil;&otilde;es musicais (indicada por 75% dos respondentes);
&bull; &nbsp; &nbsp;Cria&ccedil;&atilde;o de &aacute;reas de conviv&ecirc;ncia e descanso (68,4%);
&bull; &nbsp; &nbsp;Disponibiliza&ccedil;&atilde;o de sanit&aacute;rios p&uacute;blicos (63,6%);
&bull; &nbsp; &nbsp;Melhoria na ilumina&ccedil;&atilde;o para maior seguran&ccedil;a no per&iacute;odo noturno (58,8%);
&bull; &nbsp; &nbsp;Cobertura para prote&ccedil;&atilde;o contra sol e chuva durante eventos (53,5%).
Al&eacute;m disso, 82,4% dos participantes manifestaram interesse em que o espa&ccedil;o promova atividades culturais regulares, como shows de reggae, feiras de artesanato, rodas de conversa e oficinas culturais.
A consulta tamb&eacute;m revelou que:
&bull; &nbsp; &nbsp;57,8% dos respondentes consideram importante a inclus&atilde;o de uma &aacute;rea de gastronomia voltada para a cultura jamaicana e baiana;
&bull; &nbsp; &nbsp;44,9% sugeriram que a pra&ccedil;a receba interven&ccedil;&otilde;es art&iacute;sticas permanentes, como murais, esculturas e pain&eacute;is que celebrem o reggae

Foi anunciada nesta sexta-feira (8/11), no Diário Oficial do Estado, a empresa escolhida para elaborar o projeto de requalificação da Praça do Reggae, localizada no Centro Histórico de Salvador. Com investimento superior a R$ 150 mil, a iniciativa é promovida pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).

Segundo o diretor-geral do IPAC, Marcelo Lemos, a seleção da empresa responsável representa um avanço importante no compromisso do Governo do Estado com a preservação do patrimônio cultural baiano.

“Este é um passo fundamental para a requalificação da Praça do Reggae. O projeto visa preservar as características originais do local, ao mesmo tempo que promove melhorias para a comunidade, a classe artística e os visitantes”, afirmou Lemos.

A empresa contratada, Land5 Arquitetura e Urbanismo LTDA, terá um prazo de até 180 dias para concluir o projeto executivo. Após essa fase, será realizada uma nova licitação para escolher a empresa que executará as obras de requalificação.

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